Atraindo cerca de 5 milhões de pessoas para as ruas de Belo Horizonte, o carnaval se consolidou como o principal evento do primeiro semestre na capital mineira e, talvez, o maior do ano. A folia é uma verdadeira força motriz não só de alegria e festa, mas para toda a economia da cidade, gerando empregos e oportunidades para quem deseja ganhar um “extra.” Após dois anos longe dos cortejos, a prefeitura espera que em 2023 cifras próximas a R$ 600 milhões sejam movimentadas durante o evento, que começou no último sábado (4/2) e se estende até o dia 26.
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Mesmo com o empecilho, o evento continua atrativo e o Executivo municipal arca com o restante dos custos para garantir a festa. “O evento foi qualificado com a integração da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) garantindo a sua organização, segurança e acesso da população, turistas e visitantes. Com planejamento antecipado para melhor estruturação da festa, conseguimos como resultado uma folia diversa e plural”, afirmou Castro.
O resultado esperado pelo município é uma arrecadação de R$ 24 milhões em impostos indiretos líquidos, ou seja, Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre Serviços (ISS).
A expectativa é que o evento supere a edição de 2020, levando meio milhão de pessoas a mais para as ruas da capital mineira. Neste ano, o número de blocos nas ruas também aumentou em 40%, saltando de quase 350 para uma programação com 493, além dos 539 cortejos que deverão levar multidões às ruas de todas as regionais, estimulando o consumo, comércio e os serviços da capital.
Patrocínio
Para o Sistema Fecomércio MG, Sesc, Senac e Sindicatos Empresariais, principal patrocinador do carnaval de Belo Horizonte, a consolidação do evento abre oportunidades para a cadeia do comércio, serviços e turismo da cidade, girando a economia da região. A edição de 2023 promete levar a festa de momo ao patamar de terceira maior do Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, mas superando os tradicionais carnavais de Salvador, na Bahia, e Recife, em Pernambuco.
O patrocínio da Fecomércio tem como um de seus objetivos incentivar a integração de estabelecimentos comerciais que normalmente ficam fechados durante os dias tradicionais de festa, sendo uma forma de reduzir os prejuízos aos comerciantes. “Dinheiro circulando é todo mundo ganhando”, resumiu o presidente do Sistema Fecomércio MG, Sesc e Senac em Minas, Nadim Donato. “Durante o carnaval, os bares, restaurantes e hotéis lotam, e isso pra nós é fundamental, pois o dinheiro vem pra dentro de Belo Horizonte. Logo, quando as lojas do varejo estiverem abertas na quarta-feira (de cinzas), a partir das 12h, esse dinheiro vai circular no comércio”, destacou Nadim.
Pesquisa
Duas pesquisas produzidas pela área de estudos econômicos e o setor de negócios turísticos da Fecomércio MG levantaram as expectativas do folião e do comerciante para o período carnavalesco. E indicam caminhos para que os comerciantes aproveitem e otimizem seus negócios para alcançar melhores resultados.
Com expectativa de aumento expressivo no fluxo de pessoas durante o período da folia, o comércio belo-horizontino tem motivos para ser otimista. E foi o que mostrou o levantamento feito pelo sistema Fecomércio MG, que entrevistou 291 empresários do setor varejista de 17 bairros que compõem as regiões Centro-Sul, Leste e Oeste, de Belo Horizonte – onde grande parte da festa se concentra.
Entre os empresários que responderam à pesquisa, 45,7% acreditam que o carnaval de rua de Belo Horizonte será positivo para as cadeias de comércio, serviços e turismo da cidade, 27,15% entendem que a festa não causará impacto, e 23,37% consideram que a folia será negativa, enquanto outros 3,78% não sabem ou não responderam.
Quanto aos negócios, 48,5% dos entrevistados esperam vender mais que no carnaval de 2020, e 21,3% esperam vender pelo menos o mesmo que na última edição da festa. Para melhor atender à demanda esperada no período, 23,5% dos comerciantes disseram que vão investir no aumento do estoque, 12,5% em treinamento a seus funcionários e 7,4% pretendem contratar mão de obra temporária.
“O carnaval é um vetor fundamental do turismo que precisa ser apoiado, para que uma capital como Belo Horizonte tenha um crescimento na recepção de turistas ou na própria retenção de seus habitantes. Assim, a gente pode ter um carnaval belíssimo que vai lotar os hotéis, bares e restaurantes”, completou Nadim Donato.
A pesquisa ainda revela que entre os motivos que levam o comerciante a considerar o carnaval positivo, o maior número de turistas e de pessoas circulando na cidade é o principal apontamento dos empresários, com 63,2% das respostas. O movimento nos estabelecimentos aparece em segundo lugar, com 32,3% da preferência.
Foliões animados
Pesquisa que leva em consideração a opinião dos foliões foi realizada entre 18 e 30 de janeiro, por meio de um questionário on-line com 921 respostas, e contou com o apoio da Belotur. Entre os entrevistados pelo Sistema Fecomércio, o carnaval tem uma adesão de 90,7%. Segundo o levantamento, 4,3% das pessoas que pretendem participar do carnaval de BH são de outros estados e 0,3%, de outros países. Esses números são semelhantes às expectativas da prefeitura, que calcula que dos 5 milhões de foliões que devem passar pela cidade, 200 mil sejam turistas (4%).
