“Estamos todos orgulhosos por ter feito uma ação muito honrosa, mais um tijolo na história do CBMMG nessa que já é a maior ação de resgate em terremotos de todos os tempos, envolvendo equipes de socorro do mundo todo. A Turquia é uma sociedade devastada, que ainda não está recuperada. Precisava dos nossos esforços. Peço desculpas aos familiares dos militares que tiramos de casa, mas essa era a nossa missão: ajudar quem precisava. Agradecemos a Deus”, disse o comandante da operação, major Heitor Aguiar Mendonça.
Leia Mais
Terremoto na Turquia: bombeiros de Minas procuram família em escombrosTerremoto: bombeiros de Minas vão ajudar na busca por vítimas Bloco Lua de Crixtal homenageia Xuxa e colore o Santa TerezaMenores são presos com drogas e armas em MinasHomem morre dentro de ônibus em rodoviária de Juiz de ForaO avião monomotor Arcanjo 09 trouxe os militares da base aérea de São Paulo e às 9h50 eles desembarcaram no Hangar do Batalhao de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. País com cartazes, esposas com os filhos no colo se emocionaram e vibraram com o retorno em segurança da equipe mineira.
Um dos momentos mais difíceis foi quando duas edificações a 30 quilômetros da capital Ankara desabaram e as buscas resultaram na localização de duas vítimas. Os corpos, contudo, não puderam ser resgatados pelos militares por uma questão cultural. Apenas os familiares poderiam remove-los e proceder com os rituais funerários.
“O terremoto é diferente de tudo que o Brasileiro pode imaginar. Nossas tragédias de enchentes, desabamentos e soterramentos ocorrem em áreas de risco. O terremoto afeta todas as camadas sociais, pobres e ricos, quem mora em casa humildes e quem vive em prédios. Não dá para prever e nem se preparar”, afirma o major Heitor.
De acordo com o militar, foram várias dificuldades e sustos durante os trabalhos de socorro na Turquia e na fronteira com a Síria, país também afetado.
“Durante os trabalhos nós enfrentamos também um terremoto de 6,4 graus na escala richter. Operando dentro consoladores de segurança foi possível resistir e permanecer com a operação. O maior desafio foi mesmo o frio, com a necessidade de operar a cerca de -9ºC durante a madrugada, o que exigiu preparo e muita técnica”, detalhou o comandante da operação.
Depois de receber o carinho da esposa, o cumprimento dos colegas, o reconhecimento do comando e ainda condecorado com a moeda do CBMMG junto com os cinco militares que atuaram nessa missão, o major pôde, finalmente, carregar a filha de apenas 2 anos no colo. “Foram semanas longe dela que parecem meses. É muito bom participar e poder ajudar, mas agora estou muito feliz de voltar para a minha princesa, estar com a minha família, estar seguro aqui de novo”, desabafou, sorrindo.
Os militares mineiros foram acionados pelo Ministério das Relações Exteriores. Socorristas dos estados de São Paulo e Espírito Santo também compuseram a equipe, coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação.
Pela participação de MG no Haiti e Moçambique os Bombeiros Militares de Minas Gerais foram acionados para integrar as ações de socorro da Agência de Cooperação Internacional Brasileira e o Ministério das Relações Internacionais. A operação brasileira de busca e resgate contou também com militares de São Paulo e Espírito Santo.
“A ideia era atuar nos primeiros dias para conseguir o resgate de vítimas com vida, o que ocorreu com bastante êxito”, afirma o comandante da corporação Coronel Erlon Dias do Nascimento.
“O envio é complexo. Envolveu desde a questão burocrática até a logística, mas é algo que o Batalhão de Emergência Ambiental (Bemad) já tem uma expertise: equipamentos específicos para a missão já pesados e mensurados”, disse o comandante.
Para o coronel Erlon, a missão foi cumprida com êxito. “Foi uma missão que envolveu risco de vida aos militares e o retorno deles para seus familiares, depois de 17 dias é um motivo de alegria e de festa”, considera. É um fator histórico com repercussão no aprimoramento da tropa. “Cada evento interno ou externo é um aprendizado. Vamos manter nossa capacitação técnica, ouvir quais foram as dificuldades e disseminar isso em Minas Gerais e em todo país. Em caso de novos acionamentos internos ou externos a gente conseguirá uma resposta eficiente”, disse o comandante do CBMMG.
Leia: Bombeiros de MG prestam socorro a vítimas do terremoto na Turquia
A participação do CBMMG no resgate de vítimas no exterior incluiu o terremoto no Haiti (2010), terremoto no Equador (2016), resgate de vítimas do terremoto no México (2017), auxílio aos refugiados venezuelanos em Roraima (2018) e vítimas do ciclone em Moçambique (2019).
O histórico de terremotos que assolou a Turquia nos últimos anos é extenso. Em janeiro de 2020, um terremoto de magnitude 6,7 atingiu a cidade de Elazig, no leste da Turquia, deixando pelo menos 41 mortos e centenas de feridos.
Em outubro de 2019, um tremor de magnitude 6,8 atingiu a província de Elazig, com 41 mortos e 1.600 feridos. Em janeiro de 2018, um terremoto de 6,4 graus estremeceu a cidade de Sivrice, matando 39 e ferindo 160. Em agosto de 2016, um tremor de magnitude 5,3 atingiu a cidade de Alanya, com 1 morto e 50 feridos. Em outubro de 2011, um terremoto de magnitude 7,2 atingiu a província de Van, no leste da Turquia, deixando pelo menos 604 mortos e mais de 4 mil feridos.