As fortes chuvas na cidade histórica de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, têm causado inundações em casas e afetado a qualidade da água em distritos. A situação tende a piorar com risco de deslizamentos de terra e inundações, de acordo com o alerta da Defesa Civil à população de que haverá chuvas de 100 a 200 milímetros acumulados até domingo (8/1). Nos próximos sete dias, o índice pode chegar a 300 milímetros de chuva.
Para este fim de semana, a região da cidade com previsão de maior índice pluviométrico é o distrito de Cachoeira do Campo, que nesta sexta-feira (6/1) poderá atingir a marca de 61,5 milímetros. Depois vem o distrito de Amarantina, com um volume de chuva de 59, 5 milímetros.
Até nesta sexta-feira já choveu 30% do esperado para o mês todo, a média histórica de chuvas para o mês de janeiro é de 330 milímetros. Em dezembro de 2022, choveu 300 milímetros, que corresponde a 94% da média esperada para o mês. Ao comparar com dezembro de 2021, o índice de chuvas chegou a 380 milímetros e ultrapassou 20% da média esperada para o mês.
Em janeiro de 2022, o volume de chuva foi de 425 milímetros, valor 30% superior à média esperada para todo o mês. Devido ao acúmulo dos dois meses, vários escorregamentos de solo aconteceram, um deles foi no Morro da Forca, que soterrou o casarão histórico Solar Baeta Neves.
Risco constante
De acordo com o site da Defesa Civil de Ouro Preto, a cidade tem 313 áreas de risco, esse número tem sido apontado desde as chuvas de janeiro de 2022, que deixaram mais de 200 pessoas desalojadas e desabrigadas.
Em nota, a prefeitura informa que Ouro Preto tem um terreno bastante peculiar, o qual apresenta muitas áreas de risco geológico. Com a ocupação desordenada de expansão da cidade desde a metade do século passado, aliada às chuvas características da região, muitas famílias atualmente vivem em áreas de risco.
A prefeitura ainda diz que medidas têm sido tomadas para evitar o transbordamento de rios e deslizamento de terra na cidade. Há monitoramento constante da Rua Padre Rolim e do Morro da Forca. A prefeitura também informa que houve obras de contenção na Estrada do Salto e no Bairro Caminho da Fábrica, manutenção de estradas vicinais, manutenção e troca de redes pluviais em todo o município.
Também houve o desassoreamento do Rio Maracujá, localizado nos distritos de Amarantina e Cachoeira do Campo e do Rio Cuiabá, em Santa Rita.
Qualidade da água
A grande quantidade de chuvas nos reservatórios de distribuição não é sinônimo de qualidade na água que chega à torneira dos ouro-pretanos. A Vigilância sanitária de Ouro Preto enviou à Fundação Ezequiel Dias (Funed) amostras de água distribuídas na cidade. Segundo o relatório, foram detectadas mudanças no padrão de turbidez, de cloro e a presença de coliformes.
Um processo administrativo foi instaurado pela Vigilância Sanitária de Ouro Preto em dezembro de 2022 contra a Saneouro. A empresa sul-coreana tem até 16 de janeiro para apresentar documentos que contraponham os relatórios da Vigilância Sanitária. “Vamos apresentar o recurso e estamos tranquilos sobre o resultado que apresentaremos” diz o superintendente as Saneouro, Evaristo Beline.
Em relação à qualidade da água, o superintendente da Saneouro disse à reportagem que é comum nessa época do ano com mais chuvas que a captação de água em poços superficiais apresente uma frequência maior de contaminação.
O especialista em saneamento básico conta que nos doze distritos da cidade há redes de distribuição, mas o mais afetado por contaminação devido ao período sazonal é Santa Rita de Ouro Preto, por ter uma captação superficial.
“Estamos trabalhando com perfuração de poços de 300 metros de profundidade em cinco locais. Em Santa Rita será eliminada a captação superficial, já fizemos teste de vazão e outorga foi aprovada e o poço entrará em operação até maio de 2023; os demais até o final do ano” finaliza.