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Estado de Minas DESMANTELAMENTO

MG: Conselho de Política Ambiental sofre renúncia coletiva

Conselheiros de sete entidades de proteção ao meio ambiente que participavam do Copam e do Cerh denunciaram desmantelamento da política ambiental


17/11/2022 17:29 - atualizado 17/11/2022 18:44

Marco do Iphan do perímetro tombado da Serra do Curral.
Entre os motivos para a renúncia, são citadas ações que fragmentaram ou desmantelaram a política ambiental (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Sete conselheiros de fóruns de fiscalização e deliberação da política ambiental em Minas Gerais renunciaram seus mandatos com duras críticas ao governo estadual. Eles ocupavam todas as cadeiras indicadas para associações de proteção ao meio ambiente.
 
 
As associações, que participavam do Copam, do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Cerh) e nas suas comissões, denunciaram que os órgãos se tornaram palco de legitimação das decisões autocráticas do governo de Minas Gerais em meio a um abandono das metas de proteção ambiental.

Dalce Ricas, superintendente da Amda e membro do Copam, lamentou o ocorrido. “Temos convicção de que conselhos deliberativos com participação da sociedade civil são pilares da verdadeira democracia. Mas o Poder Executivo em Minas transformou o Copam/Cerh em teatros e não podemos mais legitimar isso”, disse.

Renúncia


Entre os motivos para a renúncia, são citadas ações que fragmentaram ou desmantelaram a política ambiental já existente e que permitiram o licenciamento de empreendimentos com grande impacto ambiental sem estudos suficientes e sem as precauções necessárias em relação aos riscos envolvidos.

Entre as ações, estão o desmantelamento da cobrança de compensação ambiental, prevista por lei federal; a falta de ferramentas para avaliação dos impactos de empreendimentos; a não regulamentação nem implementação da Lei Estadual nº 23.291/19, que prevê cobrança de caução para licenciamento de barragens de rejeitos; a outorga de concessão de uso de água para empreendimentos de alto potencial poluidor; e a não criação de novas unidades de conservação e proteção integral nos últimos quatro anos.

A carta aponta ainda que Minas Gerais é campeão no desmatamento do bioma Mata Atlântica por seis anos consecutivos e um dos que mais desmatou o Cerrado nos últimos anos. Enquanto isso, o governo estadual não demonstra qualquer interesse em medidas para impedir esse cenário, como a promoção do “desmatamento zero”, afirmam as entidades.

“Ao mesmo tempo”, diz a carta, o governo “assume internacionalmente metas de redução de emissão de carbono e desmatamento sem consequências práticas”. O executivo estadual está presente nesta semana na COP 27 para apresentação do Plano de Ação Climática de Minas Gerais (PLAC-MG), que promete zerar as emissões de carbono até 2050. Um dos objetivos é a atração de investimentos estrangeiros.

Tratamento desigual


Além dos retrocessos assinalados, a carta denuncia tratamento desigual entre entidades da sociedade civil de defesa do meio ambiente e as empresariais. As primeiras são, por decreto, proibidas de reeleger seus conselheiros. E um novo regimento do Cerh exige que os conselheiros de associações de proteção ao meio ambiente sejam escolhidos pelo próprio governo, a partir de uma lista tríplice.

“Estaremos prontos para voltar e dialogar por meio dos Conselhos, com o poder público e a iniciativa privada, quando o Governo exercer de fato o princípio acima enunciado, respeitando princípios constitucionais de isonomia, cidadania, moralidade, pluralismo político e impessoalidade, e sobretudo a capacidade de dialogar e compreender que a sociedade é mais diversa do que setores corporativistas”, conclui a carta.

Assinam a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Associação para a Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro, Associação Pró Pouso Alegre (Appa), Espeleogrupo Pains (EPA), Fundação Relictos de Apoio ao Parque do Rio Doce, Instituto Guaicuy e Movimento Verde de Paracatu (Mover).

A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) foi questionada pela reportagem do Estado de Minas, mas não respondeu até o momento.

* Estagiário sob supervisão do subeditor Thiago Prata


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