Quem percorre os 110 quilômetros da rodovia BR-262/BR-381 entre Belo Horizonte e João Monlevade, no trecho conhecido como Rodovia da Morte, corre riscos a cada uma das mais de 200 curvas fechadas de vias estreitas e tráfego pesado. Mas quem segue adiante não encontra melhores condições se o destino for a Zona da Mata e o Espírito Santo, pela rodovia BR-262, onde no trecho mineiro, de 198 quilômetros, nada menos do que 165 (83%) apresentam buracos, fendas, barreiras que ameaçam desmoronar e outros perigos.
A sensação de quem ultrapassa as dificuldades já descritas do trecho coincidente das BRs 381 e 262, entre BH e João Monlevade, é de preocupação no caminho para o Leste. As pistas são estreitas, não há separações de sentidos e as vias estão erodidas. A sensação é de um local que foi abandonado. Não por acaso, todas as cinco licitações desse trecho, tentadas desde 2013, não encontraram candidatos para investir em duplicações e melhorias.
O próprio aspecto do asfalto impede que motoristas arrisquem ganhar muita velocidade, sob o risco de ter algum defeito no veículo e comprometer a parte mecânica ou furar os pneus.
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Há segmentos inteiros arruinados, como se fossem as rachaduras profundas dos leitos secos de rios do semiárido durante as estiagens mais prolongadas. São quilômetros inteiros onde o asfalto tem tantas trincas que, quando são maiores, aparentam ser calçamentos de rochas brutas, e onde se intrincam mais, dão a impressão de que se passa por sobre uma rua de pedrinhas onde o pavimento se esfacela em pedaços.
SEM DAR TRÉGUA Entre Bela Vista de Minas e Abre Campo, buracos, falhas na pista e ameaças de queda de barreiras se multiplicam por 96 quilômetros, sem dar trégua aos condutores. Em uma pista tão estreita e malconservada, acelerar para ultrapassar pode significar pneu estourado simplesmente por imprimir maior velocidade.
Em Abre Campo, as chuvas de janeiro de 2022 fizeram ruir o km 96 da estrada. Foram várias tentativas de desvios em estradas rurais, muitas delas condenadas pelos órgãos de Defesa Civil, onde carretas e veículos de passeio atolaram e ficaram dias retidos, arriscando as vidas de seus condutores e passageiros. Até que, em 6 de outubro, um desvio definitivo foi permitido pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Comerciantes, viajantes, vendedores, estudantes e ambulâncias puderam voltar a circular por dentro da cidade, evitando improvisos e desvios de mais de 200 quilômetros.
Mas a alegria durou apenas até a passagem para a outra cidade, uma vez que, do outro lado, as condições precárias não foram melhoradas. Os buracos já estavam lá e se agravaram muito em Matipó, ao longo de 30 quilômetros, praticamente a mesma distância de suplício para quem roda entre Reduto e Martins Soares. No entanto, quem chega a esse ponto ainda encontra buracos no Espírito Santo, entre Pequiá (Luna) e Ibatiba, mas são condições melhores do que as de Minas Gerais a Vitória.
CONTRATOS O Dnit informa que as rodovias sob sua administração têm contratos de manutenção vigentes e, sempre que necessário, as empresas responsáveis realizam serviços de tapa-buracos, melhorias no pavimento e na sinalização, entre outros serviços rotineiros. "O Departamento, entretanto, alerta para problemas pontuais e interdições em decorrência das chuvas que atingem o estado há vários dias", informa.
“Ainda de acordo com o órgão de infraestrutura, a BR-262 sofreu, em Vargem Linda, no km 179, uma erosão no acostamento da rodovia federal. As equipes sinalizaram o local e orientam os usuários que trafeguem com cautela na região.”