A infestação do Achatina fulica, conhecido como caramujo africano, está preocupando moradores do bairro Sidil, em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas. Com medo do risco de transmissão de doença, uma denúncia foi registrada na Vigilância Ambiental.
Os moluscos se concentram, principalmente, em um lote vago na Rua Serra do Cristal. O problema é antigo. Entretanto, com o período de chuva tem se intensificado. Uma foto feita por um morador mostra os caramujos amontoados em vasilhas de ração e também na parede de um prédio.
“Há vários gatos de rua na região. Eu e outros vizinhos cuidamos dos gatos com água, ração e até veterinário. Eles têm contato com os caramujos e não sabemos se isso pode causar alguma doença nos gatos e, por consequência, na gente”, afirma o designer gráfico Leonardo Costa.
Ele mora no local há cerca de dois anos e meio e, desde então, diz ser comum encontrar caramujos. Com a infestação dos últimos dias, ele recorreu ao órgão competente.
“Já fiz reclamação no App da prefeitura sobre o lote sujo e citei esse problema na denúncia, mas nunca houve retorno. Ontem (7/2) abri uma denúncia no App, especificamente para a Vigilância Sanitária, e hoje cedo já recebi notificação no app, avisando que o problema será conferido”, relata Costa.
Costa diz que o lote, principal problema, chegou a ser limpo há poucos dias. Porém, sempre que a limpeza é feita os entulhos e matos são mantidos no local. “Além de servir de adubo para crescer tudo de novo, serve de abrigo para os caramujos”, afirma.
Medidas
Após a última denúncia feita pelo morador, os fiscais estiveram no local, nesta terça-feira (7/2). A Vigilância Ambiental solicitou que o proprietário do lote seja notificado para limpá-lo.
Como são mantidas vasilhas de ração para alimentar cães e gatos de rua, o fiscal também solicitou que a prática seja suspensa. O receio é de que o alimento possa estar atraindo os caramujos.
Orientações
A orientação da Vigilância Ambiental é para que os moradores recolham os moluscos. “Coloquem uma sacolinha ou uma luva, façam a catação na parte da manhã, que é mais fácil, coloquem em uma lata, faça a maceração do caramujo e coloque no lixo”, afirma o órgão. O uso de sal é descartado.
“De maneira nenhuma colocar vivo no lixo, porque vai transferir o problema de local. E se houver plantas, verduras na horta, se a pessoa quiser consumir, fazer uma higienização maior, dobrar uso de vinagre, água sanitária e o tempo de molho na água”, completa.
Transmissão de doenças
Bióloga e professora de zoologia da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) Divinópolis, Paula Zama explica que o caramujo africano é responsável por alguns problemas de saúde pública para os humanos por ser vetor de vermes nematódeos.
“Ele pode carregar o nematódeo Angiostrongylus cantonensis, que é causador da meningite eosinofílica no homem e também Angiostrongylus costaricensis que causa a angiostrongilíase abdominal, ambas zoonoses de outras partes do mundo que já são registradas no país. Além disso, as conchas dos caramujos africanos também servem como criadouro para larvas do mosquito Aedes aegypti, já que viram um depósito de água”, esclarece.
Assim como a maioria dos gastrópodes, o caramujo africano originalmente se alimenta de vegetais. “Mas como é um animal invasor que foi introduzido no país e invadiu vários tipos de ambientes, incluindo os centros urbanos, ele é capaz de comer qualquer tipo de resíduo orgânica incluindo rações de outros animais”, explica. Ela orienta a não deixar resíduos de alimentos em locais onde os caramujos são encontrados.