Jornal Estado de Minas

VIOLÊNCIA

Justiça: menino Ian Henrique é enterrado com cerimônia marcada pela emoção

Cerimônia do adeus sob grande emoção, debaixo de tempestade e com forte aparato da Polícia Militar. Foi sepultado no fim da tarde desta quarta-feira (11), no Cemitério Municipal do Carmo, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o corpo do menino Ian Henrique de Almeida Rocha, de 2 anos e 6 meses, que morreu na madrugada de terça-feira (10), após internado no Hospital de Pronto-socorro João XXIII, na capital.





 

 

 

Durante o velório, a tia de Ian, Daiane Araújo, disse, em lágrimas: "Acabou a minha família. Estamos destruídos. A única coisa que queremos é justiça. A justiça tem que ser feita. Este é um dia muito difícil para nós".


Uma equipe da Polícia Militar esteve no local para garantir a segurança de Márcio da Rocha Souza, de 31, pai de Ian e ex-companheiro de Izabela Carolina de Almeida Costa - a visita ao filho estava prevista, mas não ocorreu. Ele está preso sob suspeita de maus-tratos ao garoto, e teve autorização judicial para uma rápida despedida.
 
A namorada dele e madrasta de Ian, Bruna Cristina dos Santos, também está presa e é suspeita de maus-tratos ao menino, que apresentou hematomas na cabeça, queixo e nuca. O casal mora no Bairro Jaqueline, na Região Norte de BH, onde Ian, pela  guarda compartilhada, passou a primeira semana do ano.





Fabrício Diego Cassanjo Costa, advogado de Izabela Carolina (foto: Túlio Santos/EM/D.A press)
Segundo o advogado de Izabela Carolina (residente em Santa Luzia), Fabrício Diego Cassanjo Costa, a criança chegou ao Hospital Risoleta Neves, às 5h40 de domingo (8), em estado de coma. Depois foi levada ao João XXIII, onde teve duas paradas cardíacas. "O próprio corpo clínico do hospital chamou a polícia", contou o advogado.

INVESTIGAÇÃO

 
O advogado Cassanjo Costa explicou que a família de Izabela Carolina quer que "toda a investigação transcorra na maior lisura para se obterem as respostas".

O advogado disse que, em maio de 2021, a mãe de Ian, separada de Márcio há mais de um ano, lavrou um boletim de ocorrência após o menino voltar para casa com hematomas e "o ouvido sangrando". O atendimento fora feito na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), no Bairro São Benedito, em Santa Luzia. Em outra ocasião, a madrasta do menino teria feito ameaças a Izabela Carolina.




 
Cemitério Municipal do Carmo, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (foto: Túlio Santos/EM/D.A press)
 

CONTRADICÕES

 

Os suspeitos estão presos, pois, em sua decisão, a juíza Juliana Beretta Kirche Ferreira Pinto aponta "profundas contradições" entre os depoimentos dos envolvidos, que alegam queda acidental da criança. "Os depoimentos dos autores são extremamente frágeis, inconsistentes, carecem de credibilidade", avaliou a juíza. A Justiça também considerou que houve crime de maus-tratos.