Jornal Estado de Minas

Natal Solidário

Papai Noel já trabalha em sua 'oficina' nos Correios; veja como ajudar


Nem todo mundo sabe, mas entre os endereços secretos em que o Papai Noel trabalha para realizar sonhos neste mês de Natal estão galpões e agências dos Correios espalhadas por diferentes lugares do Brasil. Bem longe do Polo Norte, em sigilo e contando com a solidariedade de uma rede com milhares de ajudantes, em 2022, o incansável velhinho completa 33 anos agindo em silêncio para que milhares de crianças que não receberiam um presente possam ter nesta época, de fato, uma “noite feliz”.



Como ocorre anualmente, a campanha Papai Noel dos Correios já está a pleno vapor para atender aos pedidos contidos em milhares de cartinhas escritas por alunos matriculados até o 5º ano em escolas públicas e por outras crianças de até 10 anos em situação de vulnerabilidade social. Todas elas aguardam a adoção de um ajudante do bom velhinho, seja padrinho ou madrinha, para ter atendidos os desejos, que podem variar entre bolas, carrinhos de controle remoto e bonecas ou itens básicos, como calçados, material escolar e até alimentos.

Em Belo Horizonte, a edição 2022 do projeto foi lançada em 22 de novembro, durante evento no Shopping Estação, na Região de Venda Nova. No ano passado, mais de 150 mil cartinhas foram adotadas. Na campanha deste ano, mais de 75 mil já estão disponíveis para ser apadrinhadas.

Aposentado dos Correios, Wanderley Venturini conta com a ajuda de outros voluntários, como Fernanda Castro, e com a colaboração de sua banda para arrecadar presentes (foto: Marcos Vieira /EM/D.A Press)


Segundo a diretora da Escola Municipal Padre Francisco Carvalho Moreira, Gláucia Abreu de Carvalho, há sete anos a iniciativa tem impacto positivo no Natal de vários alunos. “Temos uma demanda bem vulnerável. Com isso, quando vemos aquele estudante que não iria ganhar um presente e não terá uma ceia de Natal receber, com a família, o que ele pediu na cartinha, é magnífico.” Para ela, além de acolher os alunos, a escola, localizada no Bairro São Geraldo, na Região Leste de BH, consegue com iniciativas como essa “abraçar” pais e responsáveis.





PEDIDOS VARIADOS Neste ano, mais de 350 crianças da unidade de ensino escreveram cartinhas na esperança de que Papai Noel atendesse ao pedido. A diretora explica que o trabalho é dividido entre professores, monitores do projeto Escola Integrada e familiares dos alunos. “Eles escrevem ou desenham, em casos de estudantes na fase pré-silábica, dentro da sala de aula. Depois, os monitores conferem se o endereço e o nome da criança estão corretos, além de digitalizar e enviar as cartinhas para os Correios”, explica a diretora.

De acordo com Gláucia, na escola já houve pedidos muito inusitados, como um dinossauro de verdade, e desejos mais comoventes. “Durante a pandemia, não deixamos de participar da campanha. Com isso, uma das crianças escreveu que gostaria de um prato com arroz e feijão. Isso mexeu muito conosco.” Ela conta que a instituição se mobilizou para arrecadar doações e conseguiu ajudar a família do aluno.

A diretora afirma que, geralmente, as crianças recebem o que pediram, variando, na maioria das vezes, entre bonecas, bolas e tênis. “Elas têm um agradecimento no olhar muito grande. Existe uma satisfação em poder ter o que elas queriam naquele momento. Isso faz com que os estudantes acreditem que há pessoas que fazem o bem e que eles também podem fazer”, disse.



Para a educadora, a campanha consegue proporcionar um fim de ano com satisfação e alegria para as crianças. 

“Sabemos que, às vezes, é difícil para as famílias comprar presentes e fazer uma ceia de Natal. Temos casos em que a mãe está desempregada e, dessa forma, não consegue promover isso para os filhos. Nesse contexto, os padrinhos se tornam fundamentais para trazer um pouco de esperança.”

Uma vida de solidariedade


Um dos padrinhos responsáveis por levar um momento de felicidade aos pequenos durante o período de festas é Wanderley Venturini, de 60 anos, que participa da campanha do Papai Noel dos Correios desde o início, em 1989. Aposentado pelos Correios, ele e quatro amigos conseguem mobilizar mais de 100 pessoas para adotar cartinhas do Grupo de Amigos da Criança, localizado no Vila Barragem Santa Lúcia, na Região Centro-Sul de BH.

Este ano, 208 cartas ficaram sob a responsabilidade dele, a maioria delas já apadrinhada. “Para mim, assim como para grande parte das pessoas, o projeto é uma forma de exercer a cidadania, além de trazer muitas reflexões sobre o nosso papel na sociedade. O projeto tem alcance nacional e abarca muitas questões, principalmente por ser o Natal uma data importante para todos nós, além de ter o Papai Noel envolvido, que é uma figura simbólica muito relevante”, disse. Venturini conta que, por ser de uma família que sempre praticou ações sociais, ele, desde a infância, foi educado dessa maneira.



