Jornal Estado de Minas

CENTRO DE BH

Luta contra a Aids: Pirulito da Praça 7 é coberto com 'camisinha'

O Pirulito da Praça Sete, um marco de Belo Horizonte, foi coberto com um preservativo gigante na manhã desta quinta-feira (1/12), em uma ação da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig) na luta contra a Aids, pelo segundo ano consecutivo. 


Dezembro é conhecido pelo combate à doença e todo 1°/12 é o Dia Mundial de Luta contra a Aids. Segundo a diretora-geral da Aprosmig, Cida Vieira, o ato simbólico é para mostrar a importância da educação sexual.





"Estamos trabalhando no tema devido ao desmonte das campanhas de prevenção de ISTs que nós tivemos, tanto dos órgãos federais, quanto estaduais. Precisamos incentivá-los a passar informações, para que não haja preconceito e estigma da população", diz. 

Segundo a Unaids, cada ano tem um tema específico para conversa, e, em 2022, é 'Equidade já', que pede o fim das desigualdades sociais. "Os portadores têm direito, têm que ser reconhecidos, além de manterem a saúde em dia. Hoje, existem combinações e remédios que ajudam na qualidade de vida. Estamos trabalhando a conscientização da população em geral", destaca. 
A prevenção é importante não só pelo risco de contrair o vírus da Aids, mas também outras doenças sexualmente transmissíveis e pela possibilidade de uma gravidez indesejada. "Sabemos que existe a dificuldade de conversar com alguns parceiros que não aceitam usar o preservativo, mas orientamos as mulheres que também tem a camisinha feminina. As pessoas devem estar cientes da importância do uso, até porque também existe a gravidez indesejada. Devem perder esse tabu e vergonha, pois não é só o HIV e AIDS, também há risco contrair outras ISTs", finaliza Cida. 




Infecção o ano todo

Até o momento, em 2022, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Minas registrou 3.442 novos casos de HIV/Aids, contabilizando 140 óbitos. Desde 2018, mais de 22 mil casos foram notificados com 1.298 mortes. Para o infectologista e professor emérito da Faculdade de Medicina da UFMG Dirceu Greco, é importante lembrar da Aids o ano todo e não apenas em dezembro.

“Na verdade, a infecção ocorre o ano inteiro, a todo tempo. O HIV permanece e não está controlado, ele atinge em torno de 0,5% da população dependendo do lugar, atingindo de maneira desigual, populações mais vulneráveis", reforça Dirceu.

Dados da Secretaria de Municipal de Saúde de Belo Horizonte, mostram que na capital mineira, 165 pessoas foram infectadas com Aids e outras 474 com HIV, em 2022. A prefeitura reforçou que durante todo o ano tem promovido ações voltadas para o atendimento das pessoas que convivem com o vírus, além de disponibilizar testes rápidos e preservativos gratuitos nos 152 centros de saúde da cidade.



Para Dirceu, discutir sexualidade é de extrema importância para mitigar o problema nas parcelas vulneráveis como a população LGBTQIA+, pessoas encarceradas e pessoas em situação de rua. “Ter o conhecimento é muito importante. É preciso fazer uma educação continuada envolvendo a população mais vulnerável”.

O que é Aids?

Segundo o Ministério da Saúde, HIV é a sigla do vírus da imunodeficiência humana. Ele é o causador da Aids, uma doença que ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Diferente de outros vírus, o corpo humano não consegue se livrar do HIV. Isso significa que se contrair, a pessoa viverá com o vírus para sempre.

"Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a Aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas podem transmitir o vírus a outras pessoas pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação, quando não tomam as devidas medidas de prevenção", afirma o MS. 





Dirceu Greco explica que cerca de 15 a 20% das pessoas não sabem que convivem com a HIV, assim um ponto de extrema importância são as políticas públicas em relação ao diagnóstico, já que os tratamentos são eficazes e seguros. “As pessoas não costumam procurar um médico, um clínico. Então nem chega a possibilidade de ir em um profissional e pedir um teste”, diz.

A SES-MG afirma que tem feito um trabalho de distribuição de testes rápidos e para todos os municípios a fim de proporcionar o diagnóstico rápido e precoce, além de distribuir antirretrovirais para as 75 Unidades Dispensadoras de Medicamentos (UDM) e prestar atendimento clínico em 75 Serviços de Atendimento Especializado. 

PreP

Já é de conhecimento geral que a principal maneira de prevenir a infecção por HIV é o uso de preservativo, principalmente camisinha, durante as relações sexuais. No entanto, um outro método que tem se mostrado eficaz é a Profilaxia Pré-Exposição (PreP), que consiste na tomada diária de um comprimido que permite o organismo ser preparado para um contato com o HIV.





O PreP consiste na combinação de dois medicamentos, o tenofovir somado a entricitabina, que bloqueiam alguns “caminhos” para o vírus infectar o organismos. O Ministério da Saúde adverte que o método só tem efeito se a pessoa tomar o medicamento todos os dias. A pasta ainda explica que o método não é para todas as pessoas, sendo indicado para aquelas que possuem maiores riscos de contato com o vírus e em situação de vulnerabilidade.

Dirceu é coordenador de um projeto que estuda às questões de risco ao HIV/Aids em adolescentes em vulnerabilidade social e se é indicada a utilização da PreP por eles. Para o infectologista, o método é ótimo para o contexto brasileiro.

“Em um país em que as pessoas vulneráveis tem dificuldade no acesso ao diagnóstico, tratamento e prevenção, ter em mãos mais um método como o PreP para ajudá-los ainda mais é de extrema importância”, completa o professor.





Ainda não há cura da doença, mas cientistas estudam medicações, tratamentos e vacinas que possam avançar na resposta definitiva para a doença. Em agosto desde ano, médicos anunciaram o 4º caso de cura no mundo, de um homem que vivia com a doença desde a década de 1980 e recebeu um transplante de medula óssea para tratar uma leucemia, e o doador era naturalmente resistente ao vírus.

Assim pega:

  • Sexo vaginal sem camisinha;
  • Sexo anal sem camisinha;
  • Sexo oral sem camisinha;
  • Uso de seringa por mais de uma pessoa;
  • Transfusão de sangue contaminado;
  • Da mãe infectada para seu filho durante a gravidez, no parto e na amamentação;
  • Instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.

Assim não pega:

  • Sexo desde que se use corretamente a camisinha;
  • Masturbação a dois;
  • Beijo no rosto ou na boca;
  • Suor e lágrima;
  • Picada de inseto;
  • Aperto de mão ou abraço;
  • Sabonete/toalha/lençóis;
  • Talheres/copos;
  • Assento de ônibus;
  • Piscina;
  • Banheiro;
  • Doação de sangue;
  • Pelo ar.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Thiago Prata