O calor do verão leva muitas pessoas a procurarem o refresco de cachoeiras, rios, lagoas e até represas, tudo é válido para fugir das altas temperaturas, por outro lado, os riscos de acidente são reais. Nos primeiros dias de 2023, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) já atendeu 38 ocorrências de afogamento, número que representa mais da metade dos casos registrados no mesmo período em 2022. Esse ano, 17 pessoas já morreram no estado.
Ainda de acordo com dados do CBMMG, em 2022 foram atendidos 798 casos de afogamento, 11% a mais do que no ano anterior. O maior número de acidentes foi constatado em fevereiro e março, com 120 e 141 casos respectivamente. Dezembro e janeiro também registram números elevados de casos nos últimos cinco anos.
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No último domingo (15/1), quatro pessoas morreram por afogamento em Minas Gerais. No município de Raposos, na região Metropolitana de BH, dois homens de 30 e 34 anos que nadavam na represa do Parque Poço da Barragem, não conseguiram voltar à superfície e morreram no local.
Já em Curvelo, na Central Mineira, um jovem de 15 anos que nadava com seu irmão em uma lagoa, foi encontrado, já sem vida, em uma profundidade de quatro metros. Na cidade de Maxacalis, no Vale do Mucuri, um homem de 57 anos também se afogou, totalizando quatro mortes ao longo do dia.
Cuidados
Os bombeiros recomendam que as pessoas não subestimem a força das águas. A Porta-Voz Thaíse destaca que é necessário conhecer o local que vai frequentar antes de adentrar. Se for uma piscina, por exemplo, é importante saber a profundidade, se for uma cachoeira, um rio, é preciso identificar a força da correnteza ou se possui obstáculos como pedras e galhos.
Outro ponto de atenção é não abusar da confiança para não se colocar em situações desnecessárias. "Às vezes a pessoa pensa que sabe nadar e entra em risco. Ela pensa que sabe nadar muito bem e acaba negligenciando os perigos do local”, observa a capitã dos bombeiros.
Ainda segundo a porta-voz 87% das vítimas de afogamento são homens entre 20 e 37 anos, o que pode ser entendido como um sinal de pessoas se colocando em situações de imprudência. O cuidado com a ingestão de bebidas alcoólicas também deve ser levado em consideração.
“A ingestão de bebidas alcoólicas também interfere muito, pois a pessoa tende a ficar mais corajosa e destemida. Ela tenta se exibir para os colegas, achando que vai conseguir atravessar uma distância longa ou pular de alguma ponte ou pedra alta e acaba se arriscando”, destacou Thaíse Rocha.
Ainda no domingo (15/1) um homem de 32 anos, que segundo testemunhas estava sob efeito de álcool, saltou de uma ponte sobre o Rio Paraopeba, em Jeceaba, na Grande BH. A vítima não voltou a submergir e até esta terça-feira (17/1) ainda está desaparecida.
Segundo os bombeiros, dois amigos pularam para tentar ajudá-lo, mas sem sucesso. O rio ainda está em um nível elevado devido às chuvas dos últimos dias e possui uma correnteza acentuada. Os bombeiros ainda buscam o homem.
Crianças
O calor atrai muitas crianças para corpos d’água, que estando em período de férias escolares também procuram o refresco de rios e lagos. A capitã Thaíse explica que com os pequenos o cuidado tem que ser redobrado, já que afogamento é a segunda maior causa de morte entre crianças de 5 e 12 anos.
“Não adianta colocar uma bóia e deixar a criança solta. O afogamento nessa idade é rápido e silencioso, podendo acontecer em pequenas quantidades de água, como baldes e bacias. Então é preciso ter uma atenção constante e redobrado”, diz Thaíse.
Na tarde de domingo (15) dois irmãos de 6 e 8 anos estavam nadando na cachoeira Socó, no município de Guarani, próximo a Ubá, na Zona da Mata. O local é uma pequena queda d’água do Rio Pomba onde as crianças submergiram e não foram mais avistadas.
O pai dos meninos tentou resgatar os dois, mas não conseguiu alcançá-los. Ambos foram levados pela forte correnteza, que segundo os bombeiros, dificulta as buscas. Até esta terça-feira (17/1) eles também não foram encontrados.
Os bombeiros recomendam que os pais não fiquem a mais de um braço de distância das crianças, além de manterem ela sob a responsabilidade constante de um adulto. “Nunca deixe uma outra criança maior, olhar a menor. Elas têm esse instinto de curiosidade, então a tendência é quererem explorar e descobrir, aumentando o risco”, completa Thaíse.
*Estagiário sob supervisão de Fernanda Borges