Jornal Estado de Minas

DEPOIS DE 3 ANOS

População de Macacos está fora do alto risco, diz mineradora

A população de Macacos pode respirar mais aliviada, pois a barragem B3/B4, da Mina de Mar Azul, da Vale, em Nova Lima, na Grande BH, acaba de ter seu nível de emergência baixado de rompimento iminente, que é o nível 3, para o patamar de "necessita de obras urgentes", o nível 2 do plano de segurança, segundo informou a mineradora nesta sexta-feira (2/12).



A reportagem do Estado de Minas adiantou que esse processo ocorreria no fim do ano, em reportagem de 17 de agosto de 2022.

"O avanço do processo de descaracterização, com a remoção de mais de 50% dos rejeitos do reservatório, proporcionou a melhora das condições de estabilidade do barramento e viabilizou a redução do nível de emergência", informou a empresa.

O trabalho de remoção de rejeitos da B3/B4, principal etapa do processo de descaracterização, é realizado por equipamentos operados remotamente. Os operadores dos tratores, escavadeiras, caminhões e niveladoras ficam em um prédio em Belo Horizonte, fora da área de risco, a 15 quilômetros da barragem. A previsão, considerando o ritmo atual das obras e a estabilidade da estrutura, é de concluir a descaracterização em 2025, dois anos antes do previsto inicialmente.



A redução de nível de emergência da B3/B4 foi comunicada aos órgãos competentes, conforme o Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM), com informações para a Agência Nacional de Mineração (ANM), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e a auditoria técnica que acompanha os trabalhos na estrutura, segundo a empresa.

Apesar da melhoria das condições de estabilidade da barragem, por determinação legal da ANM, a Zona de Autossalvamento (ZAS) da estrutura, agora em nível 2 de emergência, deve permanecer evacuada, não havendo retorno das famílias neste momento. São cerca de 200 pessoas que aguardam e são mantidas por programas assistenciais. A B3/B4 está incluída no Programa de Descaracterização de barragens a montante da empresa.

"As obras são complexas e trazem riscos e, por isso, as soluções são customizadas para cada estrutura, e estão sendo realizadas de forma cautelosa, tendo como prioridade, sempre, a segurança das pessoas, a redução dos riscos e os cuidados com o meio ambiente", informa a Vale.



Desde 2019, segundo a Vale, foram investidos mais de R$ 5 bilhões no Programa de Descaracterização da Vale. Somente neste ano, cinco estruturas foram completamente eliminadas. No total, das 30 que usam o método de construção com alteamentos a montante, 40%, já foram eliminadas, o que equivale a 12 estruturas (nove em Minas Gerais e três no Pará). Todas as barragens a montante da Companhia no Brasil são objeto de avaliação por assessoria técnica independente e integram o Termo de Compromisso assinado em fevereiro deste ano com os Ministérios Públicos Estadual e Federal, Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) e Estado de Minas Gerais.

Em 2022, foram cinco barragens a montante eliminadas e ações levaram à redução de nível de emergência da B3/B4 e garantiram a estabilidade de oito barramentos com a emissão de Declarações de Condição de Estabilidade (DCEs).

A mais recente, em novembro, foi a barragem Porteirinha (Santa Bárbara). Em outubro, as barragens Sul Inferior (Barão de Cocais), B5/MAC (Nova Lima), Marés II (Belo Vale), Santana (Itabira) e o Dique Paracatu (Catas Altas) também saíram de emergência. Em agosto, a barragem Borrachudo II (Itabira) já tinha recebido sua certificação de segurança e, anteriormente, a barragem Elefante (Rio Piracicaba). Todas essas estruturas estão localizadas em Minas Gerais.



"O avanço nas condições de segurança das barragens da Vale é resultado da evolução das medidas implementadas desde 2019, como, por exemplo, o novo sistema de gestão das estruturas de disposição de rejeitos da empresa, direcionado pelos aprendizados com o rompimento da barragem em Brumadinho e pelas melhores e mais rigorosas práticas internacionais, como as definidas no Padrão Global da Indústria para a Gestão de Rejeitos (GISTM, em inglês)", informa a mineradora.

Segundo a empresa, as principais barragens sob sua responsabilidade "são monitoradas 24 horas por dia e sete dias por semana pelos Centros de Monitoramento Geotécnico (CMGs) da empresa, além de receberem inspeções regulares de equipes internas e externas, que agem prontamente quando são necessárias ações preventivas ou corretivas".