Jornal Estado de Minas

INVESTIGAÇÃO

Sargento é suspeito de vazar informações em troca de pedra de crack

Um sargento da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) é investigado suspeito de vazar informações sigilosas sobre operações contra o tráfico de drogas em troca de uma pedra de crack. A pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Justiça Militar decidiu pela transferência do homem, que agora está em outro município, a mais de 300 km de Formiga, no Centro-Oeste do estado.





A operação "Tropa de Elite", que investiga o sargento, foi desencadeada nessa quinta-feira (16/2), conforme divulgado nesta sexta (17/2) pelo MPMG. O órgão requereu o desarquivamento do Inquérito Policial Militar que já apurava a conduta do policial em outra ação. Na época, ela adquiriu drogas de traficantes envolvidos na operação “Alma à Venda”.

De acordo com o Ministério Público, além da transferência de cidade, outras medidas foram determinadas pela Justiça. O militar está proibido de ter contato com policiais do 63º Batalhão de Polícia Militar e também de acessar bancos de dados da PMMG. O novo município de atuação não foi informado.

O promotor responsável pelo caso, Ângelo Ansanelli Junior, disse que a Polícia Militar do 63º BPM prestou todo o apoio para a realização das investigações. “Como é notório, a corporação não admite esse tipo de conduta dentro da instituição. O MPMG teve o mesmo apoio dos promotores da Justiça Militar, que se prontificaram a nos auxiliar nas investigações”, ressaltou.





Nos próximos dias, será oferecida a denúncia contra o sargento, e o processo terá a tramitação regular junto ao juízo da 2ª Auditoria Militar.


Informações vazadas


A suspeita é de que o sargento tenha repassado informações a traficantes durante a fase ostensiva da Operação Snowblind, desencadeada em julho do ano passado em Formiga e Arcos.  “Motivo pelo qual os alvos principais empreenderam fuga e não ocorreu significativa apreensão de substâncias entorpecentes.”, informou o promotor.

A partir de então, segundo Ansanelli, o MPMG e as Polícias Civil e Militar iniciaram uma investigação para descobrir como teria ocorrido o vazamento. Durante as apurações, foi constatado que o suspeito era um policial militar.

As investigações apontam que o sargento teria repassado detalhes da operação em troca de uma pedra de crack de 25 gramas, avaliada em R$ 1,3 mil. Ainda segundo o promotor, o policial seria usuário de drogas.





Outros casos


Essa não teria sido a primeira vez que o sargento vazou informações a traficantes. Segundo o MPMG, foi apurado que o mesmo caso ocorreu na Operação Leão de Nemeia em abril de 2021. Na ocasião, ele também recebeu drogas como pagamento.

Já na Operação “Alma à Venda”, o policial militar adquiriu drogas para uso pessoal com os mesmos traficantes para os quais ele vazou as informações da Operação Snowblind.

Ainda segundo o MPMG, no dia 23 de janeiro deste ano, o sargento cometeu crime de abandono de posto, colocando em risco a vida de outros policiais militares.

À reportagem do jornal Estado de Minas, a Polícia Militar informou que as informações serão repassadas apenas pelo MPMG.