Jornal Estado de Minas

HISTÓRIA

Prédio histórico do Hotel São José é demolido em Montes Claros

O prédio do antigo Hotel São José, um dos edifícios históricos de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, foi jogado no chão, neste domingo (12/2). Ainda não se sabe o que será erguido no imóvel, situado na esquina da Praça Coronel Ribeiro com a Rua Doutor Santos, no Centro comercial da cidade.

 

Na prática, o prédio já vinha sendo demolido há vários dias. Inicialmente, houve a demolição de suas paredes externas. Neste domingo, as paredes das fachadas da construção também foram derrubadas. 





 

A reportagem não conseguiu contato com os herdeiros dos donos do antigo hotel, que estava fechado há mais de uma década. Os representantes do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico também não foram localizados neste domingo.

 

O edifício era uma das últimas construções de antigas hospedarias da cidade que ainda estavam de pé. De acordo com registros históricos, o Hotel São José foi inaugurado em 1937, o ano do golpe do “estado novo”, liderado pelo ex-presidente Getúlio Vargas – dois anos antes do início da Segunda Guerra Mundial.

 

Nas primeiras décadas após sua inauguração, o Hotel São José era marcado por muito glamour na cidade, hospedando pessoas mais "endinheiradas", conforme registro em artigo pelo escritor e historiador Wanderlino Arruda, um dos fundadores do Instituo Histórico e Geográfico de Montes Claros (IHG-MC).





 

Inauguração do Hotel São José em 1937 (foto: redes sociais/divulgação)
 

 

“No Hotel São José, cuja placa dizia o maior e o melhor, ser hóspede já era um grande privilégio, marcava, quer queira quer não, um status de matar de inveja os estudantes de repúblicas, ou aqueles que viviam desprezados nas casas de parentes, muitos em barracões de fundo de quintal (..)”, registra Arruda.

 

“(...)O Hotel São José era um mundo à parte, bom, alegre, importante, chique (...), relata o escritor, que cita os nome dos primeiros donos do antigo hotel: “dona Laura”, “dona Emília” e o “ inesquecível Juca de Chichico”.

 

Wanderlino Arruda recorda também da “chiquesa” dos jantares no restaurante do estabelecimento, que era aberto ao público. “A hora do jantar era quase sempre uma festa, exigindo-se a melhor roupa de cada participante do banquete diário, uma etiqueta fiscalizada de perto pelos garçons”, registra o escritor.