O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) realizou nesta quinta-feira (26/01) a 3ª Fase da Operação “Penitência”, em combate à organização criminosa que atuava no Presídio de Varginha, no Sul de Minas. Policiais penais já foram condenados por crimes de corrupção passiva, receptação e embaraço às investigações. Agora, foram oferecidas outras denúncias e dois novos mandados de prisão preventiva foram cumpridos.
De acordo com o Ministério Público, foram oferecidas quatro novas denúncias contra cinco pessoas pela prática de sete crimes, como corrupção passiva, embaraço, informante do tráfico de drogas, peculato e tentativa de homicídio quadruplamente qualificado.
"Os policias, então diretores, tinham sob seu poder uma caminhonete objeto de depósito judicial, que era utilizado de modo particular. Mesmo após a segunda fase e a soltura deles, eles permaneceram com o uso do veículo de forma particular", ressalta o promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Igor Serrano.
O promotor também deu detalhes sobre a e tentativa de homicídio quadruplamente qualificado. " Um preso contou que após denúncias, um agente fez ameaças contra ele e a famÍlia dele. E queria que ele praticasse suicídio. Ele até tentou, deixou um bilhete, mas sobreviveu. Depois ele procurou o MP para relatar o ocorrido", explicou o promotor
As investigações tiveram início no começo do ano passado. Na época, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, cinco mandados de prisão preventiva e um de prisão temporária contra os investigados. Todos foram denunciados pela prática de 11 crimes e presos preventivamente para não atrapalharem as investigações.
"Já tivemos duas fases anteriores com o oferecimento de duas denúncias. A primeira denúncia já foi julgada e dois policiais penais respondiam pela prática de seis crimes. Eles foram condenados. Ambos respondem no regime-semiaberto e perda dos cargos. A segunda fase ocorreu contra o oferecimento de uma nova denúncia pela prática de 11 crimes. A instrução ainda não se encerrou. Após esse trabalho, recolhemos vários objetos e ouvimos mais testemunhas e chegamos a mais quatro denúncias", diz o promotor.
Segundo o MP, as propinas chegavam a R$ 15 mil. “Policiais penais cobravam propinas das pessoas privadas de liberdade para os mais diversos fins, dentre eles transferências ou permanência na unidade local (onde o regime semiaberto é domiciliar), obtenção de trabalho externo ou interno e outros confortos. Advogado e particulares foram identificados como sendo intermediários das propinas”, informa MP.
Entre os envolvidos está o diretor-geral do presídio, Welton Donizete Benedito. Segundo as investigações, ele cobrava propina direta e por intermédio de advogados.“Instruções processuais chegam ao fim e 12 pessoas são condenadas pela Justiça no âmbito da investigação. Penas, somadas, superam 120 anos de reclusão. Multas superam R$620.000,00. A maior parte dos condenados prossegue em prisão preventiva”, completou o promotor Igor Serrano.