A mineira Letícia Maia, de 22 anos, que ficou conhecida por trabalhar com a guru Katiuscia Torres, voltou a Minas Gerais após ser presa e deportada dos Estados Unidos em novembro deste ano. Conforme o advogado da família da jovem, ela está “bem” e em uma viagem de fim de ano com os pais e irmãos.
O caso envolvendo Letícia ganhou repercussão após seu pai publicar um pedido de ajuda nas redes sociais afirmando que a jovem havia desaparecido pouco depois de ir para os Estados Unidos participar de um programa de “au pair” - tipo de intercâmbio em que a viajante trabalha como babá em casas de famílias estrangeiras. Na época, o homem disse que a filha havia abandonado o programa e desaparecido após se envolver com Katiuscia. A denúncia de desaparecimento foi descartada pela Polícia Civil de Minas.
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Letícia se manifestou um dia após o pedido de ajuda feito pelo pai. Em um post publicado no Instagram, ela afirmou que não foi sequestrada, nem cooptada por Katiuscia, mas que decidiu cortar relações com a família devido a abusos frequentes que teria sofrido do genitor quando era criança.
Posteriormente, Letícia, Katiuscia e Desirrê, uma outra jovem que também foi dada por desaparecida após se envolver com a guru, reapareceram afirmando que foram sequestradas pela modelo brasileira Yasmin Brunet. As acusações foram rapidamente desmentidas pelo próprio trio, que alegou que 'tudo não passou de uma brincadeira”. “A gente não teve escolha e foi obrigado a começar a fazer deboche e piada com o caso”, escreveu a mineira no Instagram.
A conta do Instagram de Letícia acabou banida da plataforma. O perfil estava sendo usado pelo trio para mostrar o “estilo de vida” e atacar personalidades, como Yasmin.
Relembre o caso
Kat Torres é influenciadora digital e diz ser guru espiritual. Ela começou a ser investigada depois que parentes e amigos passaram a procurar uma jovem levada para os Estados Unidos para morar com ela. A suposta vítima deletou as redes sociais e aplicativos de mensagens e interrompeu todo contato com a família.
O caso originou um boletim de ocorrência por suspeita de tráfico humano e uma campanha nas redes sociais. Outros relatos semelhantes foram divulgados em uma página na internet e reunidos pela advogada Gladys Pacheco, que representa cerca de 15 pessoas que se apresentam como vítimas de Kat Torres, inclusive a jovem procurada pela família.
"Entre outras coisas, ela pedia dinheiro para resolver, de forma milagrosa e secreta, os problemas dessas vítimas", explica Pacheco, que diz que os supostos atos da influencer podem configurar tráfico de pessoas, tortura, redução a condição análoga à de escravo, favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual, extorsão religiosa e charlatanismo.
Segundo a advogada, os casos foram enviados para o Ministério Público Federal, que analisa se apresentará denúncia. À reportagem, a Procuradoria declarou que o inquérito está em sigilo e, por isso, não pode divulgar informações.