Jornal Estado de Minas

EM BUSCA DA PRÓPRIA HISTÓRIA

Professora aposentada de BH tem paternidade reconhecida aos 97 anos

Com quase um século de vida, seis filhos e nove netos, a professora aposentada de Belo Horizonte Carmelita de Santo Antônio Chaves teve a paternidade reconhecida aos 97 anos. As informações são do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). 




 
Acompanhada de três filhos e uma sobrinha – filha da irmã gêmea que também estava buscando o reconhecimento do pai de origem portuguesa na certidão – , Carmelita entrou na sala de audiências do Centro de Reconhecimento de Paternidade, na capital, nesta quinta-feira (15/12) para concluir o processo de reconhecimento. 
 
Além de não conter o nome do pai, na certidão de nascimento não havia sequer o sobrenome da idosa. Somente ao casar que ela acrescentou “de Santo Antônio Chaves” do marido já falecido.
 
Carmelita e a irmã gêmea haviam sido separadas e entregues para dois casais de compadres da mãe biológica. Registrada por uma tia da família adotiva, a professora explica que a certidão “foi muito mal feita” porque a parente, por ser analfabeta, não conseguiu indicar quase nenhuma informação sobre as gêmeas.




Em março deste ano, a família da idosa decidiu sair de Belo Horizonte com destino a Carrancas, na região de Campo das Vertentes, próximo a São João Del Rey, onde ela foi criada. 
 
Chegando ao município, eles descobriram cinco irmãos ainda vivos – um deles é o atual prefeito da cidade, Hely Andrade Alves, segundo o TJMG. A partir daí foi dado início aos trâmites para o reconhecimento paterno. Nesse sentido, um exame particular de DNA encomendado pela família confirmou o parentesco. No decorrer do processo, há cerca de dois meses, a irmã gêmea, Carmélia, faleceu.
 
Com o auxílio dos irmãos recém-descobertos no município, a família ainda descobriu que o pai já havia reconhecido a paternidade das gêmeas, conforme verificado em registro de batismo na igreja da cidade.




 
Com isso, os irmãos, que participaram de forma online da audiência de reconhecimento paterno na última quinta-feira, concordaram que a idosa fosse reconhecida como filha do português Accácio José Alves. 
 
Como a adoção do sobrenome da família é opcional, a juíza Maria Luíza Rangel Pires, titular da Vara de Registros Públicos e coordenadora do Centro de Reconhecimento de Paternidade, questionou se ela pretendia aderir ao sobrenome do pai. 
 
Então, o novo nome – Carmelita de Santo Antônio Alves Chaves – foi registrado pela professora aposentada, que atuou na alfabetização de crianças e também lecionou português e matemática nas décadas de 1960 e 1970 na capital mineira.