O novo arcebispo metropolitano de Montes Claros (Norte de Minas), dom José Carlos de Souza Campos, foi empossado, na noite desse domingo (19/02). A cerimônia, realizada na Catedral, contou com as presenças do secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado, de outros 20 bispos e arcebispos, de cerca de 200 padres, autoridades locais e pessoas da comunidade.
Ao ser empossado, dom José Carlos, de 55 anos, que é natural de Itaúna (Centro-Oeste do estado), destacou que, além de continuar o trabalho de evangelização da Igreja, tem como meta o enfrentamento dos problemas sociais, econômicos e habitacionais da região. Para isso, pretende contar com a união e a parceria das lideranças políticas e de outras instituições.
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Montes Claros em emergência devido a surto de dengue, chikungunya e Zika Corte de árvores gera polêmica em Montes ClarosAnimação e prevenção contra o mosquito da dengue se juntam em Montes ClarosGuerra do tráfico de drogas mata dois homens e fere uma criança“Ouvi falar, nos últimos meses, após minha nomeação, dos desafios humanos, sociais, econômicos, habitacionais e políticos do Norte mineiro. Precisamos juntar forças, vontades, instituições, parceiros, pessoas do bem, para o enfrentamento de todas as dificuldades humanas e sociais desta região”, afirmou o novo arcebispo.
“Sozinho ninguém faz (nada). Juntos, podemos planejar e agir”, completou.
Dom José Carlos é o nono bispo (e o quarto arcebispo) a comandar a Arquidiocese da cidade-polo do Norte de Minas(413,4 mil habitantes), criada em 1910 pelo Papa Pio X, com abrangência de 69 paróquias e 40 municípios.
Nomeado pelo papa Francisco em 14 de dezembro de 2022, ele foi empossado após um período de vacância da Arquidiocese de Montes Claros de mais de um ano, iniciado em 9 de dezembro de 2021. Naquela data, seu antecessor, dom João Justino de Medeiros Silva, foi nomeado arcebispo de Goiânia.
“Este evento tem passado, presente e futuro. Esta igreja em 112 anos de história, Não começamos do zero nem começamos de novo, mas continuamos construindo, fazendo história, sobre os alicerces sólidos de um caminho já percorrido”, disse dom José Carlos.
“Não conheço, hoje, com profundidade necessária, nem a realidade social, nem cultural, nem eclesial do Norte de Minas Gerais. Mas tenho o coração aberto, inteiro, como um enviado missionário, por decisão em servir com alegria”, declarou.
“Este amor que vejo em vocês por essa igreja irá me converter, pouco a pouco, até que eu ame essa terra e essa igreja como vocês amam”, assegurou o líder religioso.
Ele afirmou ainda que vai buscar a aproximação com as comunidades não apenas do ponto de vista virtual, mas presencialmente. “Queremos conhecê-los e amá-los, dia após dia, olhos nos olhos. Quero conhecê-los nos encontros, no caminho, na convivência fraterna. A vida e os encontros de cada dia serão a nossa biografia, a nossa história como igreja montes-clarense”, disse.
Campanha da Fraternidade
A Campanha da Fraternidade deste ano, que será lançada pela CNBB na Quarta-Feira de Cinzas, tem como tema “Fraternidade e fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer”. O assunto foi abordado durante a posse do novo arcebispo de Montes Claros.
“A fome não é um problemas para Deus resolver. É para nós mesmos resolver. O que faremos? A pergunta e a resposta devem ser plural, incomodar crentes e não crentes e gerar soluções efetivas e afetivas”, destacou dom José Carlos de Souza.
O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado, em entrevista ao Estado de Minas, afirmou que a proposta da entidade católica, com a campanha da fraternidade, é a “solidariedade acima de tudo” e buscar soluções para o problema da fome.
“A nossa intenção é que as causas da fome sejam descobertas, que a fome seja enfrentada e não exista (mais) nenhum brasileiro com fome “, salientou o secretário-geral da CNBB.
“Não é possível que um país que tem uma produção agrícola fantástica, que tem condições de (fazer) tanta coisa tenha os seus filhos e filhas em situação absurda de fome”, disse dom Joel Portella, lembrando que estudos indicam que cerca de 37 milhões de pessoas ainda enfrentam a situação de fome no Brasil.