A influenciadora Katiuscia Torres Soares, de 34 anos, conhecida como Kat Torres ou Kat A Luz, está presa no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte. A informação foi confirmada pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de Minas Gerais.
Ainda de acordo com a Sejusp, a influencer deu entrada no complexo penitenciário no último sábado (19/11) em virtude de mandado de prisão preventiva.
A ordem de prisão preventiva (sem prazo) foi decretada pela 5ª Vara Federal de São Paulo. Ela foi presa por suspeita de manter pessoas em condições análogas à escravidão nos Estados Unidos, entre outros possíveis crimes. O caso está em segredo de Justiça.
Entenda o caso
Kat Torres é influenciadora digital e diz ser guru espiritual. Ela começou a ser investigada depois que parentes e amigos passaram a procurar uma jovem levada para os Estados Unidos para morar com ela. A suposta vítima deletou as redes sociais e aplicativos de mensagens e interrompeu todo contato com a família.
O caso originou um boletim de ocorrência por suspeita de tráfico humano e uma campanha nas redes sociais. Outros relatos semelhantes foram divulgados em uma página na internet e reunidos pela advogada Gladys Pacheco, que representa cerca de 15 pessoas que se apresentam como vítimas de Kat Torres, inclusive a jovem procurada pela família.
"Entre outras coisas, ela pedia dinheiro para resolver, de forma milagrosa e secreta, os problemas dessas vítimas", explica Pacheco, que diz que os supostos atos da influencer podem configurar tráfico de pessoas, tortura, redução a condição análoga à de escravo, favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual, extorsão religiosa e charlatanismo.
Segundo a advogada, os casos foram enviados para o Ministério Público Federal, que analisa se apresentará denúncia. À reportagem, a Procuradoria declarou que o inquérito está em sigilo e, por isso, não pode divulgar informações.
Kat Torres estava presa nos Estados Unidos desde o dia 2 de novembro, no estado do Maine, por viver ilegalmente no país. Segundo a advogada das vítimas, ela agora está presa em Minas Gerais.
Questionado pela reportagem se houve extradição, o Ministério das Relações Exteriores disse que não pode "fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros".
Em nota, a pasta disse que, "por meio de sua área consular, acompanhou a situação da nacional brasileira, em interlocução com as autoridades norte-americanas competentes, e prestou a assistência cabível à nacional, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local".