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Estado de Minas UFMG

Evento marca início das obras do Centro Nacional de Vacinas na UFMG

Empreendimento tem por objetivo dominar a cadeia de produção de imunizantes. Projeto reúne UFMG, Ministério de Ciência e Tecnologia e governo de Minas


19/12/2022 15:32 - atualizado 19/12/2022 19:42

Equipe de oito pessoas, entre homens e uma mulher, sentados em frente a uma mesa com forro azul.
O primeiro produto do Centro Nacional de Vacinas é a Spin-Tec, primeira vacina 100% nacional contra a COVID-19 (foto: Leandro Couri/ EM/ D.A Press)
Uma cerimônia na tarde desta segunda-feira (19/12) marca o início das obras do Centro Nacional de Vacinas, uma parceria entre o  Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o governo do estado. 

 
O coordenador do Centro Nacional de Vacinas, o professor Ricardo Gazzinelli destaca que o centro vai ampliar as atividades do CTVacinas da UFMG, que já tem casos de sucesso como a vacina Leish-Tec - que mais gera royalties para a universidade -, além de kit de diagnóstico para a COVID desenvolvido em parceria com a Bio Manguinhos. 
 
 

Ressaltou também que o novo empreendimento tenta completar o ecossistema de vacinas no Brasil. “Temos as universidades, os institutos de pesquisa. Mas é preciso fazer testes clínicos em humanos e essa ponte não existe. Temos grupos muito bons para fazer esses testes, as fábricas - como Bio-Manguinhos e Instituto Butantan - além do SUS que faz a distribuição. É necessário um laboratório que produza insumos de qualidade para a produção de imunizantes em larga escala.”

Segundo ele, o Centro Nacional de Vacinas se propõe a montar uma infraestrutura, com um grupo de cientistas e pesquisadores que façam essa transposição. “É um processo de produção de vacinas, do IFA (insumo farmacêutico ativo), com controle de qualidade rigoroso, para ser seguro testá-lo em humanos. Essa é a nossa missão principal.”

O primeiro produto do Centro Nacional de Vacinas é a Spin-Tec, primeira vacina 100% nacional contra a COVID-19. Outros produtos em desenvolvimento no centro são: 

  • Vacina de RNA contra a COVID-19: em fase de produção e estudos pré-clínicos de segurança 
  • Vacina contra malária: em fase de produção e estudos pré-clínicos fase I e II 
  • Leishmaniose visceral humana: em fase de estudos pré-clínicos de segurança
  • Doença de Chagas: em fase de produção 
  • Monkey Pox: em fase de processo e escalonamento
“A vacina de malária, a segunda mais adiantada, tem previsão de testes clínicos em 2023. A de leishmaniose talvez no fim de 2023 e início de 2024. A de varíola dos macacos vai depender do setor industrial em fazer os testes clínicos. Mas, acredito que a transferência do processo aconteça no ano que vem’, afirma Gazzinelli. 

Ampliação da estrutura 


O CTVacinas tem atualmente 500 m2, já o novo centro será ampliado para 7 mil m2. “Um grande diferencial será um laboratório para produzir insumos biológicos na qualidade injetável. Um dos blocos vai ser dedicado apenas para a produção desses lotes pilotos injetáveis.” Gazzinelli lembra que, atualmente, há uma carência de laboratórios deste tipo no Brasil, principalmente para atender as universidades. 

Um andar do novo laboratório será reservado para o desenvolvimento de processos, outro para controle de qualidade e montagem de protótipos de vacinas. Em outro espaço haverá laboratórios disponíveis para o setor empresarial e indústrias. “Eles vão poder se estabelecer e usar a infraestrutura do centro, a expertise dos pesquisadores, para desenvolver os próprios projetos.” 

No andar superior haverá laboratórios para a manutenção de animais, para testes de segurança em animais e outro de segurança para manter patógenos perigosos à saúde humana. “É um laboratório de maior segurança para trabalhar com agentes infecciosos.”

As obras estão previstas para serem concluídas em meados de 2025. Até lá, segundo o coordenador, a intenção é fortalecer a equipe. “Quando o prédio estiver pronto, a ideia é termos uma equipe qualificada para ocupar o espaço. Hoje conseguimos produzir lotes de qualidade injetável, mas que podem ser usados em fase clínica I e II. Não são ainda as condições ideias. Para a fase III só vamos conseguir depois que o prédio estiver pronto e será um grande diferencial.”  

Também estiveram no evento a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida; o  secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales; o vice-governador eleito, Mateus Simões e o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti. 

Ao final do evento, as autoridades presentes exibiram a placa que inaugura as obras do Centro Nacional de Vacinas.

Minas no cenário nacional 


A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, destacou a importância da obra para a instituição. 

“É um sonho antigo. O Centro de Vacinas da UFMG faz um trabalho longo, há bastante tempo. Agora torná-lo um Centro Nacional de Vacinas é uma satisfação muito grande, não só para a UFMG, mas para o estado de Minas Gerais. Esse centro vai colocar Minas no cenário nacional de vacinas.” 

Ela ressalta que o estado passará a contribuir para a saúde pública e para a soberania nacional. “A COVID mostrou isso, o país tem que ter soberania em fazer suas vacinas para não ficar dependendo de outros insumos ou da produção de vacinas no exterior.” 

Com a construção do centro, a reitora lembra que o trabalho do CTVacinas da UFMG será ampliado. “Nosso objetivo é fazer pesquisa, mas também fazer com que o produto (vacinas) chegue até a sociedade.”

Sandra Regina acredita que a pandemia acelerou o processo de construção do centro, um projeto antigo dos pesquisadores da instituição. “É uma área em que temos atuado há muitos anos. A Leish-Tec é uma vacina produzida em Minas Gerais, na UFMG, e a única aprovada pela leishmaniose canina. Mas a pandemia mostrou exatamente o quanto é emergencial termos centros de produção de vacinas que possam responder de forma rápida aos desafios que apareçam no futuro, como dengue, vacina da AIDS, para a leishmaniose humana.” 

Em relação a Spin-Tec - em fase de testes clínicos - a previsão é que em 2024, o imunizante entre em processo de produção. A reitora também comentou sobre a situação da UFMG, após o anúncio de liberação de verbas para o pagamento de bolsas e contratos. 

“O dinheiro só caiu na sexta-feira de manhã. Já começamos a pagar, mas a situação ainda é muito delicada. Temos duas situações graves: um corte de R$ 16 milhões que até hoje não foi reposto, apesar de termos solicitado e a demora em fazer os pagamentos afeta nosso orçamento. Vamos pagar multa, tivemos que providenciar alimentação subsidiada para os estudantes. Tudo isso impacta no planejamento orçamentário.”  

O vice-governador eleito, Mateus Simões, afirma que é muito importante que o empreendimento seja estabelecido no estado. “O empenho em trazê-lo para Minas significou R$ 30 milhões de contribuição do estado. Belo Horizonte já é um dos maiores centros de tecnologia, aplicada às ciências da vida, do país. Com o Centro de Vacinas, temos a expectativa de dar um passo adiante na comercialização, na chegada à população dos benefícios que são desenvolvidos nos laboratórios da UFMG. 

O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, também acredita que o empreendimento será importante para o futuro. 

“Cada real investido aqui vai ser replicado para desenvolvimento de insumos e tecnologia em vacina para que não passemos pelo que aconteceu na pandemia. Temos que sair melhor dela, não podemos achar que o que aconteceu foi normal.” Ele lembra que apenas no estado foram mais de 60 mil vidas perdidas pela doença. 
 
 
 


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