O Parque Nacional Caverna do Peruaçu, localizado entre os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, no Norte de Minas Gerais, foi oficialmente inaugurado.
Com uma área de 56,4 mil hectares, o parque, considerado um dos principais sítios arqueológicos do mundo, foi criado em 1999, como uma forma de compensar os danos causados pelos veículos produzidos e comercializados pela empresa Fiat.
Na época, investigações do MPF constataram que a montadora colocou no mercado mais de 400 mil exemplares de um modelo capaz de transmitir poluição ambiental acima do permitido pela legislação.
Conforme o MPF, a decisão judicial estabeleceu que a Fiat deveria arcar com os custos da infraestrutura necessária para a implantação do Parque Nacional. As tratativas também foram feitas com vários órgãos, como o Governo de Minas, Ibama, ICMBio e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Ao longo dos anos, foi feito um aditivo ao acordo, o que trouxe novas obrigações à montadora, como obras que deveriam ser implementadas para o funcionamento da área e a aquisição de novas terras. Apesar disso, devido à complexidade do caso, o MPF aprovou a liberação da visitação do público antes mesmo do parque ser inaugurado.
Em setembro deste ano, o Instituto Chico Mendes e Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informou que o parque estava pronto e que a montadora havia cumprido todas as obrigações necessárias. “Esse parque finalizado, implementado e estruturado é de grande valor para toda a sociedade. Tem a fauna, a flora e toda um patrimônio geológico. Tudo ajudará na preservação e na conscientização da população adulta e infantil por meio de visitas que já são possíveis ao parque”, disse a procuradora do MPF Mirian Lima.
Em nota, a Fiat afirmou que a preservação do parque “exigiu uma articulação virtuosa dos setores públicos e a empresa”. Além disso, conforme a montadora, foi deixado um legado não somente para Minas Gerais, mas para o mundo.
“Trabalhamos juntos, em sintonia e harmonia, o MPF, o ICMBio e a FCA, com a consciência da importância do projeto e comprometimento com a preservação deste gigantesco patrimônio arqueológico, cultural e ambiental para as futuras gerações”, disse a nota.
O Parque Nacional foi inaugurado na última sexta-feira (16/12), às 14h, no Centro de Visitantes do local, em Januária. A cerimônia contou com a participação do Ministério Público Federal (MPF), do ICMBio e de outras autoridades.
O Parque
A área abriga 140 cavernas e 80 sítios arqueológicos, além da grande variedade de pinturas rupestres com até 11 mil anos. Com a estrutura recente, o parque tem trilhas, mirante e passarelas de proteção a sítios arqueológicos.
Além disso, há também um grupo de condutores ambientais treinados e credenciados pelo ICMBio para garantir uma experiência segura e única aos visitantes. O local, neste ano, se tornou cenário do documentário “Peruaçu — Parques Nacionais”.
O principal atrativo do Parque é a gruta do Janelão, onde está a maior estalactite do mundo, a Perna de Bailarina, com 28 metros de comprimento. Outra atração é gruta Bonita que, além de ser a única caverna totalmente escuta aberta a visitação, tem salões e galerias repletos de espeleotemas.
Confira outros atrativos do Peruaçu
- Lapa do Índio
- Caminho da Lapa do Boquete
- Caminho da Lapa dos Desenhos
- Caminho da Lapa do Rezar
- Caminhos da Lapa do Caboclo e Cálcio
Nas cavernas do Peruaçu chama atenção as estalagmites e estalactites, estruturas de rochas sedimentares quimiogênicas encontradas dentro de cavernas. Elas são formadas pela precipitação de compostos dissolvidos em água, que, ao serem formadas dentro de cavernas, são chamadas de espeleotemas.
O local funciona de quarta a domingo, de 8h às 18h, sendo que a entrada nos atrativos é permitida somente até às 14h. O Arco do André, por sua vez, tem entrada permita até às 12h.