Jornal Estado de Minas

ONDA DE VIOLÊNCIA

Escola vandalizada em Contagem: mães temem levar filhos para aula


Após o ato de vandalismo e as ameaças deixadas nas paredes da Escola Municipal José Silvino Diniz, em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, muitas mães decidiram adiar o retorno dos filhos às aulas. As atividades estavam suspensas desde a última terça-feira (29/11), quando a unidade foi invadida e pichada com símbolos nazistas.



Ao todo, 600 alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental estudam na unidade de ensino. Depois de seis dias de portas fechadas, as aulas voltaram nessa segunda-feira (5/12). A dona de casa Joyce de Jesus, de 34 anos, é uma das mães que decidiu não levar os filhos à escola.

"Ontem foram pouquíssimos alunos. As mães continuam com medo. Os escolares estão vazios. Não acho que era o momento de voltar as aulas", avalia ela, que é mãe de três adolescentes, de 15, 14 e 11 anos, alunos da unidade, localizada no bairro Solar da Madeira.

Muitos pais também demonstram preocupação com o próximo ano letivo e falam em mudar as crianças da escola. "Agora temos a guarda municipal aqui 24 horas, mas e no ano que vem? Como vai ser? Nós estamos esperando resposta", cobra Joyce.



Sem clima para festividades, os pais de alunos do 9º decidiram cancelar as comemorações de formatura das turmas. Eles devem receber apenas uma lembrancinha pela conclusão dos estudos.

Joyce Jesus prefiriu não levar os três filhos para escola, depois de atos de vandalismo (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A.Press)


Segurança


Até o fim do ano, a Escola Municipal José Silvino Diniz terá policiamento 24 horas na porta da escola. Também serão instaladas cerca elétrica nos muros da unidade e câmeras de segurança.

Para prevenir que outros episódios como esse, a Prefeitura de Contagem anunciou que o policiamento no entorno das instituições de ensino serão reforçados. Também foi prometido a instalação de câmeras de segurança pela cidade e nas escolas.

Ação pontual


A Polícia Civil identificou os envolvidos nos ataques na última quarta-feira (30/11). Informações preliminares da investigação aponta que os suspeitos são adolescentes e estudam ou estudaram nas escolas que foram vandalizadas. No entanto, até o momento, nenhum deles foi detido.



A delegada responsável pela investigação do caso, Elisa Moura de Lima, avalia o episódio como uma ação pontual e diz que a corporação não "teme" que o mesmo aconteça em outras cidades mineiras.

"O atentado em Contagem foi uma ação pontual. As forças de segurança da cidade já estão atuando para cercear qualquer tipo de ação parecida", afirmou em coletiva de imprensa na última quarta-feira (30/11).

Relembre o caso




A Escola Municipal José Silvino Diniz foi invadida durante a madrugada e vandalizada. Vidros de janelas e carteiras foram quebrados, vasos de plantas revirados, pichações de suástica, o maior símbolo do nazismo, e o nome do Hitler foram feitas nas paredes da escola.



Uma exposição realizada pelos alunos para o Dia da Consciência Negra foi destruída. O ato seria inspirado em um jogo de videogame que estabelece uma série de desafios, entre eles o vandalismo.

No mesmo dia, outra escola na região também foi invadida na madrugada. A Escola Municipal Professora Maria Martins, conhecida como "Mariazinha", que fica a menos de 6 km da Escola Municipal José Silvino Diniz, teve vidros e câmeras quebrados.

Não foram encontradas referências neozasistas na unidade, mas a polícia investiga se o episódio pode estar relacionado aos ataques na escola do Bairro Solar do Madeira.