O aluno acusado de agredir um colega autista dentro da Escola Santo Tomás de Aquino, no bairro São Bento, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, foi afastado das aulas na instituição de ensino. Em nota, a escola informa ainda que o diretor foi afastado da condução do caso, que é acompanhada pela direção geral do colégio.
O caso ganhou repercussão na sexta-feira (4/11), quando a mãe da vítima publicou vídeos denunciando as agressões.
Em contato com a reportagem do Estado de Minas, neste domingo (6/11), porém, Diva Pimenta Magalhães preferiu não se manifestar sobre a punição imposta ao agressor e o afastamento do diretor. Ela contou que o filho tem apresentado crises constantes de choro e que a família prefere se resguardar nesse momento.
Agressões e boletim de ocorrência
Na sexta-feira, a mãe registrou um boletim de ocorrência denunciando as agressões sofridas pelo filho e o descaso da escola em relação ao caso. Segundo ela, o menino que é autista já vinha passando por casos de bullying e agressões por alguns alunos ao longo deste ano.
No mesmo dia houve uma reunião entre a direção do colégio e a mãe, que afirmou ter saído do encontro esperançosa de uma solução para o conflito.
A vítima, que tem menos de 14 anos, foi, durante a troca das aulas, derrubada e agredida com um golpe de 'mata leão', de acordo com o registro na delegacia. A agressão terminou após pedidos da professora que deu a aula seguinte. Durante o intervalo, o mesmo jovem aproveitou que o menino estava deitado em sua carteira e jogou água na cabeça dele. Foi quando um auxiliar da escola percebeu que o filho de Diva estava em crise no chão da sala e o encaminhou para a enfermaria, ainda segundo o boletim.
Ao longo do ano o estudante já havia reclamado de uma série de agressões por parte dos colegas, entre elas chutes na canela, tapas, cuspidas e outras humilhações.
"Enquanto a escola não expulsar esse aluno, ele não retorna. Ele não tem condições emocionais de retornar. Ele teve várias crises de pânico durante o dia hoje", comentou a mãe, na sexta-feira.
Terapeuta responsável pelo acompanhamento do filho afirmou que ele está com estresse pós-traumático e ansiedade generalizada, afirmou Diva.
O deputado estadual professor Wendel Mesquita publicou em suas redes sociais que a escola será chamada a prestar esclarecimentos à Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Meu repúdio ao episódio de séria agressão ao estudante autista em uma escola particular de Belo Horizonte. A instituição de ensino será chamada a prestar esclarecimentos à Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da ALMG.
%u2014 Professor Wendel Mesquita (@WendelProfessor) November 4, 2022
Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que apura o ocorrido. “Nos próximos dias, os envolvidos serão ouvidos para prestar esclarecimentos. Mais informações serão repassadas em momento oportuno para não atrapalhar os trabalhos investigativos.”
Veja a nota da Escola Santo Tomás de Aquino na íntegra:
A Escola Santo Tomás de Aquino esclarece que o diretor da instituição foi afastado da condução do caso, que passou a ser acompanhado pela direção geral do colégio.
A escola reforça sua consternação e solidariedade com o aluno e seus familiares. O aluno autor da ação foi afastado das aulas, segundo um plano alinhado com sua família e após o cumprimento dos trâmites processuais que passam pela apuração dos fatos e o acionamento do Conselho Tutelar.
É importante destacar que a instituição tem como política o acompanhamento de cada um dos alunos neurodiversos, por meio de um Plano de Desenvolvimento Individual. O aluno neurodiverso envolvido no conflito retornará à sua rotina escolar com o acompanhamento de um profissional qualificado e contará com o acolhimento de toda a equipe, de acordo com um plano detalhado em parceria com a família.
Por fim, a Santo Tomás de Aquino reforça que repudia qualquer tipo de agressão ou violência e, ao longo dos seus 68 anos, sempre teve a reputação de acolher e incluir alunos diversos, com a convicção de que a escola deve ser um ambiente para todos. A escola assume, com amor e profissionalismo, os desafios inerentes à inclusão, sem fazer distinção ou escolhas na admissão dos seus alunos e reafirma seu compromisso de continuar lutando diariamente para realizar esta missão.