"Ela está com bastante medo, ficou traumatizada, não está saindo na rua, está apreensiva, tem medo de alguém chegar com faca e furar ela", conta o advogado Mariel Marra, que defende Cristal Pérola, 34. "Ela acreditou que ia morrer".
Cristal Pérola é uma mulher trans que vive no bairro São Cristóvão, em Belo Horizonte, onde foi brutalmente agredida por cinco homens na noite do dia 16 de dezembro.
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Ao passar pela quadra central do condomínio, teria ouvido agressões verbais. De acordo com Marra, não foi a primeira vez que ela sofreu ameaças.
"Mas foi a primeira vez que retrucou", diz ele. "Em razão de uma vida de preconceito, de agressões, nesse dia ela deu um basta, deu seu grito, e por causa disso foi agredida."
Em vídeo enviado pelo advogado à reportagem é possível ver os homens em ataque conjunto contra Pérola, que tenta se defender. Ela recebe socos e chutes violentos de todos eles e cai.
Segundo o advogado, ela sofreu vários ferimentos pelo corpo e cabeça e teve uma costela fraturada.
Dos cinco agressores, três já foram identificados e três são menores, afirma Marra.
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Ele diz que havia outras pessoas ao redor no momento do crime, mas elas apenas observaram e filmaram. "Ninguém fez intervenção em favor dela, ninguém separou. Foi só no final, depois de tanta pancada, que alguém falou: chega; se não, tinham matado ela ali."
Marra conta que foi feito um boletim de ocorrência na 1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. "O caso foi registrado como injúria, mas nosso trabalho é para que esse fato seja tipificado como crime de transfobia", fala.
A Polícia Civil de Minas Gerais informou que instaurou inquérito policial para apurar os fatos relatados e que "diligências estão em andamento e outras informações serão fornecidas em momento oportuno para não prejudicar o andamento do procedimento".
Até a publicação desta reportagem, a Folha de S.Paulo não conseguiu contato com nenhum responsável pelo Conjunto Habitacional IAPI.