Além de mobilizar familiares e amigos, o aposentado afirma que, como sempre participou de bandas, por meio de apresentações, pôde alcançar mais pessoas, já que sempre convida todos a adotar uma cartinha da campanha. “Em todos os grupos musicais de que fiz parte, aliamos a música às ações sociais, conseguindo arrecadar doações e alimentos. Para completar, a banda de que participo foi formada dentro dos Correios, então não deixamos o projeto de fora.” Por causa do grupo, afirma, sempre consegue sucesso na quantidade de doações.

Venturini afirma que a Nova Banda Velha não só proporciona diversão e atua de forma lúdica: a música também exerce um papel social. “É uma corrente de solidariedade, que, inicialmente, é puxada por cinco pessoas. Como estamos nos mobilizando para isso há muitos anos, alguns já nos procuram para adotar uma cartinha antes mesmo de serem chamados”, testemunha. Atualmente, com as facilidades da internet, pessoas que moram em outros estados também participam, comprando presentes on-line e mandando entregar ao grupo.

Além de arrecadar os presentes, todo ano Venturini e os amigos participam da entrega na escola. “Um deles se fantasia de Papai Noel e, com o apoio da creche, fazemos uma festinha. É um momento muito legal e mágico. Em uma dessas vezes, uma menina agradeceu por termos nos lembrado deles. Foi muito marcante, pois, muitas vezes, uma coisa que é tão simples para gente comprar, como um carrinho, uma boneca ou uma bola, para a criança que recebe tem um significado muito especial”, explicou.



Interessados em apadrinhar um desejo, como Maria Marta Santos da Silva, podem procurar uma agência participante ou adotar on-line (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Quem quer ser um ajudante?


Os interessados em adotar uma carta do Papai Noel dos Correio podem acessar o blog da campanha ou ir a uma agência participante. Foi o que fez a professora Alírian Batista, de 33 anos, na tarde de uma quarta-feira, logo após o início da campanha. Ela conta que desde 2017 escolhe ao menos duas cartinhas para apadrinhar, por acreditar que é uma maneira de tornar a data mais inclusiva.

“A gente percebe que a mídia e as propagandas costumam sempre colocar o Natal como um dia mágico, feliz e de presentes. Isso faz com que esqueçamos a realidade e que existem pessoas que não poderão ter a mesma experiência. Pensando nas crianças, vemos que elas não conseguem diferenciar isso e não têm noção de que os pais, às vezes, não podem fazer um agrado por causa das condições financeiras”, disse.

Para a professora, o projeto oferece oportunidade para pessoas que querem fazer uma boa ação, além de proporcionar a possibilidade de uma criança receber um gesto carinhoso. “Para os meus filhos, é muito importante ganhar um presente, poder abrir o embrulho e ver aquilo que eles queriam. Não é pelo bem material, mas pela experiência em si. Então, essa é uma forma de fazer com que a criança apadrinhada consiga acreditar nessa data”, afirma.



De acordo com os Correios, as cartinhas ficarão disponíveis até 16 de dezembro e os presentes devem ser entregues até o dia 21 deste mês, em uma das agências participantes indicadas no blog. A entrega é feita pela empresa, que empenha a sua capacidade logística para que as crianças participantes possam receber os presentes. Toda a sociedade (pessoas físicas, jurídicas e órgão públicos) pode apadrinhar.

No caso das adoções on-line, o padrinho ou a madrinha seleciona a opção “adotar agora” e a cidade escolhida, para poder visualizar as cartinhas do município de preferência. Ao todo, podem ser selecionadas até 50 cartas, e a pessoa deverá informar os dados dela (nome, telefone e e-mail) para registro da adoção no sistema informacional da campanha.


Lista de natal
Confira as unidades participantes da campanha Papai Noel dos Correios, em Belo Horizonte, neste ano

» Aarão Reis – Rua Rio de Janeiro, 234, Centro
» Barreiro – Av. Sinfrônio Brochado, 555, Barreiro
» BH Shopping – Rodovia BR-356, 3.049, loja 35, Belvedere
» Jaraguá – Anel Rodoviário, 20.901, Bloco 2, Universitário
» Justinópolis – Rua Padre Pedro Pinto, 6.709, loja 1, Venda Nova
» Paraná – Av. Paraná, 477, Centro
» Presidente Juscelino Kubitschek – Av. Afonso Pena, 1.270 (ao lado da Prefeitura de BH), Centro
» Savassi – Rua Pernambuco, 1.322, Savassi
» Shopping Del Rey – Av. Presidente Carlos Luz, 3.001, Loja 1147, Caiçara
» Venda Nova – Rua Padre Pedro Pinto, 788, Venda Nova

Para enviar uma cartinha
» Para incentivar a criatividade e a redação, as cartas enviadas devem ser manuscritas e entregues via blog da campanha ou agências participantes até 16 de dezembro. As cartas enviadas pelo site deverão ser digitalizadas e ter a imagem nítida, para que a criança possa ser compreendida pelo Papai Noel
» Depois, é necessário selecionar a opção “cadastrar carta”, preencher corretamente o formulário e enviar
» Não serão selecionadas cartas que contenham endereço, telefone e/ou foto da criança. A identificação da criança será realizada no momento do cadastro

Critérios para participar
» Cartas manuscritas de crianças em situação de vulnerabilidade social
» Crianças com deficiência, independentemente de idade
» Cartas de crianças de escolas da rede pública de ensino, escolhidas pela Secretaria de Educação estadual e/ou municipal, na educação infantil ou no ensino fundamental até o 5º ano
» Apenas uma carta por criança