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Estado de Minas SERRA DA PIEDADE

Santuário sem data para voltar a receber os fieis

Complexo arquitetônico da Basílica Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, permanecerá fechado enquanto não for concluída obra para conter rocha que ameaça cair


27/12/2022 04:00 - atualizado 27/12/2022 07:14
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Serra da Piedade
Basílica Nossa Senhora da Piedade ficará fechada neste fim de ano e sem data marcada para voltar a receber os fiéis (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Um dos monumentos mais visitados em Minas, com média anual de 500 mil pessoas, ficará fechado neste fim de ano – e ainda não tem data marcada para voltar a receber brasileiros e estrangeiros. O motivo, resolvido em parte, decorre da retirada de 500 toneladas de uma rocha distante um quilômetro da histórica ermida (a menor basílica do mundo), que guarda a imagem da padroeira do estado, Nossa Senhora da Piedade. O singelo templo integra o complexo arquitetônico, paisagístico, espiritual e cultural do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade – Padroeira de Minas Gerais, na Serra da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

O reitor do santuário, padre Wagner Calegário de Souza, explica que a retirada de parte da rocha (16 metros de altura por 3m de largura) não pôs fim ao problema, detectado em 15 de outubro, quando foram identificadas fissuras nessa parte do maciço. Segundo ele, será necessário revestir a rocha com uma “cortina atirantada”, numa área de 1 mil metros quadrados.

A instalação da cortina será supervisionada pela equipe geotécnica do santuário, composta por engenheiros e geólogos e empresa especializada, e vai cobrir a rocha com uma tela de aço e cabos, os quais ficarão presos com grampos. “Essa intervenção só tem similar em áreas de mineração, e não em lugares públicos”, afirmou padre Wagner.

O agravamento da situação decorreu da temporada de chuvas, o que levou a direção do santuário, vinculado à Arquidiocese de Belo Horizonte, a tomar as medidas de urgência para garantir a segurança de todos. “Caso houvesse uma queda da rocha, a tragédia seria maior do que a de Capitólio”, acredita o padre, numa referência ao desabamento de parte de um cânion na cidade do Sul de Minas, em 8 de janeiro, que provocou a morte de 10 pessoas.

O prejuízo é grande na região de entorno, pois o santuário representa um atrativo turístico único. “Na última vez em que fechamos as portas, os comerciantes tiveram perdas em torno de 90%”, contou o reitor no último dia 15, ao percorrer o trecho, que estava coberto por densa cerração e com baixas temperaturas.

Em 2019, 590 mil pessoas estiveram no topo da Serra da Piedade, numa média de 10 mil a cada fim de semana, “mesmo com as dificuldades de acesso pela rodovia BR-381”. Num comparativo, Ouro Preto, na Região Central, cidade reconhecida como patrimônio mundial, recebe de 500 mil a 600 mil pessoas, segundo a prefeitura local.

TRÊS CURVAS

Conforme mostrou reportagem do Estado de Minas, as obras no local denominado Três Curvas começaram em 18 de outubro, data em que foi interrompida a visitação de romeiros devido às rachaduras em um dos pontos próximos ao caminho que leva à maior elevação da serra. Na véspera, houve movimentação de caminhões transportando areia e cascalho para formar um “colchão” na pista e, assim, proteger o asfalto das pedras lançadas durante a remoção. Naquele dia, a arquidiocese divulgou que cada metro cúbico da rocha pesava três toneladas, e que não haveria implosão da rocha, que foi dilapidada com uso de maquinário e desmanche controlado.

Os serviços são custeados pelo próprio santuário, a partir de doações da Família de Devotos de Nossa Senhora da Piedade, e, como se trata de um monumento natural, todas as intervenções foram comunicadas ao Instituto Estadual de Florestas (IEF).

O material retirado da rocha, fragmentado, foi usado na recomposição da Trilha de São Francisco, caminho usado pelo frei Rosário Jofylly (1913-2000), frade dominicano que ficou 51 anos à frente do santuário. “Desde o início, houve várias etapas nos serviços. Nosso objetivo é ampliar o monitoramento, a fim de afastar riscos”, disse o reitor.

ACESSO

O acesso ao Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade – Padroeira de Minas Gerais, na Serra da Piedade, em Caeté (RMBH), ainda é um fator limitador ao turismo. A duplicação da rodovia BR-381 é uma velha reivindicação dos mineiros e entrou na pauta de prioridades dos dois candidatos à Presidência da República – o eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a dizer: “Vai ser uma questão de honra acabar com a estrada da morte e criar a estrada da vida”.

Sobre a rodovia estadual MG-435, que liga a BR-381 a Caeté, no total de 13,9 quilômetros, o Departamento de Edificação e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG) informa que mantém o monitoramento das condições de tráfego, principalmente com o início do período chuvoso.

Em nota, a assessoria do Departamento afirma que “no geral, a situação da rodovia é considerada em bom estado de conservação.” E mais: “Durante o ano e de forma preventiva para o período chuvoso, foram realizadas ações de manutenção rotineira, que compreendem a operação tapa-buracos, roçada e capina da faixa de domínio, limpeza do sistema de drenagem e conferência da sinalização horizontal e vertical”.

Quase três séculos de fé e história

Quando a equipe do EM visitou o alto da Serra da Piedade, no último dia 15, o vento aumentava a sensação de frio, com a névoa cobrindo o topo e aumentando a beleza da chamada “magnífica arquitetura divina” do santuário, que guarda, no altar-mor da ermida do século 18, a imagem da padroeira de Minas, Nossa Senhora da Piedade, esculpida por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814).

A fama do maciço teria começado entre 1765 e 1767, conforme a tradição oral, com a aparição de Nossa Senhora, com o Menino Jesus nos braços, a uma menina, muda de nascimento, cuja família vivia na comunidade de Penha, a seis quilômetros da serra. Nesse momento, a menina teria recuperado a fala. Na sequência, em 1773, o templo seria construído pelo ermitão português Antônio da Silva, o Bracarena.

Na história de quase três séculos, devem-se destacar personagens importantes, caso de padre José Gonçalves, irmã Germana, frei Luís de Ravena, monsenhor Domingos Evangelista Pinheiro, com suas religiosas auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, cardeal Motta, e frei Rosário Jofylly e o missionário italiano padre Virgílio Resi. O monumento arquitetônico e natural é tombado pelo estado, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo município de Caeté.

ENQUANTO ISSO...

...Mineira beatificada será padroeira da juventude

Beatificada em cerimônia, há duas semanas, em sua terra natal, Barbacena, na Região Central de Minas, a mártir Isabel Cristina (1962-1982) será padroeira do Vicariato de Juventude da Arquidiocese de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. A iniciativa é do arcebispo metropolitano Dom Gil Antônio Moreira, autor da proposta de que a nova beata seja a “patrona dos universitários”, pois Juiz de Fora tem milhares de estudantes, e Isabel Cristina, quando assassinada, em 1º de setembro de 1982, com 15 facadas, estava se preparando para o vestibular de medicina.

 
 


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