Tempestades quase diárias intercaladas por chuva mais fina e intermitente, que neste fim de ano têm marcado o tempo em Belo Horizonte e outras partes do estado, trazem o temor de que tragédias como as de dezembro de 2021 e janeiro de 2022 se repitam em Minas Gerais e na capital.
No caso de BH, uma apreensão reforçada por comunicado divulgado na sexta-feira, informando sobre a alta probabilidade de temporais com acumulados pluviométricos significativos (acima de 200 milímetros/mm), principalmente entre hoje e quinta-feira. Para que se tenha ideia, acumulados a partir de 70mm em período de 72 horas são suficientes para que regiões da cidade sejam colocadas em alerta vermelho para risco geológico. Mas há outros fatores que agravam a apreensão.
Muitos mineiros ainda têm na memória alagamentos e desmoronamentos como os ocorridos na última estação chuvosa (dezembro de 2021/janeiro de 2022) em Belo Horizonte, que registrou tempestades históricas, Sabará, Raposos e Nova Lima – cidade onde a barragem da Vallourec transbordou, interditando a BR-040. O temor de que cenas parecidas se repitam não é injustificado.
Levando-se em conta o período de setembro a 14 de dezembro, a temporada passada havia registrado 58 decretos de desastres relacionados às chuvas, total que subiu para 91 neste ano, aumento de 56%. As mortes também subiram no comparativo, de cinco para sete, embora números de desabrigados e desalojados tenham diminuído, 45% e 55%, respectivamente. Em BH, por sua vez, seis das nove regionais já apresentaram mais chuvas neste fim de ano.
Levando-se em conta o período de setembro a 14 de dezembro, a temporada passada havia registrado 58 decretos de desastres relacionados às chuvas, total que subiu para 91 neste ano, aumento de 56%. As mortes também subiram no comparativo, de cinco para sete, embora números de desabrigados e desalojados tenham diminuído, 45% e 55%, respectivamente. Em BH, por sua vez, seis das nove regionais já apresentaram mais chuvas neste fim de ano.
Diante desses dados, os modelos de previsões – portanto, de alerta – não são convergentes. A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec-MG) trabalha com modelos de intensidade de chuva igual ou maior neste dezembro e em janeiro.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), porém, estima que pode haver sol no horizonte, com a expectativa de que, no primeiro mês de 2023, os volumes de chuvas voltem às médias históricas, com a tendência de enfraquecimento do efeito La Niña.
Já atuando há três primaveras, esse fenômeno climático se dá com o resfriamento atípico das águas do Oceano Pacífico, mudando a dinâmica atmosférica e trazendo chuvas acima da média para o leste da Região Sudeste. O que não significa que será um mês tranquilo, sem tempestades. “Será dentro da normalidade, mas janeiro é o mês mais chuvoso do ano, não é para descuidos”, alerta o meteorologista Claudemir de Azevedo, do Inmet.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), porém, estima que pode haver sol no horizonte, com a expectativa de que, no primeiro mês de 2023, os volumes de chuvas voltem às médias históricas, com a tendência de enfraquecimento do efeito La Niña.
Já atuando há três primaveras, esse fenômeno climático se dá com o resfriamento atípico das águas do Oceano Pacífico, mudando a dinâmica atmosférica e trazendo chuvas acima da média para o leste da Região Sudeste. O que não significa que será um mês tranquilo, sem tempestades. “Será dentro da normalidade, mas janeiro é o mês mais chuvoso do ano, não é para descuidos”, alerta o meteorologista Claudemir de Azevedo, do Inmet.
Em um dezembro já marcado por tempestades e com alertas preocupantes, uma trégua é o que esperam pessoas que vivem em áreas de risco, trafegam por elas ou habitam os 13 municípios mineiros que voltaram a enfrentar no último mês de 2022 estragos semelhantes aos causados pela chuva um ano atrás: Almenara, Bandeira, Carlos Chagas e Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha; Frei Gaspar, Jacinto, Jordânia, Ouro Verde de Minas, Pavão, Rio do Prado e Teófilo Otoni, todas nos Vales do Jequitinhonha/Mucuri; além de Pescador, no Vale do Rio Doce.
Contudo, prevendo que os danos da última estação possam se repetir ou até piorem, a Defesa Civil estadual afirma que reforçou em três vezes os estoques de cobertores, colchões, água e alimentos.
Contudo, prevendo que os danos da última estação possam se repetir ou até piorem, a Defesa Civil estadual afirma que reforçou em três vezes os estoques de cobertores, colchões, água e alimentos.
Seis regionais de BH já acumulam mais chuva em 2022
Na capital, enquanto a Defesa Civil municipal emite alerta de tempestades para os próximos dias, a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) informa que há cerca de 800 áreas de risco. Considerando o período de 1º a 15 de dezembro de 2021 e 2022, seis das nove regionais da cidade já acumulam mais chuvas neste ano.
