Uma história de trabalho e carinho com Belo Horizonte, do início ao fim da vida profissional. E, para orgulho dos mineiros, com uma “obra em progresso” na capital, a Catedral Cristo Rei, o que significa movimento de equipes nos andaimes, perpetuação das ideias, concretização das célebres curvas inspiradas nas montanhas. Todas as homenagens, portanto, ao arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), cujo falecimento completa 10 anos hoje. O seu fabuloso legado inclui o Conjunto Moderno da Pampulha, em BH, reconhecido como Patrimônio Mundial, e mais duas dezenas de ícones espalhados pela cidade e interior do estado.
“Oscar Niemeyer falava com muito carinho sobre Belo Horizonte, houve uma relação estreita, afinal, a Pampulha, como dizia, foi o início de tudo, só muito depois veio Brasília (DF)”, conta o arquiteto Jair Valera, que trabalhou com ele durante quatro décadas, sendo hoje o responsável técnico pela sua obra. “Nos 10 anos que antecederam a morte de Niemeyer, trabalhávamos juntos diariamente. Sempre lúcido, atento à ‘arquitetura dele’, sem se importar com o que os outros estavam fazendo”, diz Valera, ressaltando que, no convívio, aprendeu muito, tanto profissionalmente como em relação à vida, pois o mestre tinha “grande visão política e preocupação social.”
Mesmo com todo esse patrimônio de destaque internacional, BH ainda tem questões urgentes a resolver. Para frustração de visitantes e moradores, o Museu de Arte da Pampulha (MAP), antigo cassino, está de portas fechadas há três anos e três meses, sem definição para reabertura. Já o Iate Tênis Clube, de 1940, aguarda decisão sobre um anexo construído na década de 1970 e que mereceu recomendação para ser demolido da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
“Uma pena o museu estar assim, pois esse equipamento cultural faz muita falta à cidade. Os turistas chegam para ver e não podem. É um tesouro de BH e do mundo”, diz a professora Márcia Valéria César Martins, moradora do Bairro Itapoã, na Região Norte e sempre passando na frente do MAP durante a caminhada na orla da lagoa.
DE CORPO E ALMA
Confira o roteiro de obras de Niemeyer em BH
» Na Pampulha
» Iate Tênis Clube (1940)
» Museu de Arte da Pampulha, antigo cassino (1940)
» Casa do Baile, atual Centro de Referência Centro de Referência de Arquitetura, Urbanismo e Design (1940)
» Museu Casa Kubitschek (1941)
» Santuário Arquidiocesano São Francisco de Assis, conhecida como Igrejinha da Pampulha (1943)
» Golf clube, na área da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte (1943)
» Residência Alberto Dalva Simão (1953)
» Pampulha Iate Clube/PIC (1962)
» Na Região Centro-Sul
» Residência de João Lima Pádua, no Bairro Barro Preto (1943)
» Edifício ou Conjunto JK, no Bairro São Agostinho (1950)
» Palácio das Mangabeiras, no Bairro Mangabeiras (1950)
» Prédio do antigo Bemge, atual P7 Criativo – Agência de Desenvolvimento da Indústria Criativa de Minas Gerais, na Praça Sete (1953)
» Edifício Niemeyer, na Praça da Liberdade (1954)
» Escola Estadual Governador Milton Campos (Estadual Central), no Bairro Lourdes
» Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, na Praça da Liberdade (1955)
» Na Região Norte
» Catedral Cristo Rei, em construção no Bairro Juliana (obra iniciada em 2013)
» Em Venda Nova
» Centro Administrativo Presidente Tancredo Neves, sede do governo mineiro, no Bairro Serra Verde (inaugurado em 2010)
» Outras cidades de Minas
» Ouro Preto, na Região Central: Grande Hotel (1938), em Ouro Preto
» Juiz de Fora, na Zona da Mata: Banco do Brasil (1946-1953)
» Cataguases, na Zona da Mata: Colégio de Cataguases (1943), atual Escola Estadual Inácio Peixoto; e Casa de Francisco Inácio Peixoto (1941)
» Diamantina, no Vale do Jequitinhonha: Praça de Esportes (1950), Escola Júlia Kubitschek (1950) e Hotel Tejuco (1950)
» Itabira, na Região Central: Memorial Carlos Drummond de Andrade (1988)