A péssima condição da BR-262, que liga Belo Horizonte a Vitória, no Espírito Santo, foi pauta da reunião dos respectivos governadores dos dois estados, Romeu Zema (Novo) e Renato Casagrande (PSB), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recebeu os chefes do Executivo das 27 unidades da Federação na sexta-feira, em Brasília, no Distrito Federal. Os milhares de buracos e crateras também foram tema de uma reportagem especial do Estado de Minas, publicada ontem, e que percorreu centenas de quilômetros entre as duas capitais ao longo da última semana.
"A infraestrutura das rodovias federais que cruzam o estado deixa muito a desejar; estão em situação ruim. Queremos que essas estradas sejam recuperadas o quanto antes, entre elas as BRs 262, 040 e 381, vias federais que precisam de investimento e melhorias", disse Zema, ao falar sobre os temas levados ao encontro. O governador mineiro pediu também a privatização da BR-262, e Casagrande defendeu a duplicação da rodovia.
Com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o plano inicial previa um único edital, com as BRs 381 e 262. Depois, houve a separação – tática que o ministro dos Transportes de Lula, Renan Filho (MDB), pretende manter, a fim de preservar a atratividade das vias. O Estado de Minas pediu ao Ministério uma lista dos projetos relacionados às rodovias ao longo dos últimos governos, mas o órgão informou que a demanda estava sob análise da equipe técnica e não respondeu até o fechamento desta edição.
A ideia do Palácio Tiradentes é que a gestão de Lula contemple, em um edital, o trecho que liga BH ao Espírito Santo. Por isso, também há interesse do governador capixaba no desfecho do caso. "A gente acha que tem de ser um modelo de concessão. Só que os estudos indicam que é preciso aporte público, porque a tarifa (de pedágio) não vai dar conta. Seria uma parceria público-privada, em que se teria a tarifa casada a aporte público federal", explicou o secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais, Fernando Marcato.
O secretário, inclusive, crê que há fontes de recursos para custear a participação governamental nas obras de duplicação e melhoria da pista. "Uma das ideias, e isso foi aventado no ano passado, é que os recursos da repactuação de Mariana (ressarcimento ao estado pelo rompimento da barragem da Samarco na cidade da Região Central em 2015) que iriam para o governo federal, fossem destinados para a BR-262. É uma demanda tanto do governador Zema quanto do governador Casagrande", completou.
A outra porção da BR-262 liga Betim, na Região Metropolitana de BH, ao Triângulo Mineiro. Esse pedaço já está modelado para concorrência e, no fim do ano passado, foi tema de uma audiência pública conduzida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O edital do trecho também vai ser discutido com Lula.
BR-381
Paralelamente, o governo mineiro espera a concessão da BR-381, entre BH e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Renan Filho disse que a ideia de conceder a rodovia à iniciativa privada segue de pé. Neste momento, o edital da BR-381 é analisado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A avaliação dos termos da concessão cabe ao ministro Antonio Anastasia, ex-governador mineiro e senador pelo estado entre 2015 e o início do ano passado. "Segundo informações, ele (Anastasia) está na avaliação final para liberar a possibilidade de concessão da BR-381", assegurou Renan Filho, no dia 18. As obras na chamada "Rodovia da Morte", aliás, estiveram na lista de promessas feitas por Lula durante a campanha eleitoral. "Ganhando a eleição, vai ser questão de honra acabar com a estrada da morte e criar a estrada da vida", projetou, em outubro, durante entrevista ao EM e à TV Alterosa.
RODOVIAS
Outras partes da malha viária do estado também demandam atenção do governo estadual e federal, tais como a BR-116, de Governador Valadares até a Bahia e a concessão da BR-251, entre Montes Claros, no Norte, e o território baiano. Na BR-367, outra estrada que liga Minas à Bahia, o governo mineiro defende a recuperação integral da pista, além da pavimentação do trecho entre Jacinto, no Vale do Jequitinhonha, e Salto da Divisa, primeiro município depois da fronteira entre os dois estados. "A BR-367 é a artéria que vai de Diamantina até a Bahia. O trecho de baixo, de Diamantina a Turmalina, é do estado. Esse trecho, a gente já recuperou. O trecho para cima é federal e está um caos", explicou Fernando Marcato.