A população de Macacos pode respirar mais aliviada, pois a barragem B3/B4, da Mina de Mar Azul, da Vale, em Nova Lima, na Grande BH, acaba de ter seu nível de emergência baixado de rompimento iminente, que é o nível 3, para o patamar de "necessita de obras urgentes", o nível 2 do plano de segurança, segundo informou a mineradora nesta sexta-feira (2/12).
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Vale irá tirar 50% dos rejeitos de barragem em Macacos até fim do anoVale reforça segurança nas barragens no período chuvoso Barragem da Vale em Santa Bárbara deixa estado de emergência após obras"O avanço do processo de descaracterização, com a remoção de mais de 50% dos rejeitos do reservatório, proporcionou a melhora das condições de estabilidade do barramento e viabilizou a redução do nível de emergência", informou a empresa.
O trabalho de remoção de rejeitos da B3/B4, principal etapa do processo de descaracterização, é realizado por equipamentos operados remotamente. Os operadores dos tratores, escavadeiras, caminhões e niveladoras ficam em um prédio em Belo Horizonte, fora da área de risco, a 15 quilômetros da barragem. A previsão, considerando o ritmo atual das obras e a estabilidade da estrutura, é de concluir a descaracterização em 2025, dois anos antes do previsto inicialmente.
A redução de nível de emergência da B3/B4 foi comunicada aos órgãos competentes, conforme o Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM), com informações para a Agência Nacional de Mineração (ANM), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e a auditoria técnica que acompanha os trabalhos na estrutura, segundo a empresa.
Apesar da melhoria das condições de estabilidade da barragem, por determinação legal da ANM, a Zona de Autossalvamento (ZAS) da estrutura, agora em nível 2 de emergência, deve permanecer evacuada, não havendo retorno das famílias neste momento. São cerca de 200 pessoas que aguardam e são mantidas por programas assistenciais. A B3/B4 está incluída no Programa de Descaracterização de barragens a montante da empresa.
"As obras são complexas e trazem riscos e, por isso, as soluções são customizadas para cada estrutura, e estão sendo realizadas de forma cautelosa, tendo como prioridade, sempre, a segurança das pessoas, a redução dos riscos e os cuidados com o meio ambiente", informa a Vale.
Desde 2019, segundo a Vale, foram investidos mais de R$ 5 bilhões no Programa de Descaracterização da Vale. Somente neste ano, cinco estruturas foram completamente eliminadas. No total, das 30 que usam o método de construção com alteamentos a montante, 40%, já foram eliminadas, o que equivale a 12 estruturas (nove em Minas Gerais e três no Pará). Todas as barragens a montante da Companhia no Brasil são objeto de avaliação por assessoria técnica independente e integram o Termo de Compromisso assinado em fevereiro deste ano com os Ministérios Públicos Estadual e Federal, Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) e Estado de Minas Gerais.
Em 2022, foram cinco barragens a montante eliminadas e ações levaram à redução de nível de emergência da B3/B4 e garantiram a estabilidade de oito barramentos com a emissão de Declarações de Condição de Estabilidade (DCEs).
A mais recente, em novembro, foi a barragem Porteirinha (Santa Bárbara). Em outubro, as barragens Sul Inferior (Barão de Cocais), B5/MAC (Nova Lima), Marés II (Belo Vale), Santana (Itabira) e o Dique Paracatu (Catas Altas) também saíram de emergência. Em agosto, a barragem Borrachudo II (Itabira) já tinha recebido sua certificação de segurança e, anteriormente, a barragem Elefante (Rio Piracicaba). Todas essas estruturas estão localizadas em Minas Gerais.
"O avanço nas condições de segurança das barragens da Vale é resultado da evolução das medidas implementadas desde 2019, como, por exemplo, o novo sistema de gestão das estruturas de disposição de rejeitos da empresa, direcionado pelos aprendizados com o rompimento da barragem em Brumadinho e pelas melhores e mais rigorosas práticas internacionais, como as definidas no Padrão Global da Indústria para a Gestão de Rejeitos (GISTM, em inglês)", informa a mineradora.
Segundo a empresa, as principais barragens sob sua responsabilidade "são monitoradas 24 horas por dia e sete dias por semana pelos Centros de Monitoramento Geotécnico (CMGs) da empresa, além de receberem inspeções regulares de equipes internas e externas, que agem prontamente quando são necessárias ações preventivas ou corretivas".