Jornal Estado de Minas

Morte do ex-ator

Pastor Márcio Valadão sobre Guilherme Pádua: 'Era uma lagarta'

O velório do ex-ator Guilherme de Pádua reuniu centenas de fiéis e familiares em um dos salões da Igreja Batista da Lagoinha, na Região Noroeste de Belo Horizonte, nesta segunda-feira (7/11). Por volta de 13h30, o caixão com o corpo dele saiu do templo em direção ao cemitério Parque da Colina, zona Oeste da capital, sob aplausos.





Guilherme de Pádua morreu de infarto na noite desse domingo (6/11). Durante a cerimônia, o pastor Márcio Valadão, líder da igreja, conduziu um culto em homenagem ao ex-ator, condenado por matar a atriz Daniela Perez em 1992. Desde 2017, Guilherme de Pádua era pastor na Lagoinha e comandava um departamento, o Recomeço, que lida com ex-presidiários.

Após a celebração, Márcio Valadão, em entrevista ao Estado de Minas, disse que Pádua "experimentou um momento muito triste quando estava longe do evangelho". "Quando ele praticou o crime horrendo ele era uma lagarta. Não tinha Deus na vida, não tinha convertido ainda. A vida dele era aquela vida", complementou o religioso, comparando a trajetória do ex-ator ao de uma lagarta.

"Toda borboleta era uma lagarta, que rasteja, vive dentro do casulo. O que Jesus veio trazer foi uma nova oportunidade para o homem, perdoando os nossos pecados. Quando a pessoa se converte, ela dá uma guinada na vida, passa de lagarta para borboleta", disse. O líder da Igreja Batista da Lagoinha comentou, ainda, que o ex-ator foi julgado, condenado e cumpriu a pena dele. "Teve um dia que ele (Guilherme) experimentou aquilo que Jesus chama de novo nascimento", completou Márcio Valadão.





"Guilherme, depois que ele converteu, aquele estigma que ele tinha, de ter feito aquela situação mais horrível que fez, ele cumpriu a pena, mas aquele estigma continuava e continuou até o dia da sua morte".

Guilherme de Pádua na Lagoinha

Agora pastor, Guilherme de Pádua estava à frente de um departamento de assistência a pessoas que foram presas. De acordo com Márcio Valadão, o ministério tem oito casas que abrigam os ex-presidiários, que também são encaminhados para emprego. "Se não dá apoio, eles voltam (para o crime)", disse.

Pessoas que eram lideradas pelo ex-ator fizeram homenagens durante o velório e destacaram o acolhimento recebido pela direção das casas. Um dos participantes classificou Guilherme como amoroso e engajado na recuperação de detentos. De acordo com o depoimento, Pádua auxiliava os participantes com moradia, alimentação e incentivo para mudança de vida. "Ele chegou a pagar um curso do próprio bolso para mim", disse um dos fiéis, que afirmou ter deixado o crime para se dedicar à confeitaria.
 
Familiares de Guilherme, como a esposa dele, Juliana Lacerda, também falaram sobre o ex-ator. Segundo ela, o casal tinha um casamento "abençoado por Jesus" e que os projetos do marido nas cadeias "não iriam morrer".

Um dos irmãos de Pádua afirmou que, em seu último encontro com com o ex-ator, ele demonstrou angústia sobre "como seria sua morte".De acordo com o familiar, Guilherme temia não ter uma morte tranquila. Em seguida, ele foi até o caixão e destacou o sorriso do ex-ator. "Você venceu", disse.