Selvas de pedra, concreto para todos os lados. Assim são as metrópoles e Belo Horizonte, que um dia teve título de 'cidade jardim', hoje não pode mais se orgulhar de tamanha honraria. A capital apresenta sim pequenos oásis em que o verde da natureza, a fauna e flora tentam sobrevier diante de constante ameças. Nesse cenário, muitos belo-horizontinos atenderam ao chamado de dezenas de coletivos e, neste domingo (22/01), se reuniram em frente à Mata do Jardim América, na Região Oeste da cidade, para se manifestarem contra a autorização para construção de grandes edificações e uma lista de corte de 465 árvores.
Leia Mais
Defesa Civil aponta cinco tremores de terra em TiradentesMineiro pode pegar prisão perpétua nos EUA por latrocínioDuas pessoas ficam feridas em queda de elevador Risco geológico: apenas a Região Leste de BH não está em alertaPreso em BH integrante de grupo de sequestradores de DiamantinaHomem mata em festa ao ver companheira dançar com outroCorpo de homem é achado com ferimentos na cabeça dentro de córregoPara a pequena ativista, Júlia Bonitese, de 10 anos, moradora do Bairro Grajaú, "a manifestação é imporante não só para os adultos e as crianças, mas para a consciência do ser humano, que precisa fazer algo para proteger a mata. A flora e a fauna serão prejudicados e temos de lutar, juntos".
Júlia, aliás, criou o projeto "Pequenos Protetores do Planeta (PPP) (@projeto.ppp), quando tinha 8 anos, em meio à pandemia da COVID-19. Sua mãe, Karina Bonitese, professora, revela que um belo dia a filha falou durante um almoço que "mãe, preciso criar alguma coisa para conscientizar as crianças sobre a natureza".
Karina conta ainda que tanto Júlia, quanto Mariana, de 5 anos, são criadas por ela e o marido, o médico Thiago, vinculadas à natureza e à consciência ambiental. Eles sempre frequentam parques, praças... "Na pandemia, com o isolamento rigoroso, a Júlia sentiu muita falta de estar perto da natureza e, com as aulas on-line, estudou sobre mudança climática, os tipos de vegetação, e ela despertou para essa atitude".
Karina conta ainda que tanto Júlia, quanto Mariana, de 5 anos, são criadas por ela e o marido, o médico Thiago, vinculadas à natureza e à consciência ambiental. Eles sempre frequentam parques, praças... "Na pandemia, com o isolamento rigoroso, a Júlia sentiu muita falta de estar perto da natureza e, com as aulas on-line, estudou sobre mudança climática, os tipos de vegetação, e ela despertou para essa atitude".
Júlia disse que, agora, faz palestras em escola, conversa com mais crianças e também dá oficinas de "bombinhas de semente". Ela explica que "as sementes são envolvidas em papel reciclado, triturado no liquidificador. Envolvemos a semente e ela vai germinar. Pode ser de qualquer espécie e as crianças levam para plantar onde quiserem. E estou animado porque acredito que as crianças estão entendendo o que falo e todos querem ajudar a natureza."
Já Juliana Minardi, moradora do Bairro Jardim América, educadora, ambientalista e jornalsita, destaca que "hoje (22/01) demos um abraço na mata para mostrar a importância de preservar uma das últimas áreas verdes de BH. Nosso abaixo-assinado já tem mais de 16 mil assinaturas e a defesa da mata já foi abraçada por todos moradores da capital. É importante que a legislação considere não só o privado, mas também o direito coletivo, o direito à vida, saúde e do meio ambiente. Já vivemos com área verde abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)", alerta.
Já Juliana Minardi, moradora do Bairro Jardim América, educadora, ambientalista e jornalsita, destaca que "hoje (22/01) demos um abraço na mata para mostrar a importância de preservar uma das últimas áreas verdes de BH. Nosso abaixo-assinado já tem mais de 16 mil assinaturas e a defesa da mata já foi abraçada por todos moradores da capital. É importante que a legislação considere não só o privado, mas também o direito coletivo, o direito à vida, saúde e do meio ambiente. Já vivemos com área verde abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)", alerta.
O Manifesto
O Manifesto "SOS Mata Jardim América" alerta que “diante do cenário de emergência climática e catástrofes com enchentes se tornando cada vez mais comuns, tirando vidas e com grande impacto econômico, é importante considerar essa questão não apenas sob a ótica particular e local, mas sim sobre os direitos de todos da cidade, do estado e do país, considerando o direito social da propriedade”.
Durante o protesto, ocorreu manifestações artísticas do Movimento Lambuzados e do Boi Rosado Ambiental, meditação, oficina de música com instrumentos naturais e flautas, a força dos maracás indígenas, poesias, doações de mudas e demonstrações de amor à natureza.
Luta de décadas
Vale registrar que há 13 anos moradores da região já lutavam pela preservação da mata do Jardim América. Hoje, o local, segundo o Plano Diretor da cidade, é uma Área de Preservação Ambiental (PA1), por conter grande diversidade de árvores – algumas centenárias -, por ser um rico ecossistema, com centenas de animais silvestres, um deles de espécie avistada pela primeira vez na cidade, o pássaro caneleiro.
Assim, o movimento é contrário à construção de grandes obras na região e protocolou junto ao Ministério Público um manifesto pedindo a anulação do acordo e da licença ora concedida, para que haja a ampla participação da sociedade e a devida preservação da área. O documento levanta questionamentos importantes, como possíveis divergências de valores de metragens, defasagem dos estudos de impacto ambiental, sobreposição de torres no espaço que teria sido acordado de ser preservado e mudanças do Plano Diretor da cidade, que hoje enquadra o local como Área de Preservação Ambiental (PA 1), de máximo grau de proteção.