Pessoas que estariam envolvidas no atentado a duas escolas de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na madrugada dessa terça-feira (29/11), já foram identificadas pela Polícia Civil de Minas Gerais. A informação foi repassada pela delegada Elisa Moura de Lima, responsável pelo caso, durante reunião da prefeitura da cidade com os órgãos de segurança pública do Estado.
Informações preliminares da investigação que começou ainda ontem dão conta que todos os envolvidos, identificados até o momento, são adolescentes e estudam ou estudaram nas escolas que foram vandalizadas. Até o momento, ninguém foi preso ou apreendido.
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Segundo um funcionário da escola, que preferiu não se identificar, a Polícia Militar foi acionada, mas os militares alegaram não ser possível fazer a perícia do local, uma vez que outras pessoas já tinham entrado na cena.
Já na Escola Municipal Professora Maria Martins, no Bairro Tropical, vidros e câmeras de segurança foram quebradas. A instituição fica a cerca de 5 km do outro alvo de ataques. "Foi só depredação de vidros, não houve referências ao neonazismo na escola Mariazinha, mas ocorreu também o vandalismo", comentou assessora da Secretaria Municipal de Educação de Contagem, Tereza Cristina de Oliveira.
A reunião desta quarta-feira (30/11), com participação de membros do Ministério Público de Minas e representantes das polícias Civil e Militar e Guarda Municipal de Contagem, secretarias de Defesa Social e Procuradoria Geral do Município, teve o objetivo de elaborar ações para conter os ataques e ameaças às escolas da cidade e evitar que se generalizem.
“Ação pontual”
Questionada sobre a disseminação de mais episódios de ataques a escolas não só em Contagem, mas também em todo o estado, principalmente após um adolescente de 16 anos entrar armado em duas escolas da cidade de Aracruz, no Espírito Santo, e matar quatro pessoas, a delegada da Polícia Civil responsável pelo caso de ontem afirmou que a corporação não “teme” que o mesmo aconteça em outras cidades mineiras.
“O atentado em Contagem foi uma ação pontual. As forças de segurança da cidade já estão atuando para cercear qualquer tipo de ação parecida”, afirmou Elisa Moura de Lima.
Mesmo assim, o Ministério Público de Minas afirmou que tem prestado atenção em atos de violência extrema que estão chegando às instituição de ensino, não só de Minas Gerais, mas de todo o país. Por isso, um procedimento administrativo foi instaurado para apurar o que foi chamado de “onda de violência”.
“Tendo em vista esse ataque que aconteceu no Espírito Santo, agora, nós temos que entender essa violência que está acometendo nossas escolas. Temos que verificar as medidas que serão tomadas para evitar que atos como esse voltem acontecer na comunidade escolares”, disse a promotora Ana Paula Dornelas.
Mais segurança
Para prevenir que outros episódios como os das escolas municipais dos bairros Solar da Madeira e Tropical aconteçam em Contagem, a administração municipal afirmou que o policiamento no entorno das instituições de ensino serão reforçados. Além disso, a prefeita Marília Campos (PT) afirmou que, nos próximos 15 dias, câmeras de segurança serão instaladas pela cidade e nas escolas.
“Nós tentaremos agilizar esse processo, mas existe um prazo de 15 dias para a instalação. Nós tentaremos não só garantir uma instalação rápida como também teremos a presença da Guarda Municipal articulada com a Polícia Militar, que já garantiu um reforço no patrulhamento”, afirmou a petista.
A prefeita afirmou que os discursos de ódio e apologia ao nazismo pichados em uma das instituições preocupa mais do que o vandalismo material. Desde o episódio, a Polícia Militar e o Ministério Público farão palestras e reuniões de conscientização com as comunidades escolares.
Mais um episódio
Em Carrancas, no Sul de Minas Gerais, uma professora da Escola Estadual Sara Kubitschek recebeu agressões verbais de uma pessoa que se apresentou como aluna e ameaçou cometer um massacre na instituição, segundo boletim registrado pela Polícia Militar (PM) em 17 de novembro. O caso é investigado pela Polícia Civil (PCMG) e veio à tona após a onda de ataques da última semana.
De acordo com a PM, uma professora da escola recebeu mensagens no Instagram de um perfil que tinha como imagem de identificação o rosto de outra docente da instituição, que foi informada sobre o fato.
Nas mensagens, o autor se apresentava como “a aluna mais inteligente do 7º ano”. Ele chamava a professora de ‘gorda’, ‘puta’ e ‘petista’ e ameaçou cometer um massacre na escola e matá-la com um revólver do pai caso ela fosse trabalhar. O conteúdo da conversa foi impresso e armazenado para compor a investigação.
Em nota, a Polícia Civil informou que equipes estão apurando as circunstâncias e a autoria do crime e, até o momento, não houve prisões. A ocorrência foi finalizada na 9ª Delegacia de Polícia de Itumirim.