A travessia para as praias, cidades históricas ou do interior de Minas é motivo de preocupação para aqueles que viajam nesta época do ano – seja para as festividades do fim de ano, seja para o período de férias. Segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, há possibilidade de que as chuvas possam ser mais volumosas do que na temporada passada.
Para dar suporte aos viajantes mineiros, a reportagem do Estado de Minas mapeou, em duas edições (hoje e amanhã), trechos perigosos, pontos de atenção, obras, desvios, bloqueios e muitos segmentos esburacados para que os motoristas não sejam surpreendidos. A primeira é a BR-381, entre São Paulo e Governador Valadares. (Veja a arte)
Não há dúvidas de que a porção Norte é a que mais demanda preocupação, uma vez que, por ser palco de tantos acidentes, ganhou o nome de Rodovia da Morte, e por estar desde 2014 em processo de duplicação. A via é uma importante ligação entre o Vale do Aço, Governador Valadares e as praias apreciadas pelos mineiros no litoral baiano, como Porto Seguro.
Mas os percalços começam na saída de BH, após o Anel Rodoviário, onde se concentram motoristas que vão trafegar pela BR-381, mas também os que se dirigem à BR-262, rumo ao Espírito Santo, uma vez que as duas estradas são coincidentes até João Monlevade.
Obras e estreitamentos de pista impõem ainda mais lentidão aos motoristas – desde a ponte sobre o Rio das Velhas –, onde os radares alertam os condutores, que desaceleram muito, obrigando carretas e caminhões a reduções e a lentas retomadas de velocidade. A situação segue até o corredor de cones e cavaletes, que concentra o tráfego em uma pista para as observações da barreira da Polícia Rodoviária Federal, em Sabará.
Até João Monlevade há vários trechos ruins. O pavimento de concreto duplicado já está esburacado nas curvas que antecedem e sucedem a ponte, na altura do km 412, em Nova União (Grande BH). Seções inteiras apresentam crateras, rachaduras e expõem o solo, além de vergalhões. Desvios bruscos nesse segmento de alta velocidade trazem riscos de acidentes. O mesmo se vê mais adiante, em Roças Novas. Os paliativos de asfalto para tapar o buraco do concreto são aplicados, como em Bom Jesus do Amparo, mas resistem pouco às chuvas e logo se abrem novamente.
CURVAS E BURACOS Já em pista única, depois de Bom Jesus do Amparo, as sucessivas curvas fechadas entre subidas e descidas fortes se tornam ainda mais traiçoeiras com a proliferação de buracos. Um dos segmentos mais críticos se concentra em 12 quilômetros, entre os kms 374 e 362, de São Gonçalo do Rio Abaixo a João Monlevade. Dentro da cidade de João Monlevade, além do tráfego local, os motoristas também enfrentam asfalto em condições ruins e muitos buracos. Não à toa, é farta a oferta de borracharias e guinchos de resgate ao longo da beira da estrada.
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Outro trecho problemático fica no km 317, após o Viaduto da Prainha, em Antônio Dias, e nos 47 quilômetros seguintes, até o km 270, em Timóteo, onde o motorista enfrenta um pavimento irregular, com muitos buracos, asfalto remendado e degradado, sem falar que há desvios e estreitamentos dos canteiros de obras de duplicação. Em Antônio Dias, o barranco ameaça engolir parte da pista ampliada e o tráfego foi desviado para dois túneis novos que passaram a ser usados.
Mesmo com esses perigos, o professor Antônio Prata, aposentado do Departamento de Engenharia de Transportes do Cefet-MG e doutor em engenharia, com tese em mobilidade urbana, afirma que os trechos duplicados já significaram uma melhoria para os viajantes, restando ampliar a obra e ter cuidado onde ainda não foi ampliada. "Nos pontos entre Caeté e João Monlevade, onde já há cerca de 70 quilômetros entregues, e posteriormente à frente de Antônio Dias, onde também há segmentos em pistas duplas, já há uma melhora significativa com redução do tempo de viagem", aponta.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informa que as rodovias sob sua administração, como a BR-381, têm contratos de manutenção vigentes. "Sempre que necessário, as empresas responsáveis realizam serviços de tapa-buracos, melhorias no pavimento e na sinalização, entre outros serviços rotineiros. O departamento, entretanto, alerta para problemas pontuais e interdições em decorrência das chuvas que atingem o estado há vários dias.”
BR-381: tráfego deve chegar a 3,1 milhões de veículos
Mesmo completamente duplicada entre Belo Horizonte e São Paulo, a BR-381 Sul (Fernão Dias) também reserva perigos devido ao fluxo intenso de veículos – muitos deles de cargas pesadas –, aliado ao volume de chuvas nesta época do ano, o que facilita a abertura de buracos em alguns trechos.
A concessionária Arteris Fernão Dias calcula um tráfego de 3,1 milhões de veículos entre 23 de dezembro e 3 de janeiro, sendo um milhão durante o réveillon. Já na saída de Betim, na Grande BH, entre o Carrefour e a Fiat, do Km 483 ao Km 487, a pista tem pontos degradados, com o aparecimento de buracos. É preciso também atenção com as obras no complexo de viadutos que divide a BR-381 e o contorno de Betim, com acesso ao Triângulo Mineiro.
Na região das serras de Igarapé, Itatiaiuçu e Mairiporã (SP), pode ocorrer a formação de neblina e nevoeiro, dificultando a visibilidade dos motoristas. O pavimento também apresenta buracos em alguns trechos, como após a ponte sobre o Córrego Vermelho, no km 537, em Itatiaiuçu, nos acessos à cidade de Perdões, na altura do km 649, após a ponte sobre o Rio Grande até o trevo de entrada para Lavras, pela rodovia Paulo Menicucci, a BR-265. Essa via se encontra em péssimo estado de conservação, com muitos buracos ao longo de um trecho de 13 quilômetros.
A concessionária Arteris Fernão Dias informou que implementará reforço operacional, sendo que a operação especial vai contar com novo dispositivo de sinalização luminosa em dois pontos da rodovia, no Sul de Minas.
SINALIZAÇÃO Em Pouso Alegre, nas proximidades do km 870, foram implantadas 20 placas luminosas, em uma extensão de 230 metros, para alertar para a geometria da pista no período noturno. O mesmo ocorreu entre os kms 920 e 923, em Camanducaia. “Esse modelo de sinalização foi inspirado em metodologias implantadas em Portugal e é uma inovação aqui no Brasil. Sem dúvida, significa ampliar a segurança, para uma viagem sem acidentes,” afirma o gerente de operações, Edivaldo Braga.
A Arteris destaca que há previsão de chuva durante os feriados e, por isso, recomenda algumas posturas, como fazer a revisão do veículo, checando pastilhas e fluido de freios, sistema elétrico e luzes, pneus, alinhamento e balanceamento, níveis de óleo e água no radiador. “Planeje o trajeto, tenha certeza de que está bem para dirigir, evite excessos de bagagem, respeite as leis de trânsito, a sinalização e descanse”, são algumas das dicas.
A empresa informou ainda que sua estrutura conta com 334 câmeras, 12 bases de atendimento, 25 guinchos leves e pesados, 18 ambulâncias e 885 profissionais para atendimentos em pista.