Jornal Estado de Minas

BOEMIA

Jovens tentam novo recorde de ficar 48 horas seguidas em pastelaria

Quem aproveita a vida noturna de Belo Horizonte, conhecida nacionalmente como a capital dos bares, acaba passando invariavelmente por ambientes que surgem a cada esquina.

Um dos locais mais marcantes e que já foi "esquenta", ponto de encontro ou "fim de noite" de muito boêmio belorizontino é o Rei do Pastel, em suas várias unidades na região Centro-Sul ao longo dos últimos anos.



Foi pensando nisso que um grupo de quatro estudantes de Ciência da Computação da UFMG resolveu se desafiar e tornar o hobby mineiro em competição passando 24 horas seguidas no Rei do Pastel, no dia 26 de novembro de 2022, com todos os acontecimentos devidamente registrados em uma rede social criada apenas para o "evento".

A repercussão não foi muito grande, mas suficiente para chamar atenção de outros três jovens. Lucas Chelala, estudante de Ciência do Estado da UFMG, Diogo Neiss, estudante de Ciência da Computação da UFMG, e Eduardo Oliveira, estudante de Psicologia da Unesp, decidiram bater esse recorde e passar 48 horas consecutivas no Rei do Pastel 1, na esquina da Avenida do Contorno com a Rua Professor Moraes, das 16h de quinta-feira (12/1) até o mesmo horário do sábado (14/1).

 

 

"A gente estava em uma festa e aí conversando falamos 'os caras ficaram 24h, vamos ficar 48h?'", contou Lucas. Ao que Diogo, aos risos, afirmou que eles já fizeram "loucuras parecidas" relembrando idas a calouradas em Viçosa.





Contudo, os dois ressaltaram que desta vez eles terão regras a seguir.

As regras

Entre as regras estão:Ao serem perguntados se poderão dormir, Edu afirmou que vão levar "travesseiros para tentar dormir, mas pode cochilar na cadeira". Já a chuva será enfrentada com capas de chuva e guada-chuvas.

 

Quarenta e oito horas seguidas

Lucas Chelala, Diogo Neiss e Eduardo Oliveira chamaram amigos para ajudá-los a ocupar o enorme tempo ocioso que terão ao longo do desafio (foto: Thiago Bonna/EM/D.A Press)
"Um dos nossos grandes medos é a gente se olhar por 48 horas", afirmou Eduardo, que destacou que, para fugir da monotonia, foi montado um grupo: "Amigos que achamos que iam comprar a piada e estamos escalando para um horário específico, vão entreter a gente".

Entre as atividades programadas para a busca pelo "recorde" de maior permanência no Rei do Pastel estão um workshop de balão de bexiga, apostas em cavalos, campeonato de truco e até um show da banda Escadacima, que vai aproveitar o evento para lançar uma música em um setlist que deve contar com cerca de uma dezena de canções. 





 

 

 

"Alguém sugeriu de fazer uma luta de boxe, mas nós ficamos com medo de complicações com a prefeitura", afirmaram os desafiantes.

Desconhecidos, intrigados com o objetivo dos três, prometeram se unir - por diferentes motivos - ao grupo. Enquanto uns afirmaram que irão cumprir o desafio com eles, outros anunciaram que a intenção é "encher o saco deles e fazer desistirem em quatro horas", relatou Eduardo.

O temor, de acordo com Chelala, é que após bater às 24 horas, eles fiquem desanimados para prosseguir com o desafio.

"Agora a gente não pode dar para trás mais. Ficou muito grande", afirmou Diogo, demonstrando surpresa com a proporção que a brincadeira tomou.



A expectativa dos jovens, todos com 22 anos, é que o exotismo da ideia atraia cerca de 200 pessoas ao longo dos dois dias.

Para tentar passar pela aventura de forma higiênica, até onde é possível ter em meio a uma ideia dessas, os três vão contar com "pano umidecido, desodorante em pedra e fé", de acordo com Lucas.

Emprego, desemprego e universidade

 

Críticos ao projeto exótico chamaram os estudantes de desempregados; um deles espera conseguir um trabalho durante as 48 horas no Rei do Pastel (foto: Reprodução/Instagram)
Para colocar a ideia para frente, os estudantes tiveram que se organizar e hierarquizar suas prioridades.

Lucas Chelala pegou dois dias dos 15 das férias que ele teria direito no estágio. Já Diogo Neiss afirmou que, por trabalhar por hora, vai "para o escritório agora, fazer horas extras e ficar tranquilo no dia".

Aparentemente, o que realizou mais renúncias para tocar a ideia pra frente foi Eduardo Oliveira.



"Minhas aulas voltaram na segunda-feira (9/1), e eu vou 'bombar' em uma matéria por causa dessa palhaçada. Eu não tenho mais falta pra gastar, e nessa eu vou 'rodar'", lamentou, aparentando já estar conformado com as consequências da decisão de não voltar para Bauru, cidade do interior de São Paulo onde estuda, no prazo do retorno estudantil.

Apesar de ser o único que não está formalmente empregado ou estagiando, Eduardo revelou uma meta pessoal durante o desafio.

"Meu objetivo pessoal é arrumar um trabalho neste evento", afirmou. Em sequência, um dos amigos brincou: "Na próxima entrevista de emprego tu fala sobre resiliência e determinação".

Ao serem perguntados se já receberam críticas, Lucas fala que algumas pessoas comentaram nas redes sociais que isso é "coisa de desempregado". O designer Rafael Seabra, conhecido como Ryu, responsável pela identidade visual da "competição", afirmou que eles estão com a idade certa para fazer esse tipo de coisa.

A situação também trouxe uma certa fama para eles que, após serem citados pelo blogueiro Maurício Cid em uma live, passaram a chamar atenção no online e no offline.

"Uma pessoa me parou na rua, eu estava indo na padaria comprar pão, e falou: 'Você é o cara que vai ficar 48 horas no Rei do Pastel?'", contou Lucas afirmando que nunca tinha visto o curioso cidadão.

Ao serem perguntados se planejam fazer isso novamente, Lucas afirma que só "se alguém bater o recorde".