Jornal Estado de Minas

CAPITAL DO 'GRAU'

Área para prática do 'grau' na Pampulha será desativada neste sábado

A capital nacional do “grau” vai ficar sem um espaço seguro para a prática do esporte sobre duas rodas. Isso porque a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) decidiu não renovar a permissão concedida em março deste ano, que concedia aos amantes do wheeling - ou seja, empinar o veículo - o direito de dar o “grau” em um espaço público vazio na Avenida Clóvis Salgado, no Bairro Bandeirantes, na Região da Pampulha. 





local que tem 58 mil metros quadrados livres e asfaltados estava sendo usado desde março deste ano. No entanto, o Termo de Permissão de Uso é válido apenas até este sábado (31/12) e não será renovado. Questionada pela reportagem, a PBH afirmou que o espaço é público e de “interesse” da prefeitura. ”Já foi informado à associação de que não será renovada a concessão do espaço”, afirmou o executivo municipal por meio de nota. 

Contrário à desativação da licença, o vereador e deputado estadual eleito, Bim da Ambulância (Avante), autor do projeto de lei que transformou a cidade em “a capital do grau”, reconhece que a PBH possui o interesse de usar a área na Avenida Clóvis Salgado para outros fins, mas afirma que, até o momento, não há nada de concreto. “Na segunda quinzena de janeiro, eu vou sentar com o prefeito Fuad para a gente tratar da utilização daquele mesmo espaço ou outro espaço da cidade. O que eu ofereci para aquela área de princípio foi o uso para práticas aos sábados e domingos”, explicou em entrevista ao Estado de Minas

Para o vereador, com a proibição da atuação do que ele chamou de “família do grau”, o local voltará a ser frequentado por usuários de drogas e pessoas que fazem manobras com carros e motos sem a devida supervisão. 





“Nós usamos aquele espaço porque, até então, não havia tido nenhum investimento da prefeitura, do estado ou da união. A partir de domingo, ele vai se encontrar à disposição dos usuários de drogas, de traficantes da região, de garotas de programa, e de práticas de manobras em carros e motos sem um responsável legal, porque isso já acontecia lá e eu acredito que isso vai voltar a acontecer”, disse Bim da Ambulância.

Riscos 

Apesar da manobra com motos ser característica nas ruas de Belo Horizonte, a sua prática é considerada pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) crime de trânsito gravíssimo, já que a instabilidade em cima de uma única roda aumenta as chances de queda. E as quedas têm a capacidade de proporcionar um “efeito dominó” no trânsito. Caso a Polícia registre boletim, o infrator pode receber sete pontos na CNH, multa de R$ 293,47, suspensão do direito de dirigir e recolhimento do documento de habilitação.

Mesmo sendo a favor do “grau” no espaço concedido pela prefeitura, o vereador reconhece que praticar o grau é infração gravíssima e assim deve continuar, porque se for feito sem cuidado e equipamentos de proteção, como o capacete, pode colocar em risco o condutor e terceiros. Mas, por isso, é necessária a existência de um espaço seguro. 





Em agosto deste ano, o influenciador digital Gabriel Rangangan sofreu um acidente no Anel Rodoviário. O garupa, Cristiano Mendes, que era  amigo dele de infância, morreu no local. Os dois estavam fazendo grau em uma das vias mais movimentadas de Belo Horizonte. Ambos foram arremessados da moto após a batida, de acordo com a Polícia Militar.

O que é o grau?

O grau é um movimento em que o condutor de uma moto anda somente em uma roda, geralmente a traseira, enquanto a empina. Basta rodar pelas periferias de Belo Horizonte para encontrar motociclistas “dando grau”. Além de motos, a manobra também pode ser feita com bicicletas. O "grau" é da cultura periférica e é uma febre entre os jovens.

Para trazer mais adrenalina, alguns costumam andar somente na roda da frente ou empinar a moto enquanto ficam de pé no banco, segurando o guidão da moto. De qualquer forma, o grau pode causar acidentes graves nesse tipo de manobra, em que o risco é muito maior.