Jornal Estado de Minas

REVITALIZAÇÃO

Especialistas pedem que obra na Afonso Pena seja discutida com a população

O Conselho de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte enviou à Superintendência de Mobilidade da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) uma carta solicitando uma apresentação pública do projeto de revitalização da Avenida Afonso Pena. O texto encaminhado nesta sexta-feira (18/11) propõe que a administração municipal discuta o plano de trabalho com a população e os representantes técnicos do grupo. 





Na carta, os participantes do conselho afirmam que o processo que ainda está em fase de consulta pública apresenta uma série de pontos que “merecem ser discutidos com a cidade”.

“Aspectos importantes do desenho do projeto parecem merecer uma avaliação coletiva. As supressões de árvores, a redução de calçadas e complexificação das travessias prejudicam sobremaneira os pedestres, que são o elo mais frágil entre os atores do trânsito”, explica o grupo na carta enviada para a PBH. . 

Ao Estado de Minas, o professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Roberto Andrés afirmou que entre as questões que devem ser apontadas está a mobilidade de pedestres. 

Ainda de acordo com Andrés, o Executivo ainda não respondeu à solicitação, mas o grupo entende que a proposta será aceita. “Acreditamos que o pedido será bem recebido pela prefeitura, já que é de interesse de todos que o projeto avance e seja aplicado”, disse. 




 

Nova Afonso Pena?

A revitalização da avenida, principal eixo do centro de Belo Horizonte, foi anunciada em agosto pela prefeitura da capital e esbarra na preservação do patrimônio histórico e da vegetação urbana. Na última terça-feira (16/11), o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural se reuniria para definir os rumos da proposta, mas o tema não entrou na pauta e foi adiado para o dia 30 deste mês. 

Idealizado pela BHTrans, o projeto prevê a alteração da geometria dos quarteirões fechados e calçadas dos cruzamentos da Afonso Pena com as avenidas do Contorno, Getúlio Vargas e Brasil. As intervenções envolvem, especialmente, a remoção de árvores e criação de trechos de passagem de veículos e travessia de pedestres.

A questão é que, para implantá-las, é necessária uma diminuição na área de praça desses quarteirões. A Diretoria de Patrimônio Cultural e Arquivo Público (DPCA), órgão responsável pela implementação e gestão da política de proteção aos bens culturais, chegou a solicitar uma revisão da proposta, porém a BHTrans insiste na manutenção do projeto original.





Mobilidade

Ao todo, serão 4,2 quilômetros de intervenções na Afonso Pena, partindo da Praça Rio Branco, mais conhecida como Praça da Rodoviária, no Centro, até a Praça da Bandeira, no Bairro Serra, Região Centro-Sul. O projeto envolve intervenções paisagísticas e melhorias na travessia de pedestres, além de criação de ciclovias sobre o asfalto e parte no canteiro central. A proposta também busca diminuir o tempo das viagens do transporte coletivo, por meio da implantação de faixas exclusivas, da alteração de sentido de algumas vias e da diminuição do tempo de espera em alguns sinais.
 
A PBH não detalha como seria a operação das faixas exclusivas para ônibus – com potencial de forte impacto para a circulação de veículos e pedestres –, sob o argumento de que o projeto ainda está em andamento.
 
O custo estimado das obras é de cerca de R$ 20 milhões. A expectativa é de que o projeto seja iniciado ainda neste ano, com prazo de execução de até dez meses. A prefeitura já adiantou que a tradicional Feira de Artes e Artesanato, montada todo domingo na Afonso Pena, será preservada.