A Centro-Sul já soma 270,2mm em 2022, contra 225mm do ano anterior. Na Leste, são 281,8mm frente a 227,8mm; na Noroeste, 227mm contra 224,2mm; na Oeste, 253,8mm contra 240,6mm; na Pampulha, 238,6mm contra 235,2mm; e em Venda Nova, 217,4mm contra 211,4mm. Como consequência, alagamentos voltaram a ocorrer nas avenidas Vilarinho (Venda Nova), Teresa Cristina (Oeste) e Bernardo Vasconcelos (Nordeste), obrigando a Defesa Civil a fechá-las.
Ontem, o prefeito Fuad Noman disse que a capital está preparada para as chuvas da semana de Natal. Ao comentar as ações na cidade para mitigar os possíveis estragos causados pelo alto volume de precipitações para este mês, o chefe do Executivo municipal também disse contar com a fé. “Graças a Deus não tivemos nenhuma vítima em Belo Horizonte, essa é a nossa maior preocupação, não ter vítima. E rezar para São Pedro diminuir o impacto da chuva, porque chover 100mm em um lugar, em uma, duas horas, não tem ninguém que segura”. (Colaborou Luana Pedra)
Defesa Civil mineira mobiliza municípios
Moradores das regiões de Sabará, Nova Lima e Ibirité contam com orientações e treinamentos especiais da Defesa Civil estadual para enfrentar a estação chuvosa. Segundo o tenente-coronel Sandro Corrêa, coordenador-adjunto da Cedec, Sabará contou com apoio presencial para restabelecimento de serviços e de segurança, tendo ainda equipes se deslocado para cidades das regiões Central, Zona da Mata, Leste, Jequitinhonha e Mucuri, com distribuição de material e apoio.
“Desde junho, nos preparamos mobilizando os municípios para a realização de vistorias e planos de ação, realizamos seminários e contamos com a ativação do Grupo Estratégico de Resposta em preparação para emergências. Neste momento, com as chuvas contínuas, o maior perigo é o encharcamento do solo e com isso a possibilidade de deslizamentos e escorregamentos”, aponta o militar.
“Desde junho, nos preparamos mobilizando os municípios para a realização de vistorias e planos de ação, realizamos seminários e contamos com a ativação do Grupo Estratégico de Resposta em preparação para emergências. Neste momento, com as chuvas contínuas, o maior perigo é o encharcamento do solo e com isso a possibilidade de deslizamentos e escorregamentos”, aponta o militar.
O coordenador da Cedec-MG recomenda neste período atenção a alterações nos imóveis, como estufamentos de piso, rachaduras em muros de arrimo, estruturas vertendo água, projeção de solo como inícios de deslizamentos, postes com inclinação, além de janelas e portas difíceis de fechar.
“Nesses casos é importante que a pessoa saia de casa e chame a Defesa Civil, os bombeiros ou a Polícia Militar. Outro ponto importante é que, das sete mortes até o momento, cinco foram de idosos e dois deles com necessidades especiais. Pedimos às pessoas que cuidem dos seus idosos e crianças e não os exponham a alagamentos. Procurem abrigos antes de a chuva ficar muito forte”, aconselha Corrêa.
“Nesses casos é importante que a pessoa saia de casa e chame a Defesa Civil, os bombeiros ou a Polícia Militar. Outro ponto importante é que, das sete mortes até o momento, cinco foram de idosos e dois deles com necessidades especiais. Pedimos às pessoas que cuidem dos seus idosos e crianças e não os exponham a alagamentos. Procurem abrigos antes de a chuva ficar muito forte”, aconselha Corrêa.
Como preparação para o período chuvoso, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que foram realizadas 66 obras de contenção de encostas e 27 trabalhos de manutenção. Há ainda 48 contenções em andamento e 15 serviços de manutenção.
O município criou o Grupo Gestor de Risco de Desastres e mantém ações preventivas, como o envio de alertas de chuva por redes sociais e mensagens de texto, limpeza de bocas de lobo, supressão e podas de árvores, limpeza de córregos, vistorias, bloqueio de vias e monitoramento de locais de risco.
A Defesa Civil de BH informou ter sido mais acionada de 1º a 15 de dezembro de 2021 do que em 2022, com 390 chamadas, contra 341 neste ano. Ainda assim, algumas ocorrências importantes aumentaram no atual período chuvoso.
O total de alagamentos subiu de três para 15. Os desabamentos quase dobraram: de 12 para 23. As enchentes ou inundações se ampliaram de duas para 17.
O telefone de contato com a Defesa Civil da ca pital é o 199. Quem quiser receber alertas pelo WhatsApp deve enviar a mensagem "olá" para o número (61) 2034-4611. Para receber por SMS, enviar mensagem de texto com o CEP da rua para o número 40199.