Dos entrevistados, 77,5% têm entre 25 e 49 anos, grupo etário relacionado a um poder aquisitivo mais consolidado. O levantamento aponta também que 40% dos foliões pretendem gastar entre R$ 100 e R$ 300 em fantasias, bebidas e alimentação no carnaval. A forma de pagamento mais escolhida é o cartão de crédito com uma parcela (33,1%), seguido de cartão de débito (32%), PIX (14,4%) e dinheiro em espécie (11,4%).
Um percentual de 35% dos foliões pretende confeccionar suas próprias fantasias. Essa preferência pelo conceito “faça você mesmo” pode elevar à procura por lojas de acessórios (em 58,3%) e armarinhos (em 51%), que vendem linhas, tecidos e outros produtos que possam auxiliar na hora da montagem. Produtos de baixo custo têm o maior impacto na hora de escolher o local para fazer compras.
Os ambulantes ainda conquistam a preferência do público quando o assunto é bebida: 67,3% dos entrevistados pretendem comprar diretamente com eles. No ranking de frequência da intenção de consumo de bebidas, a água deve ser consumida com maior regularidade por 79,3% dos foliões. Favorita de muitos, a cerveja ocupa a segunda colocação, com 57% respondendo que vão consumir o produto de forma reiterada. Fortes e potentes em teor alcoólico, os destilados aparecem em terceiro lugar, com 27,3% da preferência.
Por fim, em termos de alimentação, os locais que serão mais frequentemente procurados, de acordo com os foliões, serão os bares e restaurantes (40,7%), food trucks (37,7%), ambulantes (32,1) e suas próprias casas (31,6%).
PBH apoia blocos e escolas de samba
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) fez investimentos para contribuir com os principais atores do carnaval, especialmente após dois anos sem o evento devido à pandemia de COVID-19. Em outubro de 2022, o Executivo municipal lançou o Edital de Auxílio Financeiro e que teve 95 blocos de rua contemplados, com valor global investido de R$ 1,655 milhão. Ainda no ano passado, em maio, a Belotur, por meio de três editais, disponibilizou R$ 3,7 milhões para a cadeia produtiva do carnaval de BH se manter ativa, e 71 blocos foram contemplados.
Expoentes tradicionais da história carnavalesca, as escolas de samba que vão desfilar na Avenida Afonso Pena nos dias 20 e 21 tiveram um aumento no recurso disponibilizado. O auxílio às escolas do grupo especial e do grupo de apresentação é 15% maior do que na última edição, chegando em 2023 a R$ 230 mil e R$ 69 mil, respectivamente. O investimento total foi de R$ 2,116 milhões. Na edição anterior, a quantia dedicada para o apoio das agremiações foi de R$ 1,720 milhão.
Também foram aumentados os recursos para premiar escolas de samba que disputam títulos no carnaval em todas as categorias. No grupo especial, o primeiro lugar recebe R$ 90 mil, o segundo, R$ 50 mil, e o terceiro, R$ 25 mil. Há ainda um prêmio de R$ 13 mil para as agremiações dos grupos Especial e Acesso que conseguirem a maior nota nos quesitos bateria, samba-enredo, casal de mestre-sala e porta-bandeira e comissão de frente.
Já os pioneiros blocos caricatos, que fazem o carnaval há 83 anos na capital mineira, também tiveram o auxílio aumentado. No grupo A, o valor passou de R$ 50 mil para R$ 59 mil, um crescimento de 18%. No grupo B, a ajuda subiu 20%, de R$ 35 mil para R$ 42 mil. O investimento total para 2023 é de R$ 480 mil.
O vencedor do Grupo A recebe R$ 30 mil em premiação, o segundo colocado leva R$ 20 mil e o terceiro, R$ 10 mil. A prefeitura premia também com R$ 5 mil os blocos que conseguirem a maior nota nos quesitos bateria e samba e/ou marcha-tema. Já o primeiro colocado do Grupo B receberá R$ 5 mil se pelo menos dois blocos desfilarem na categoria e se ele alcançar um mínimo de 85% da pontuação do vencedor A.
A administração municipal ainda está por trás de um grande leque de ações, que passam pela organização do trânsito e segurança ao patrimônio. Ontem, equipes foram às ruas para conscientizar a população quanto à segurança no trânsito.
Governo de MG incentiva festa
O governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), realiza o programa Carnaval da Liberdade, que busca incentivar blocos caricatos, escolas de samba, grupos carnavalescos e festas tradicionais em todo estado. O programa reconhece a importância do evento para o desenvolvimento da economia criativa e a geração de oportunidades e renda, principalmente após dois anos de pandemia. “Minas Gerais se consolida como um destino de carnaval no país e, com essa iniciativa, poderá oferecer uma festa cada vez mais atrativa, alegre e organizada”, afirma o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira.
Com patrocínios da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Ambev, são mais de R$ 6,6 milhões investidos no programa, utilizados em projetos ligados à temática de cultura carnavalesca. Pela Cemig, inicialmente seriam R$ 3 milhões repassados, mas em razão do grande volume e quantidade de projetos inscritos para receber aporte, o valor foi aumentado em R$ 1 milhão e chegou a R$ 4 milhões. Ao todo, foram 20 projetos contemplados, sendo R$ 1,5 milhão para Belo Horizonte e R$ 2,5 milhões para a Grande BH e o interior de Minas. Recurso que possibilita a artistas e profissionais da cultura darem continuidade nas programações de carnaval.
*Estagiário sob supervisão da subeditora Rachel Botelho