(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas TRAVESSIA

Deficientes visuais percorrem lugares eternizados pelo Clube da Esquina

O roteiro 'Revivendo o Clube da Esquina' integra parte da programação dos sete anos do Museu Clube da Esquina.


10/12/2022 18:31 - atualizado 10/12/2022 18:31

Deficientes visuais na jardineira Martha Rocha
O roteiro foi feito na jardineira Martha Rocha (foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)

 

O 'Trem Azul' deu lugar à Jardineira Martha Rocha na viagem a Belo Horizonte de Milton Nascimento, Fernando Brant, Lô Borges, Beto Guedes, Toninho Horta e os demais fundadores do Clube da Esquina. Batizada com o nome da primeira Miss Brasil, a jardineira recebeu os integrantes da Associação União dos Cegos de Santa Tereza que percorre os passos dos músicos no roteiro "Revivendo o Clube da Esquina", neste sábado (10/12).

 

No dia de temperatura amena, os viajantes não sofreram com o calor, desfrutaram da brisa para cantar os versos de "Trem Azul": "Coisas que a gente se esquece de dizer/Frases que o vento vem às vezes me lembrar/Coisas que ficaram muito tempo por dizer/Na canção do vento não se cansam de voar". A terceira faixa do primeiro álbum do Clube da Esquina foi uma das muitas que eles cantaram ao longo do dia. O passeio ocorre como parte das comemorações de meio século, neste ano, da parceria de Milton e Lô Borge, com participação de Betos Guedes.

 

Leia: Orquestra de Flautas faz concerto com o repertório do "Clube da esquina" 

 

Animados, eles chegaram ao ponto de partida, a Praça da Liberdade, às 10h45, prontos para uma viagem que durou cerca duas horas e meia e terminou com uma feijoada no Bar do Clube da Esquina em Santa Tereza. 

 

O percurso foi feito na jardineira, com paradas nos pontos que marcaram a história dos músicos, muitos deles eternizados nas composições do Clube da Esquina. O trajeto contou com audiodescrição, e os deficientes visuais também usaram os sentidos para explorar os lugares. Proposto pelo Bar do Museu Clube da Esquina, o roteiro se encaixa no chamado turismo de experiência, e poderá ser feito nos dias 17 (sábado) e 18 (domingo) deste mês - pelo valor de R$ 150.

 

 

 

A primeira parada, na Praça da Liberdade, já deu o tom emocionante do roteiro. Ao chegar à Alameda Travessia, foram recepcionados pelo músico Serginho Olly, que apresentou os versos da canção homônima. "Como sou compositora, vou aprender a letra dela. Sei a melodia. Essa música é linda, como tudo do Clube da Esquina", diz Rosemary Gonçalves de Souza Silva, de 57 anos, e o marido Valmir de Souza.  

 

Neste sábado, o grupo seguiu da Alameda Travessia, depois, foi para o Minas Tênis Clube, Colégio Estadual Central, Edifício Cesário Alvim, antigo Ponto dos Músicos na Avenida Afonso Pena, Edifício Malletta, Viaduto Santa Tereza e o Clube da Esquina. "São locais icônicos, que foram frequentados por integrantes do Clube da Esquina", afirma o guia de turismo Virgílio Otávio Silva Machado. Ele destaca como é bacana fazer o trajeto com quem tem uma percepção sensorial dos lugares. 

 

Evércio Garcia usa óculos e está sentado em banco ao lado de estátua de Pacífico Mascarenhas
Evércio Garcia de Barros, de 72 anos, ao lado da estátua do compositor Pacífico Mascarenhas (foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)

 

Ao chegar ao Minas Tênis Clube, Evércio Garcia de Barros, de 72 anos, foi o primeiro a se sentar ao lado da estátua do compositor Pacífico Mascarenhas, que reconheceu o talento do jovem Milton. Evércio destaca que a visita permite que ele viaje para a década de 1960.   

 

Leia: Disco 'Clube da Esquina' mudou arte de Milton Nascimento e abriu horizontes

 

Sete anos do Bar do Museu Clube da Esquina

Rosemary Gonçalves e o marido Valmir de Souza na Alameda Travessia na Praça da Liberdade
Rosemary Gonçalves de Souza Silva, de 57 anos, e o marido Valmir de Souza (foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)

 

O roteiro integra parte da programação dos sete anos do Bar do Museu Clube da Esquina e tem o objetivo de apresentar o legado do movimento musical. "Travessia é a primeira parceria de Milton e Fernando Brant. É uma música do tempo da ditadura, que fazia crítica ao regime militar. O amigo de Milton, Agostinho, escreveu sem que o Milton soubesse no Festival da Canção de 1967, e eles ganharam o segundo lugar", conta Virgínia Câmara, idealizadora do projeto e também a Gestora do Bar do Museu Clube da Esquina. 

 

O grupo passou por 12 dos 25 pontos em que os músicos se encontravam nas décadas de 1960 e 1970, desde lugares mais conhecidos como a Rua Ramalhete ao Edifício Malletta, onde Milton tocou no início da carreira, até locais menos associados aos músicos, como a Praça da Liberdade. Também visitou as esquinas, que deram nome a um dos mais importantes movimentos musicais brasileiros. "Fomos à primeira esquina, pedaço de chão, onde Beto Guedes começou a tocar aos 12 anos de idade", disse Virgínia. 

 

União dos Cegos 

Integrantes da Associação União dos Cegos Santa Tereza na Praça da Liberdade
Integrantes da Associação União dos Cegos Santa Tereza fizeram, em parceria com o Museu Clube da Esquina, o roterio 'Revivendo o Clube da Esquina' (foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)

 

A  Associação União dos Cegos Santa Tereza fica localizada no Bairro Santa Tereza, na Região Leste, onde são realizadas diversas ações. A música perpassa todos os projetos: um deles é a banda de forró Cabra Cega, formada por seis músicos cegos. Outro é o Coral dos Deficientes Visuais de Minas Gerais (Coral Devi), que tem 20 integrantes todos cegos.

 

"No coral, contemplamos músicas do Clube da Esquina, composições do Lô, Milton. A ideia é resgatar a mineiridade, por meio da poesia, música, culinária, socialização", diz Luciano Otávio dos Santos Dias, presidente da associação. 

 

Ele lembra que o projeto tem o propósito de mostrar que o deficiente visual pode estar em todos os lugares como qualquer outro cidadão. "Ele precisa ser respeitado e ter seu espaço", afirma. A aproximação com o Clube da Esquina teve início em 2017. 

 

Mateus Ferreira Santos, de 23 anos, mora no Bairro Ermelinda, e vai à asociação duas vezes por semana, onde participa dos projetos musicais. Fã do Clube da Esquina, ele destaca o trabalho de Milton Nascimento. "Estou gostando muito desse passeio", avaliou.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)