Minas Gerais tem atualmente 6.280 pacientes na fila de espera por um transplante de órgãos e tecidos. O número é maior que o registrado no fim de 2022, quando havia 5.902 mineiros nessa situação.
Mas a perspectiva é que o número de doadores aumente ao longo do ano, diminuindo, assim, a fila de espera para os transplantes. Segundo o diretor do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado, neste início de ano foram feitas capacitações para crescer a quantidade de doadores.
“Voltamos a fazer o curso de educação de diagnóstico de morte encefálica nas instituições. Depois do curso voltamos a ter um crescimento nas doações”, explicou em entrevista ao jornal Estado de Minas.
Cançado disse que a doação de órgãos e tecidos só pode ser feita após a confirmação de morte encefálica. E atualmente esse é o principal problema em todo o estado.
“Grande parte dos hospitais em Minas não consegue fazer o protocolo de morte encefálica, porque é muito rígido. Se não é feito (o protocolo) completo, não pode dar o diagnóstico. Portanto, perdemos o doador. Por isso que retomamos com os cursos”, ressaltou o diretor do MG Transplantes.
Fila de espera em Minas Gerais
Rim: 3.061
Córnea: 3.049
Fígado: 81
Rim/Pâncreas: 52
Coração: 27
Pâncreas: 10
Total de mineiros na fila de espera: 6.280
Situação no interior preocupa
Segundo Omar Lopes Cançado, pelo fato de Minas Gerais ser muito grande em termos de território, há uma preocupação com os pacientes no interior do estado.
“Tem regiões do estado que não têm condições de realizar transplante. Mas temos uma rede de assistência que possibilita que esses pacientes sejam encaminhados para um polo que realize o transplante. Contudo, é um desafio. Há uma dificuldade do paciente se deslocar de uma região remota até uma que realize o procedimento”, ressaltou Cançado.
Na visão do diretor, também faltam informações sobre a importância do transplante entre pacientes e médicos que atendem no interior do estado.
“O paciente não tem acesso ao transplante por desconhecimento dele próprio e também dos profissionais que não sabem que eles podem ser tratados assim. É algo que pode ser melhorado”, pontuou o diretor do MG Transplantes.
Doadores de órgãos e tecidos em 2023
Rim: 92
Córnea: 72
Medula Óssea: 24
Fígado: 19
Coração: 11
Escleras (branco do olho): 4
Pâncreas: 1
Rim/Pâncreas: 1
Total de doadores: 224
Atualmente, a taxa de recusa de doações, no estado, está em 45%. Um número considerado elevado.
“Há um desconhecimento da importância da doação. Um doador pode salvar dez vidas ou até mais. É importante frisar bem, em vida, o desejo de ser doador. Porque é a família que vai autorizar a doação. Não adianta deixar documento escrito, inclusive em cartório, pois não tem validade legal. É o familiar quem vai autorizar”, explicou o diretor.
Segundo Omar, há alguns tabus que ainda precisam ser quebrados em relação à doação de órgãos e tecidos.
“Tem tabus como: não vou doar porque haverá mutilação do corpo e prejudicará o enterro. A cirurgia para a retirada do órgão é como outra qualquer. O corpo é reconstituído e não fica marca visível no velório. Isso é um tabu que prejudica o paciente, pois quem precisa não pode esperar. Pode morrer rapidamente”, finalizou.