Um brinde à vida, um abraço pela longa amizade e as boas-vindas ao Rei Momo, que chega em grande estilo para mais um carnaval. É no alto astral da alegria, e embalado por décadas de história afetiva, que um grupo de “setentões”, alguns com um pouco menos, outros um pouquinho à frente na idade, promove uma tradicional confraternização para lembrar os velhos tempos, contar causos e falar de planos para o futuro.
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Tudo começou há mais de 60 anos, em 1959, em Peçanha, na Região do Rio Doce, a 304 quilômetros da capital, quando a turma de meninos e meninas, entre seis e oito anos, começou a estudar no Grupo Escolar Senador Simão da Cunha – na época, faziam o curso primário. Quatro anos mais tarde, foram cursar o ginasial na Escola Normal Oficial Doutor Antônio da Cunha Pereira.
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“Em 1966, com a conclusão dos estudos no ginásio, cada um seguiu sua vida, uns continuando em Peçanha, outros mudando de cidade e alguns adolescentes, como eu, vindo estudar em BH, onde me formei em engenharia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)”, conta Antônio Augusto, casado com Priscila e pai de Lísia e Márcia.
Conexão
Mesmo com as mudanças de rumo na vida, a turma de Peçanha continuou próxima. “O principal ponto de conexão sempre foi a festa do nosso padroeiro, Santo Antônio, em 13 de junho. Na igreja ou nas barraquinhas da praça, as pessoas se encontravam. Por morar muitos anos em São Paulo, eu não podia comparecer sempre, mas, nos últimos 10 anos, ficou mais fácil para todos, pois a maioria está aposentada. E o legal é que a amizade é a mesma, parece que o tempo não passou”, afirma o engenheiro.
No sábado passado, a turma fez um “esquenta” no Barbazul, com direito a estandarte e brinde com cerveja gelada. Um dos mais animados era o publicitário Antônio Victor de Sousa Júnior, o Vivite, de 71, casado com Eliana Pio. Bem-humorado, ele explica que, como as idades diferem um pouco, o estandarte desta vez será “Setenta e uns”. E aí vai um esclarecimento, espelhado nas pesquisas eleitorais: “Três pontos percentuais para cima, três pontos percentuais para baixo”.
Considerado um líder do grupo, que arrebanha contemporâneos dos tempos escolares, familiares e agregados, Vivite se mostra feliz com os reencontros, e adianta o curioso enredo do bloco no estilo concentra, mas não sai. “Setenta e uns saúda os foliões, pede passagem e um saquinho para eventualidades.” Para entender o duplo sentido, só mesmo aceitando o convite da turma para entrar na folia.
Livro
A turma de 1959 planeja a edição de um livro, fruto de criação coletiva, contando suas histórias. “Estamos reunindo comentários, poemas e reflexões dos colegas. Um deles, o Zezé Simões, escreveu: ‘Eu saí de Peçanha, mas Peçanha não saiu de mim. E me busca sempre’”, revela Antônio Augusto, ressaltando que a terra natal sempre primou pela cultura.