Templo de fé, convivência, solidariedade e também espaço de arte, conhecimento, cultura. Em construção na Região Norte de Belo Horizonte, a Catedral Cristo Rei deverá inaugurar, em fevereiro, a Escola Santa Maria Ars Pulchra (do latim, obra bela), especializada na milenar criação e produção dos mosaicos – nesse caso, os mosaicos litúrgicos.
Segundo o coordenador da escola, vinculada à Arquidiocese de Belo Horizonte, padre Mateus Lopes, o trabalho terá como base a espiritualidade, a fé cristã, tanto na concepção quanto nas cores. “Usaremos pedras brasileiras, entre elas a azul bahia no manto de Nossa Senhora”, diz o sacerdote, que é titular da Paróquia Santíssima Trindade, no Bairro Gutierrez, na Região Oeste de BH.
Entusiasta da iniciativa, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, também presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), afirma que a escola de mosaicos da Catedral Cristo Rei estará “a serviço da fé, da solidariedade e também da cultura, contribuindo para a formação espiritual e artística de muitas pessoas, especialmente aquelas que vivem nas comunidades pobres e precisam de oportunidade para fazer florescer seu talento”.
O arcebispo observou sobre a importância da escola para as muitas comunidades de fé da Arquidiocese de BH, “com a concepção de obras de arte que favoreçam o encontro do ser humano com Deus, a partir da contemplação do belo, pois a arte aproxima ainda mais o ser humano do transcendente”.
A Escola Santa Maria Ars Pulchra funcionará na Catedral Cristo Rei, cujas obras foram iniciadas há nove anos pela Arquidiocese de BH, com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012).
ESPIRITUALIDADE
Para dirigir a escola, inicialmente com oito alunos e já com um trabalho a ser feito, padre Mateus fez curso no Instituto Oriental Centro Aletti, em Roma, Itália – especializado na milenar arte dos mosaicos modernos, nos estilos bizantino e romano. “O serviço será feito a mão, com uso também de granito e mármore, e a ideia é transmitir, por meio das imagens, a espiritualidade.”Na escola, pessoas com idade superior a 16 anos poderão aprender a técnica milenar dos mosaicos. “Importante destacar que não se trata de uma escola de belas-artes, mas um local, com aulas teóricas e práticas, voltado para a dimensão espiritual. A base, o princípio é a manifestação da fé, da doutrina cristã católica”, explica o padre Mateus.
“Os mosaicos modernos, no estilo bizantino dos séculos 10 e 11, permitem que cada pessoa se reconheça na arte a partir da dimensão da fé”, acrescenta padre Mateus, certo de que essa arte milenar tem “peculiar poder de comunicação pela espiritualidade que contém e expressa”, em cores, movimentos, formas. “A arte dos mosaicos é algo além da estética.”
TÉCNICA
A escola de mosaicos vai ensinar não só a técnica de obras que ornamentam interior e fachada de igrejas em vários países, como também esculturas e vitrais. O padre belo-horizontino Gleicion Adriano Silva, que, em 2014, se preparou na Itália para ensinar a arte dos mosaicos, será um dos formadores da escola, com sede na Catedral Cristo Rei. Desse país europeu chegaram a BH dois equipamentos importantes para a produção das peças, que são usados na confecção de quadros e murais. A Escola de Mosaicos da Arquidiocese de BH, filial do Instituto Oriental Centro Aletti, vinculado à Pontifícia Universidade Gregoriana, será a segunda na modalidade no Brasil.No Brasil, há uma escola especializada no Pará, que forma mosaicistas ou profissionais que trabalham especificamente com os mosaicos bizantinos. A técnica remonta ao século 4 e retrata, com pequenas pedras, rostos de santos, cenas bíblicas e outros motivos religiosos.