As medidas adotadas pela família das crianças atingidas por duas rodas de um caminhão, na BR-040, em Nova Lima, na Grande BH, no início da tarde deste sábado (18/3), foram as corretas. Após o carro em que estavam apresentar problema mecânico, o motorista teria parado no acostamento da rodovia, e os passageiros, deixado o interior do veículo. A avaliação é do especialista em transporte Silvestre Andrade, em entrevista ao Estado de Minas.
De acordo com Rodrigo dos Santos, pai de duas das quatro vítimas, os meninos estavam entre o carro e um barranco quando foram atingidos pelas rodas. Um menino de 12 anos faleceu no local. Outras três crianças, de 8, 10 e 12 anos foram encaminhadas para o Hospital João XXIII.
“Paramos no acostamento, todas as crianças estavam do lado de fora do carro, do lado do barranco, não do lado da pista. Eles estavam a uma distância de um metro do carro, e as rodas passaram nessa brecha”, contou Rodrigo.
Em entrevista ao Estado de Minas, o especialista em trânsito Silvestre de Andrade explicou que a conduta adotada pelos adultos, após pararem no acostamento, foi a correta. Ele afirma que em casos de paradas como a que ocorreu, em uma rodovia, a orientação é que as pessoas saiam do veículo e fiquem em um local seguro. No caso da família, como havia um barranco no local, o certo seria ficar o mais longe da pista.
“O mais comum não é esse tipo de acidente. Um caminhão não perde a roda assim. Uma roda sair voando assim e acertar a cabeça de uma criança no meio de uma estrada é uma fatalidade, e a probabilidade de acontecer é mínima. Ele fez o certo, tirou as pessoas de dentro do carro, não ficaram na beira da estrada. Então se tem um barranco, que é muito íngreme, e não tem como se afastar mais, o carro acaba servindo como uma primeira proteção”, diz o especialista.
Silvestre explica ainda que, apesar de a família ter se portado de maneira correta, o acidente, provavelmente, foi causado por uma negligência por parte do motorista do caminhão. Ele explica que as rodas são fixas de maneira que não saiam com facilidade, e, por isso, é provável que tenha acontecido algum trato inadequado em relação ao veículo de carga.
“Uma roda não se solta ao acaso. (...) Ela não foi feita para sair rolando sozinha. Ela foi feita para estar fixa no veículo. Então havia ali certamente um problema de mal ajuste ou uma troca de pneu que não foi parafusado corretamente, e aí foi soltando à medida que o caminhão ia andando. Ou deixou-se de fazer uma verificação. Pode ser que não seja apenas um fator e sim a soma de vários, mas, de toda forma, seja o que for, o motorista do caminhão, deixou que isso acontecesse, e isso é muito grave”, conclui Silvestre.
Fatalidade
O caso ocorreu em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na altura do KM 571, próximo à Coca-Cola. Por volta das 12h30, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) já havia chegado ao local para o atendimento das vítimas.
A família é de Ribeirão das Neves, também na Grande BH. De acordo com o patrão da mãe de duas das crianças, Cleidson Jacinto, os meninos estavam viajando para a cidade de Ubá para comemorar o aniversário do avô deles.
Embora não faça parte da dinâmica do acidente, o carro em que as vítimas viajavam estava superlotado: além das quatro crianças, havia três adultos: o pai dos dois meninos que estão estáveis, seu irmão e a esposa dele, que são os pais das outras duas crianças, uma das quais faleceu e a outra que se encontra em estado grave.
Márcia dos Santos, de 38 anos, é esposa do motorista e não viajaria com eles por conta do trabalho. Ela recebeu a notícia por telefone e foi levada ao hospital por Cleidson, que contou sobre o estado da mulher. “Ela está muito abalada, inconsolável”, sintetizou ele à reportagem.