A Prefeitura de Sacramento, município do Triângulo Mineiro, emitiu nota de esclarecimento na manhã desta quarta-feira (18/1), onde muda a versão sobre a morte de uma gestante de 20 anos que veio a óbito após ser atingida na cabeça por um monitor cardíaco da ambulância em que era transportada após passar mal. O caso aconteceu na última segunda-feira (16/1).
Na primeira versão, divulgada ainda na segunda-feira, Marcelo Sivieri, médico auditor da Secretaria de Saúde de Sacramento, disse que o acidente havia sido causado por uma manobra brusca que precisou ser feita pelo motorista da ambulância.
O equipamento fica preso no veículo por um velcro, mas, devido ao impacto da manobra e o peso, teria se soltado e atingido a cabeça da vítima.
Já na versão divulgada hoje, que o próprio Marcelo Sivieri assina, é dito que a mulher sofria crises convulsivas e que isso, somado às manobras da ambulância, fez com que o aparelho se desprendesse e caísse sobre ela. O documento diz, ainda, que uma das duas técnicas em enfermagem presentes chegou a amortecer a queda do monitor cardíaco. Veja o que diz o trecho da nota:
“Em um cenário de agitação motora da paciente, bem como manobras realizadas pela ambulância na saída da cidade de Sacramento, ocorreu desprendimento de um monitor cardíaco de seu suporte, com queda sobre a paciente. Ressalta-se que o equipamento estava preso com velcro e rede, além de seus fios próprios. Salienta-se ainda, que uma das técnicas amorteceu sua queda antes do contato com a paciente, que foi avaliada e monitorada pelo médico durante todo o percurso.”
Estado grave antes do acidente
De acordo com o médico Marcelo Sivieri, a paciente deu entrada no PSF do bairro onde residia com quadro de hipertensão e crises convulsivas. No local, a vítima foi diagnosticada com Eclâmpsia Grave Complicada com Síndrome HELPP parcial.
“Cabe ressaltar que os quadros de Eclâmpsia e de síndrome HELLP são de extrema gravidade e que podem, por si sós, causar complicações como insuficiência renal, hemorragia hepática, edema agudo de pulmão, hemorragia pulmonar, descolamento prematuro de placenta, coagulação intravascular disseminada, hemorragia intracraniana e óbito. Sabe-se que a letalidade materna em casos de síndrome HELLP é de até 25%, e que grande parte destes óbitos (cerca de 26%) ocorre em função de hemorragia intracraniana.”
Outro ponto da nota diz que a paciente já apresentava quadro “bastante grave” e sinais de “dano cerebral” antes mesmo do transporte e que “é um equívoco atribuir o trágico desfecho apenas ao lastimável acidente ocorrido”.
O documento afirma também que, até o momento, sem análise dos exames de imagens e laboratoriais realizados no Hospital de Clínicas da UFTM, não é possível avaliar até que ponto o acidente ocorrido durante o transporte teve influência na morte da paciente.
A jovem morreu na chegada do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. O bebê foi salvo e passa bem, informou a instituição de saúde. A prefeitura e a Polícia Civil investigam se houve alguma negligência por parte dos profissionais na ambulância.
A Secretaria de Saúde de Sacramento, juntamente com a Santa Casa de Misericórdia, lamentaram o acontecido e afirmaram que não irão medir esforços para melhorar o atendimento de seus pacientes.
A nota da Secretaria de Saúde de Sacramento pode ser lida na íntegra clicando aqui.
O que diz a Secretaria de Saúde de Sacramento
Em contato com a reportagem do Estado de Minas, o Secretário de Saúde de Sacramento, Reginaldo Afonso dos Santos, afirmou que a mudança da versão inicial dos acontecidos se deu pois a nota foi escrita após uma reunião com a equipe presente no momento do acidente, um médico, uma enfermeira, duas técnicas em enfermagem, além do motorista da ambulância.
Portanto, segundo ele, a primeira versão dada pelo médico auditor da Secretaria de Saúde de Sacramento, Marcelo Sivieri, era preliminar, ainda sem uma apuração aprofundada do acontecido.
De acordo com Reginaldo, não houve negligência no atendimento. Ele ressaltou que, devido ao estado de gravidade da paciente quando esta deu entrada no PSF de seu bairro, foi disponibilizada uma equipe de atendimento grande, com quatro profissionais da saúde, para fazer o transporte da paciente para o município de Uberaba, também no Triângulo Mineiro, e lamentou a fatalidade.