O resgate de sete lavradores em situação análoga à escravidão, segundo autoridades, não é um caso isolado em Minas Gerais. Há 13 anos o estado é o líder do país nesse tipo de registro, tanto em número de trabalhadores quanto de operações, conforme dados do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). Em 2022 foram 1.070 pessoas resgatadas nessas condições no estado, o que equivale a 41,7% do total observado no Brasil.
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O estado é ainda que mais teve inspeções do MTE em busca de trabalho análogo ao escravo em 2022. Foram 117, o que representa 25,4% das 462 realizadas em todo o país no período. Em segundo lugar no ranking, Goiás registrou um número expressivamente menor de resgates no ano passado (271 trabalhadores). Em terceiro lugar está o Piauí, com 180 resgatados.
Dois fatores explicam a liderança de Minas Gerais, afirma o coordenador do GMóvel (Grupo Especial de Fiscalização Móvel) do MTE, Maurício Krepsky.O primeiro está relacionado ao número de fiscais no estado. Minas tem 156, o terceiro maior contingente do país, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro, que têm, respectivamente, 180 e 172 fiscais. A Bahia, estado quase do mesmo tamanho de Minas, tem 65.
Na outra ponta está a diversidade da economia do estado, que inclui cultivo de café, cana-de-açúcar e carvoarias. "São setores que empregam (ou exploram) muita mão de obra", diz Krepsky. "A percepção que temos é que quanto mais denúncias são fiscalizadas, mais casos podem ser encontrados", avalia o coordenador do GMóvel. Denúncias de trabalho análogo ao escravo podem ser feitas de forma sigilosa ao MTE por esse site.