Tripulantes aéreos votam nesta quinta-feira (22) uma proposta de convenção coletiva de trabalho que, caso seja aprovada pela categoria, pode encerrar a greve que há quatro dias afeta aeroportos do país.
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As companhias aéreas oferecem aos trabalhadores reposição total da inflação medida pelo INPC (5,97%) mais 1% de aumento real. Conforme a proposta, o reajuste incide sobre salários fixos e variáveis, pagamento de diárias em todo o território nacional, seguro, multas por descumprimento da convenção coletiva e vale-alimentação.
O presidente do SNA, Henrique Hacklaender, disse em um vídeo que a suspensão da greve será automática caso a categoria aprove a proposta. Ele defende que, em caso de rejeição, será necessário endurecer a mobilização de pilotos, copilotos e comissários.
"Se votar 'não', a greve continua, mas precisamos ser claros: a categoria tem de ter responsabilidade pelo seu voto", disse Hacklaender. "No caso de reprovação, vamos ter de continuar a greve, e ela vai ter de ser de forma intensiva, vai ter de endurecer, porque, afinal de contas, nós passamos quatro dias aqui e tivemos essa proposta."
O reajuste não incide sobre diárias internacionais por serem pagas em dólar americano, euro ou libra. A reposição salarial de todos os salários fixos e variáveis seria feita com base no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
A categoria pedia inicialmente um aumento salarial de 5%, além da reposição inflacionária. Além da proposta menor, de 1%, os tripulantes não conseguiram incluir na convenção coletiva uma definição para horário de folgas e regras que impeçam a alteração dos descansos pelas empresas.
À reportagem, presidente do sindicato disse que não conseguiria avaliar se a proposta tem mais chance de ser aprovada ou rejeitada. "É uma avaliação muito difícil de ser feita, uma vez que a gente está falando de uma base de votação de sete mil pessoas. Vamos descobrir com o resultado se a categoria vê a proposta como um ganho real ou não", disse.
Às vésperas do Natal, a paralisação já afetou ao menos 20 aeroportos do país, com atrasos e cancelamentos de voos.
Até as 12h desta quinta, Congonhas registrava 37 atrasos e 17 cancelamentos, segundo a Infraero. No Rio, o Santos Dumont, também operado pela Infraero, teve 35 atrasos e 11 voos cancelados. A assessoria, no entanto, diz que nem todos os transtornos estão relacionados à greve.
Já o Galeão, também no Rio, registrou duas decolagens atrasadas, e a operação foi normalizada em seguida. A situação foi parecida no aeroporto de Confins, na Grande Belo Horizonte, que tinha três atrasos até as 10h.
Em Guarulhos, dois voos saíram com atraso. No Distrito Federal, o aeroporto de Brasília registrou 27 atrasos entre as 67 decolagens previstas até a tarde desta quinta.
O Aeroporto Internacional Salgado Filho registrava, até as 8h, cinco atrasos. Já em Fortaleza, o painel indicava cinco voos atrasados e um cancelado.
17 HORAS DE ATRASO
A greve e o tempo ruim no Sudeste fizeram com que o advogado Ciro Brito, 29, e um grupo de outros passageiros levassem cerca de 25 horas no trajeto entre o Rio de Janeiro e Belém, no Pará. O itinerário, com uma conexão em Guarulhos, deveria ter sido cumprido em sete horas e 20 minutos, na previsão inicial.
"Levei na esportiva porque não tinha muito jeito, mas foi uma saga pra chegar em casa", conta.
O motivo inicial do atraso no voo, que sairia do aeroporto Santos Dumont às 9h35 de quarta-feira (21), foi a paralisação. Os passageiros só foram liberados para embarcar uma hora e meia depois, mas a demora foi agravada pela chuva no Rio. Sem condições de decolagem, ficaram todos por cerca de duas horas dentro do avião até a aeronave alçar voo.
A viagem seguinte de Brito, de Guarulhos para Belém, já estava perdida por conta dos atrasos iniciais. Grupos com destino a aeroportos do Pará, Maranhão e Pernambuco se depararam com filas enormes em Cumbica para remarcar suas viagens.
"A companhia aérea, a Latam, não tinha se preparado mesmo com todas essas horas de atraso para nos receber e encaminhar, e era muita gente", diz o advogado.
Foram necessários esperar duas horas na fila para ser atendido, depois outras duas horas até conseguir transporte até o hotel onde a companhia havia hospedado os passageiros. Brito almoçou às 18h. Nesta quinta-feira (22), seu voo das 6h25 para Belém atrasou apenas 40 minutos. Entre a previsão inicial de chegada e o pouso final, foram cerca de 17 horas de atraso.