Empresários e contadores que atuam na produção, comercialização e reciclagem de sucatas e metais é investigado por esquema que sonegou quase R$ 500 milhões dos cofres públicos de Minas Gerais. Na manhã desta terça-feira (7/2), foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão contra os envolvidos.
A investigação identificou empresas de fachada, criadas para emitir notas fiscais falsas (notas frias) e simular operações comerciais. Com isso, os investigados conseguiam milhões em créditos frios de ICMS, que eram vendidos a outras empresas interessadas em sonegar.
As notas fiscais frias também eram usadas para encobrir a compra clandestina de metais. "A população percebe esses ilícitos quando fios de cobre são furtados e afetam o fornecimento de energia elétrica. Mas, isso é apenas a ponta do problema, que causa prejuízos bilionários para a sociedade", detalha Eduardo Fantinati, coordenador da investigação.
A operação investiga, ainda, um esquema de lavagem de dinheiro praticado por intermédio de outras empresas (holdings) administradas pelos investigados. "O foco dessa atuação não tem sido o pequeno furtador, mas sim, grandes grupos econômicos que fazem dinheiro com a sonegação", aponta Fantinati.
Os mandados foram cumpridos em Belo Horizonte, além de Nova Lima, Betim, Contagem e Sarzedo, na Grande BH. O esquema também envolve empresas do Rio de Janeiro. "Eles utilizavam os créditos fiscais, especialmente em operações interestaduais, e acabavam reduzindo ou anulando o pagamento do imposto em MG", explica Flávio Henrique Araújo, auditor fiscal da Receita Federal.
Operação
Essa é a quarta fase da "Operação Sinergia", conduzida pelo Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira), força-tarefa composta pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Receita Estadual, Polícias Civil e Militar.A operação já recuperou cerca de R$ 17 bilhões de ativos aos cofres públicos. "O trabalho continua em andamento justamente para aprofundar esse esquema criminoso, que pode revelar outros valores ilicitos", declara o coordenador da investigação.
As fases anteriores identificaram o envolvimento de agentes que atuam em diversas camadas da cadeia do setor econômico de metais, um dos mais estratégicos para Minas Gerais. As notas fiscais frias também eram usadas para encobrir a compra clandestina de metais.