Belo Horizonte e outras 200 cidades mineiras recebem o Natal da Mineiridade, que dá o tom das festividades de fim de ano no estado. A identidade cultural de Minas inspira as ações que, em Belo Horizonte, envolvem o projeto de iluminação e a programação especial no Circuito Liberdade. No interior, inclui decorações e atrações natalinas em diversos locais, com iluminação de espaços e prédios públicos, cantatas e presépios, entre outras atrações que refletem a religiosidade, a hospitalidade e o jeito mineiro de viver a data.
Na capital, o Palácio da Liberdade integra as atividades, com celebrações especiais durante o período natalino. Parte das atrações culturais na cidade e no calendário oficial de BH, as visitas ao interior do palácio são gratuitas, e nessa época têm horário de funcionamento especial. A visita, desta vez, dá acesso à exposição Uma Noite Sagrada - Presépios de Minas Gerais, realizada pela Fundação Clóvis Salgado (FCS) em parceria com o Centro de Artesanato Mineiro (Ceart) e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sede), por meio da Diretoria de Artesanato, dentro do Natal da Mineiridade.
A exposição de presépios enaltece trabalhos feitos com diferentes materiais e suportes, concebidos por artesãos de cidades do Norte de Minas Gerais, incluindo o Vale do Jequitinhonha, e faz um recorte específico sobre essa região rica em artesanato tradicional.
Os presépios expressam o simbolismo da fé católica, com suas próprias características, refletindo personagens presentes no cotidiano de cada artista: o pescador, o violeiro, o lavrador, o barqueiro, os bichos, entre outros.
O acervo apresenta cerca de 40 peças, elaboradas com exclusividade para o evento, e contempla as cidades de Araçuaí, Caraí, Felício dos Santos, Itaobim, Jenipapo de Minas, Minas Novas, Pedra Azul, Ponto dos Volantes, no Vale Jequitinhonha, e Curral de Dentro, Januária, Salinas, São João do Paraíso e Taiobeiras, no Norte de Minas.
As obras foram elaboradas com diversas matérias-primas, como a argila, fibras naturais, cabaça, ferro e materiais reciclados. Algumas também são feitas com diferentes técnicas tradicionais, como o bordado e o crochê. Após o fim da exposição, em 6 de janeiro, o acervo estará disponível para a venda no Centro do Artesanato Mineiro, no Palácio das Artes.
Eunadia Cavalcante, de 55 anos, é professora da área de projeto da arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e Clewton Nascimento, também de 55, é professor da área de história e teoria da arquitetura, na mesma universidade. Os colegas estão em Belo Horizonte desde a última segunda-feira (3/12) para participar de um seminário na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e aproveitaram a manhã desta sábado (10/12) para visitar o Palácio da Liberdade.
Eunadia conta que ficou sabendo da programação no palácio por uma reportagem. Ela coleciona presépios, e a visita serviu para ver as representações do nascimento de Cristo, assim como pelo próprio espaço da edificação na Praça da Liberdade. "Foi um interesse duplo. A própria visita ao palácio, que é magnífico, pela arquitetura, mobiliário, detalhes construtivos, como a marchetaria do piso, as pinturas nas paredes. E pela curiosidade também", diz.
Ela é admiradora da cerâmica do Vale do Jequitinhonha e, além da cerâmica, se encantou com as peças em palha de milho, cabaça e sucatas de metal. Diz que o que mais lhe chama a atenção é essa expressividade cultural. "Nas decorações natalinas que enfeitam as ruas nessa época, vemos mais o Papai Noel do que o dono da festa mesmo, que é o menino Jesus."
Clewton diz que o que mais atrai sua atenção na visita ao Palácio da Liberdade é estar em um ambiente que representa um momento especial da história da cidade, com importância no contexto da construção do país, como um todo. "Belo Horizonte é uma referência de um determinado período da história do Brasil. Estão aqui diferentes características temporais. E o Palácio da Liberdade conta a história da arquitetura da cidade. Fala de um momento marcado por ideais republicanos, de modernidade e progresso, e também se incorpora ao contexto nacional. Minha visita a esse espaço tem essa ótica", conta Clewton, que já esteve na capital mineira em outras oportunidades, mas nunca tinha entrado no palácio.
O aposentado Edison Thomé, de 70 anos, chegou nessa sexta-feira (9/12) a Belo Horizonte com a esposa Vera, acompanhando o filho, Renato, que está na cidade para participar de um concurso público. A família, que veio de São Paulo, não perdeu a oportunidade de passear, e esteve no Palácio da Liberdade nessa manhã. "Achei o prédio muito bem conservado, bonito, assim como os jardins externos. Sobre os presépios, muito oportuno para a ocasião. Representam os artesãos dessa região, valorizam os artistas mineiros", diz Edison.
O Natal da Mineiridade é uma promoção do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) e da Fundação Clóvis Salgado.