Minas Gerais foi o estado com maior número de trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão em 2022. Levantamento divulgado pelo Ministério do Trabalho e Economia mostra que 1.070 ocorrências foram registradas em território mineiro no ano passado.
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Entre as 462 ações de fiscalização realizadas no Brasil no ano passado, a que encontrou mais trabalhadores em situação de exploração também aconteceu em Minas Gerais. Em Varjão de Minas, no Alto Paranaíba, 273 pessoas foram resgatadas em uma fazenda de cana-de-açúcar. Ao todo, no país, foram resgatados 2.575 pessoas em contexto semelhante ao da escravidão.
O número de trabalhadores resgatados só na fiscalização feita em Varjão de Minas já é superior ao total de casos no segundo estado da lista, Goiás, que teve 271 pessoas encontradas em situação análoga à escravidão em 2022. Na sequência, fechando a lista com mais de 100 ocorrências, vem o Piauí, com 180; Rio Grande do Sul, com 156; São Paulo, com 146; e Mato Grosso do Sul, com 121.
No total, foram feitas 462 fiscalizações no país, sendo 32% delas feitas pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM). As ações alcançaram um total de mais de R$ 8 milhões em indenizações. Além disso, 1.122 trabalhadores alcançaram a formalização de contratos de trabalho, com o recolhimento de mais de R$ 2,8 milhões a partir do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Perfil dos trabalhadores
De acordo com levantamento do Ministério do Trabalho e Previdência, 92% dos trabalhadores resgatados eram homens, 29% destes com idade entre 30 e 39 anos. 35 crianças e adolescentes foram resgatados no ano passado.
Em relação à raça, 83% das pessoas encontradas em situação análoga à escravidão se autodeclaram negros ou pardos, 15% brancos e 2% indígenas.
Dos 2.575 trabalhadores resgatados, 148 eram migrantes de outros países, o dobro do registrado em 2021. Destes, 101 são paraguaios, 25 bolivianos, 14 venezuelanos, 4 haitianos e 4 argentinos.
A maior parte dos resgates, 73%, acontece na área rural, em plantações (especialmente de cana-de-açúcar, alho e café), na pecuária e na produção de carvão vegetal. No meio urbano, as ocorrências foram registradas na construção civil, restaurantes e confecção de roupas.
Denúncias de trabalho em condições análogas á escravidão podem ser feitas pelo Sistema Ipê do Ministério do Trabalho e Previdência.