Jornal Estado de Minas

MISSÃO CUMPRIDA

Terremoto na Turquia: bombeiros de MG voltam a BH após buscas por vítimas

Sob aplausos das famílias e companheiros, as botas dos seis bombeiros militares mineiros voltaram a tocar o solo do estado natal, depois de 17 dias da missão de socorro a vítimas do terremoto que matou 50 mil pessoas na Turquia. Eles foram recepcionados e condecorados pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais na manhã deste sábado (25/02).



“Estamos todos orgulhosos por ter feito uma ação muito honrosa, mais um tijolo na história do CBMMG nessa que já é a maior ação de resgate em terremotos de todos os tempos, envolvendo equipes de socorro do mundo todo. A Turquia é uma sociedade devastada, que ainda não está recuperada. Precisava dos nossos esforços. Peço desculpas aos familiares dos militares que tiramos de casa, mas essa era a nossa missão: ajudar quem precisava. Agradecemos a Deus”, disse o comandante da operação, major Heitor Aguiar Mendonça.

O grande terremoto de 7,8 graus na escala richter (o grau mais alto é 10) é o maior que atingiu partes da Turquia e da Síria em 20 anos, em 6 de fevereiro, deixando mais de 50 mil mortos e destruindo cerca de 170 mil edificações. É o quinto mais mortal dos últimos 20 anos.

O avião monomotor Arcanjo 09 trouxe os militares da base aérea de São Paulo e às 9h50 eles desembarcaram no Hangar do Batalhao de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. País com cartazes, esposas com os filhos no colo se emocionaram e vibraram com o retorno em segurança da equipe mineira.



Um dos momentos mais difíceis foi quando duas edificações a 30 quilômetros da capital Ankara desabaram e as buscas resultaram na localização de duas vítimas. Os corpos, contudo, não puderam ser resgatados pelos militares por uma questão cultural. Apenas os familiares poderiam remove-los e proceder com os rituais funerários.

“O terremoto é diferente de tudo que o Brasileiro pode imaginar. Nossas tragédias de enchentes, desabamentos e soterramentos ocorrem em áreas de risco. O terremoto afeta todas as camadas sociais, pobres e ricos, quem mora em casa humildes e quem vive em prédios. Não dá para prever e nem se preparar”, afirma o major Heitor.

De acordo com o militar, foram várias dificuldades e sustos durante os trabalhos de socorro na Turquia e na fronteira com a Síria, país também afetado.

 

 

“Durante os trabalhos nós enfrentamos também um terremoto de 6,4 graus na escala richter. Operando dentro consoladores de segurança foi possível resistir e permanecer com a operação. O maior desafio foi mesmo o frio, com a necessidade de operar a cerca de -9ºC durante a madrugada, o que exigiu preparo e muita técnica”, detalhou o comandante da operação.



Depois de receber o carinho da esposa, o cumprimento dos colegas, o reconhecimento do comando e ainda condecorado com a moeda do CBMMG junto com os cinco militares que atuaram nessa missão, o major pôde, finalmente, carregar a filha de apenas 2 anos no colo. “Foram semanas longe dela que parecem meses. É muito bom participar e poder ajudar, mas agora estou muito feliz de voltar para a minha princesa, estar com a minha família, estar seguro aqui de novo”, desabafou, sorrindo.

Os militares mineiros foram acionados pelo Ministério das Relações Exteriores. Socorristas dos estados de São Paulo e Espírito Santo também compuseram a equipe, coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação.

Pela participação de MG no Haiti e Moçambique os Bombeiros Militares de Minas Gerais foram acionados para integrar as ações de socorro da Agência de Cooperação Internacional Brasileira e o Ministério das Relações Internacionais. A operação brasileira de busca e resgate contou também com militares de São Paulo e Espírito Santo.





 

Alegria e emoção marcaram o reencontro dos oficiais com seus familiares (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press.)

 

“A ideia era atuar nos primeiros dias para conseguir o resgate de vítimas com vida, o que ocorreu com bastante êxito”, afirma o comandante da corporação  Coronel Erlon Dias do Nascimento.

“O envio é complexo. Envolveu desde a questão burocrática até a logística, mas é algo que o Batalhão de Emergência Ambiental (Bemad) já tem uma expertise: equipamentos específicos para a missão já pesados e mensurados”, disse o comandante.

Para o coronel Erlon, a missão foi cumprida com êxito. “Foi uma missão que  envolveu risco de vida aos militares e o retorno deles para seus familiares, depois de 17 dias é um motivo de alegria e de festa”, considera. É um fator histórico com repercussão no aprimoramento da tropa. “Cada evento interno ou externo é um aprendizado. Vamos manter nossa capacitação técnica, ouvir quais foram as dificuldades e disseminar isso em Minas Gerais e em todo país. Em caso de novos acionamentos internos ou externos a gente conseguirá uma resposta eficiente”, disse o comandante do CBMMG.





 

Leia: Bombeiros de MG prestam socorro a vítimas do terremoto na Turquia

 

A participação do CBMMG no resgate de vítimas no exterior incluiu o terremoto no Haiti (2010), terremoto no Equador (2016), resgate de vítimas do terremoto no México (2017), auxílio aos refugiados venezuelanos em Roraima (2018) e vítimas do ciclone em Moçambique (2019).

 

Bombeiros mineiros retornaram após 17 dias fora do Brasil (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press.)

 

O histórico de terremotos que assolou a Turquia nos últimos anos é extenso. Em janeiro de 2020, um terremoto de magnitude 6,7 atingiu a cidade de Elazig, no leste da Turquia, deixando pelo menos 41 mortos e centenas de feridos.

 

Seis bombeiros mineiros participaram da missão humanitária na Turquia (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press.)

 

Em outubro de 2019, um tremor de magnitude 6,8 atingiu a província de Elazig, com 41 mortos e 1.600 feridos. Em janeiro de 2018, um terremoto de 6,4 graus estremeceu a cidade de Sivrice, matando 39 e ferindo 160. Em agosto de 2016, um tremor de magnitude 5,3 atingiu a cidade de Alanya, com 1 morto e 50 feridos. Em outubro de 2011, um terremoto de magnitude 7,2 atingiu a província de Van, no leste da Turquia, deixando pelo menos 604 mortos e mais de 4 mil feridos.