Com milhares de turistas começando a desembarcar em Belo Horizonte para curtir a folia na rua ou aproveitar as festas no interior do estado, motoristas de aplicativo podem faturar com a chegada de 210 mil passageiros no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. Mas a expectativa de mais movimento expõe uma reivindicação antiga da categoria: mais infraestrutura e conforto para os profissionais que trabalham no local.
“Aqui já foi muito pior, precisou fazer inclusive protesto, mas agora está melhorando. Só que ainda poderiam colocar uma cobertura. Nós ficamos o tempo todo expostos no sol e na chuva, sem conforto. Quando tá calor, nem a gente, nem o cliente dá conta de entrar e ficar no carro”, avalia o motorista Wescley Teles.
Desde 2019, o aeroporto oferece aos motoristas de aplicativo um pátio para estacionamento, por uma taxa de R$ 5 a cada três horas de permanência. Hoje, o local conta com banheiros, bancos para descanso, tomadas para recarga de celulares e bebedouros. Ainda assim, falta uma área coberta para proteger os carros, que ficam horas debaixo do sol e da chuva. A BH Airport, concessionária que administra o aeroporto de Confins, não se posicionou sobre a cobrança dos motoristas por uma área coberta. Antes da pandemia, porém, a empresa tinha parceria com a Uber para oferecer acesso gratuito ao estacionamento.
Pouco menos de 300 metros do local para os aplicativos fica a estrutura oferecida aos taxistas. O ponto de táxi tem cobertura para os carros, lanchonete, lava-jato e até sinuca para as horas vagas. A BH Airport afirma, ainda, que o uso da estrutura é aberto também aos motoristas de aplicativo. Muitos, porém, se sentem desconfortáveis em usar o espaço. A concessionária diz que já tem projeto para implantação de uma lanchonete no local.
Parado na Rodovia LMG 800, o motorista Leonardo Magnum, de 42 anos, diz que a taxa cobrada no estacionamento, apesar de pequena, acaba pesando no bolso pelo tempo de espera para conseguir corridas na fila virtual dos aplicativos. “Só rodo aqui em Confins. Não gosto de ficar direto lá no aeroporto, porque cobra, e a gente fica debaixo de sol e de chuva do mesmo jeito. São só três horas, se vencer tem que pagar de novo, sem uma estrutura decente, como é para os taxistas”, afirma.
A briga para conseguir trabalhar na região vai muito além da estrutura no aeroporto. No ano passado, a Prefeitura de Confins restringiu a atuação de motoristas de aplicativos no município. A partir da Lei 874/18, os profissionais passam a necessitar de um credenciamento para operar na cidade. O município também proíbe que ‘pontos’ de permanência sejam criados na cidade, sob a desculpa de que a cidade é de pequeno porte, com pouco mais de 6 mil habitantes, e não teria estrutura para abrigar uma frota tão grande de veículos.
Parado na Rodovia LMG 800, o motorista Leonardo Magnum, de 42 anos, diz que a taxa cobrada no estacionamento, apesar de pequena, acaba pesando no bolso pelo tempo de espera para conseguir corridas na fila virtual dos aplicativos. “Só rodo aqui em Confins. Não gosto de ficar direto lá no aeroporto, porque cobra, e a gente fica debaixo de sol e de chuva do mesmo jeito. São só três horas, se vencer tem que pagar de novo, sem uma estrutura decente, como é para os taxistas”, afirma.
Restrição em Confins
A briga para conseguir trabalhar na região vai muito além da estrutura no aeroporto. No ano passado, a Prefeitura de Confins restringiu a atuação de motoristas de aplicativos no município. A partir da Lei 874/18, os profissionais passam a necessitar de um credenciamento para operar na cidade. O município também proíbe que ‘pontos’ de permanência sejam criados na cidade, sob a desculpa de que a cidade é de pequeno porte, com pouco mais de 6 mil habitantes, e não teria estrutura para abrigar uma frota tão grande de veículos.
A reclamação fez com que a Uber restringisse as chamadas vindas do terminal a uma área de lote vago, debaixo do sol, sem qualquer estrutura para os motoristas parceiros, conforme mostrou a reportagem do Estado de Minas à época. O sindicato vê com preocupação essas medidas adotadas pela prefeitura do município. “Conseguimos reverter essa situação, mas é tudo muito desgastante e um confronto desnecessário”, afirma Simone Almeida, presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativos do Estado de Minas Gerais (Sicovapp).
Expectativa de mais corridas
O maior fluxo de pessoas e turistas em Belo Horizonte gera expectativa de faturamento superior neste carnaval, mas o movimento não ainda não é o esperado para alguns motoristas. “Não está ruim, mas também não é aquilo que estávamos esperando. O movimento está muito devagar. Mesmo sendo pré-carnaval, nessa época já deveria estar bombando”, comenta Wescley Teles, de 43 anos. Há quatro anos trabalhando como motorista de aplicativo, ele compara a demanda de 2023 aos anos pré-pandemia. “Comparado com o último carnaval, que foi em 2020, a vinda de turistas está muito aquém do esperado, do que a gente estava acostumado nas festas anteriores. Fizeram toda uma propaganda, mas não temos visto esse retorno”, disse.
No aeroporto de Confins, com a proximidade da festa de Momo, o sistema de fila virtual de espera por corridas no entorno do terminal está mais rápido, segundo os motoristas. O intervalo de chamadas, que normalmente gira em torno de 5 horas, caiu para duas. Isso fez com que muitos motoristas preferissem parar o carro nos arredores do aeroporto em vez de pagar para estacionar no terminal.
“Eu fico mais do lado de fora, porque a fila tá correndo muito rápido, então não tem por que pagar estacionamento. Como agora está com mais movimento, muito por causa do carnaval, não compensa gastar esse dinheiro para ficar pouco tempo”, comenta Rafael Gustavo de Lima, de 28, que trabalha como motorista de aplicativo há quatro anos. Ele está na expectativa de conseguir uma renda extra rodando no carnaval. “Muitos motoristas não vão trabalhar, vou aproveitar esse recesso para fazer um dinheiro a mais”, disse.
Os quatro dias de folia devem reunir mais de 5 milhões de pessoas nas ruas de BH, com previsão de movimentar mais de R$ 623 milhões, segundo informações da Prefeitura de Belo Horizonte. O motorista Claudemir da Silva, de 34, começou a trabalhar com aplicativos de transporte há seis meses e está ansioso pelo carnaval. “É o primeiro carnaval que vou rodar. Pelo que estão falando, vai ser muito bom, vai dar para fazer uma graninha extra”, disse. Prevendo a chegada de turistas na cidade, ele pretende manter as corridas direcionadas para a região de Confins nos próximos dois dias. “Vamos ver se vai ter muita gente. Quem tiver disposição para trabalhar, acho que vai conseguir lucrar”, comenta.