Não há registro de data específica para que o trecho mineiro da BR-381, entre João Monlevade e Belo Horizonte, passasse a ser classificado como a "Rodovia da Morte". Atualmente, a mortalidade No trecho é cerca de duas vezes maior que nos demais segmentos da estrada.
O termo macabro ganhou popularidade a partir do crescente volume de acidentes com o aumento da frota na década de 1990 e depois de um dos piores desastres mineiros, em fevereiro de 1996, quando um ônibus caiu da ponte sobre o Rio Engenho Velho, em Nova União, deixando 31 mortos e 16 feridos.
Com uma média de um óbito em desastre de trânsito a cada 3,6 quilômetros, em 2022, a chance de se morrer no trecho entre Belo Horizonte e João Monlevade da BR-381 chegou a ser mais de duas vezes maior do que nos demais segmentos dessa rodovia em Minas Gerais, onde perderam a vida uma pessoa a cada 7,3 quilômetros em média.
Como um todo, a BR-381 é a estrada que mais mata em Minas Gerais, com 154 mortos entre as divisas mineiras com São Paulo (Fernão Dias) e o Espírito Santo, em 2022. A segunda estrada mineira mais violenta de 2022 foi a BR-040, entre as divisas dos estados de Goiás e do Rio de Janeiro, com 128 óbitos em acidentes, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Tragédias que se sucederam às obras de melhorias, em 2015, com alargamentos e correções de curvas, e da duplicação de 305 quilômetros, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, que começou em 2014 e não terminaram até hoje.
O termo macabro ganhou popularidade a partir do crescente volume de acidentes com o aumento da frota na década de 1990 e depois de um dos piores desastres mineiros, em fevereiro de 1996, quando um ônibus caiu da ponte sobre o Rio Engenho Velho, em Nova União, deixando 31 mortos e 16 feridos.
Com uma média de um óbito em desastre de trânsito a cada 3,6 quilômetros, em 2022, a chance de se morrer no trecho entre Belo Horizonte e João Monlevade da BR-381 chegou a ser mais de duas vezes maior do que nos demais segmentos dessa rodovia em Minas Gerais, onde perderam a vida uma pessoa a cada 7,3 quilômetros em média.
Como um todo, a BR-381 é a estrada que mais mata em Minas Gerais, com 154 mortos entre as divisas mineiras com São Paulo (Fernão Dias) e o Espírito Santo, em 2022. A segunda estrada mineira mais violenta de 2022 foi a BR-040, entre as divisas dos estados de Goiás e do Rio de Janeiro, com 128 óbitos em acidentes, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Os 116 quilômetros da Rodovia da Morte BH a João Monlevade representam 12,2% do total de 950 quilômetros totais da estrada dentro de terras mineiras. Contudo, esse segmento sinuoso entre as bacias dos rios das Velhas e Doce, respondeu em 2022 por mais de um quinto das mortes (21%), com 32 dos 154 óbitos. A quantidade de feridos, 426 pessoas, foi o equivalente a 14,6% dos 2.919 totais e a quantidade de acidentes, 347, a 14,1% do somatório de 2.452 (Veja o quadro).
Os problemas da rodovia foram diagnosticados como de concepção - ou de aproveitamento de trilha existente - de acordo com levantamento do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), órgão responsável por gerenciar a rodovia federal. "A BR-381 foi construída para ligar a região central e a região leste do estado, com o intuito de facilitar o deslocamento e fomentar o crescimento industrial e econômico de Minas Gerais. O projeto original seguiu a rota utilizada por 'burros de carga' que realizavam o transporte entre Belo Horizonte e João Monlevade, passando, portanto, por vales e contornando montanhas", indicou o Dnit.
Segundo o órgão, o trajeto atual se aproxima de um caminho que seria feito caso o indivíduo se deslocasse a pé. "Em função disso, o traçado da rodovia é bastante sinuoso, contemplando somente no trecho entre Belo Horizonte e João Monlevade, de aproximadamente 100 quilômetros, mais de duzentas curvas, muitas delas em desacordo com as normas técnicas atualmente empregadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes".
Causas de acidentes
Em levantamento feito pelo departamento de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), algumas causas de acidentes foram identificadas antes que trechos das obras de duplicação fossem entregues. "Entre as diversas causas dos acidentes, a geometria do traçado da rodovia é bastante relevante, tendo em vista a existência de muitas curvas acentuadas e o uso ao qual se destina a via. No referido trecho, a BR-381 caracteriza-se pelo fluxo intenso de veículos, notadamente caminhões, uma vez que funciona como importante sistema de ligação entre diversas fábricas e usinas e centros consumidores, além de portos de exportação de mercadorias".
A vocação do trecho para ligar atividades econômicas e escoamento de produção intensificou o tráfego pesado, segundo o estudo, de 2017. "O trecho conecta a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) à região do Vale do Aço, significativo pólo produtivo do estado e do país, com diversos jazimentos e ocorrências minerais. Destacam-se as empresas ligadas à siderurgia e à exploração de outros minerais importantes (manganês, ouro e pedras preciosas), podendo-se citar a ArcelorMittal Inox Brasil, a Usina Siderúrgica de Minas Gerais (Usiminas), a fábrica de cimento Cauê, além da Celulose Nipo Brasileira (Cenibra), sendo essa última ligada ao cultivo do eucalipto na região, e a Vale."
Para o doutor em engenharia com tese em mobilidade urbana que pertenceu ao departamento de Engenharia de Transportes do Cefet, Antônio Prata, a duplicação da rodovia seria a única forma de reduzir as mortes. "Em questão de segurança, as rodovias duplicadas, com maior separação das vias opostas são muito mais efetivas, com mais espaços para manobras de ultrapassagens e seguras", afirma. Apesar de ainda ser campeão de mortes em Minas Gerais, os segmentos duplicados da BR-381 já surtiram efeitos como a redução de mortes e de acidentes.
"A BR-381, com as duplicações já entregues entre Caeté e João Monlevade, também uma pequena porção de Antônio Dias, está conseguindo reduzir uma viagem de 6h30 até Governador Valadares para 5h30. Ou seja, também está impactando em 1 hora a menos de viagem", observa o especialista.