Usuários do transporte público de Belo Horizonte devem ter um início de semana complicado. A partir desta segunda-feira (16/1) os trabalhadores dos ônibus da capital entram em greve após negociações frustradas com as concessionárias. A paralisação abrange as linhas que circulam exclusivamente dentro da cidade.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte e Região (STTRBH), mesmo com a paralisação, os coletivos circularão com, ao menos, 30% da capacidade total. A paralisação deve ser acentuada no período da manhã.
“Nossa intenção não é criar o caos, por isso vamos ter até mais do que a escala mínima do transporte funcionando. O sindicato quer negociar, a greve é o último recurso, porque as empresas não se mostraram dispostas”, disse Luciano Gonçalves, responsável pelo departamento de comunicação do STTRBH.
O sindicato anunciou a greve na última sexta-feira (13/1). Entre as reivindicações dos funcionários do transporte coletivo da capital estão o retorno do pagamento do ticket alimentação durante as férias, mudanças nas regras de intervalo de trabalho e um reajuste salarial com ganho acima da inflação.
Os trabalhadores também reclamam um reajuste nos vencimentos semelhante ao concedido em cidades da região metropolitana. Na Grande BH, os funcionários tiveram um aumento de 8,2% nos salários, enquanto na capital, a oferta das empresas de transporte é de 7,19%.
Os funcionários argumentam que as dinâmicas do trânsito de Belo Horizonte exigem mais dos motoristas e, por isso, não faria sentido que o reajuste do salário fosse menor do que nas cidades da região metropolitana.
Ainda de acordo com o sindicato da categoria, não é possível antecipar uma taxa de adesão dos trabalhadores à paralisação. O impacto da greve, portanto, será mensurável apenas na segunda-feira.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) afirma que não recebeu nenhum comunicado de greve, mas que diante do anúncio dos trabalhadores, encaminhou um ofício ao Ministério Público do Trabalho (MPT) solicitando audiência de mediação.
De acordo com a entidade patronal, a reunião de mediação deve incluir a Prefeitura de Belo Horizonte, uma vez que o reajuste dos trabalhadores seria imediatamente repassado às tarifas cobradas dos usuários. O SetraBH ainda aponta que o subsídio emergencial concedido pelo Executivo Municipal em julho de 2022 foi apenas uma forma de viabilizar custos de operação do aumento de 30% no número de viagens.
No fim do ano passado, uma outra greve foi anunciada pelo STTRBH. O movimento marcado para 26 de dezembro, no entanto, foi suspenso após reunião de emergência convocada pelo MPT. Em reunião entre as empresas e os trabalhadores ocorrida em 4 de janeiro, o SetraBH manteve a proposta de reajuste de 7,19% e, diante da oferta, os rodoviários decidiram pela paralisação.
PBH
A Prefeitura de Belo Horizonte afirma que apelou para que os sindicatos patronal e laboral cheguem a um consenso. De acordo com a PBH, a responsabilidade pelas negociações com os trabalhadores é exclusiva das concessionárias.
Sobre o reflexo do reajuste salarial dos trabalhadores na tarifa dos ônibus, a prefeitura afirmou que o índice de 8,2% de aumento reivindicado pelos trabalhadores será considerado no equilíbrio econômico-financeiro do contrato firmado com as concessionárias.
CDL
Na sexta-feira, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) solicitou ao MPT que os ônibus da capital funcionem em escala mínima. De acordo com estimativas da entidade, uma paralisação dos coletivos afetaria um milhão de passageiros na cidade e região metropolitana e traria prejuízos ao comércio.
O MPT não se pronunciou sobre o pedido e o STTRBH afirma não ter sido comunicado. O sindicato também diz que a operação de, no mínimo, 30% das viagens é uma decisão tomada exclusivamente entre os trabalhadores para reduzir os prejuízos aos usuários.