Servidores da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) entraram em greve na manhã desta terça-feira (21/3), após recusarem a proposta de reajuste salarial apresentada pelo município. A categoria ainda realizou um protesto em frente à prefeitura, no Centro, onde pediram um reajuste de 7,86%, retroativo a 1º de janeiro, ou de 11,4% em 1º de julho, ou de 13,93% em dezembro.
O movimento paredista havia sido aprovado em assembleia na quinta-feira (16/3), quando os servidores rejeitaram a proposta do prefeito Fuad Noman (PSD) por unanimidade. Originalmente a PBH queria um reajuste de 2,5% em junho a ser pago em agosto e 3,43% em novembro a ser quitado em dezembro.
Segundo o sindicato, a proposta não cobria os prejuízos associados à inflação, como mostra um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), que assessora os servidores.
No entanto, em reunião nessa segunda-feira (21/3), a prefeitura propôs a antecipação do reajuste integral de 5,93% aos servidores a partir de junho. Devido à nova proposta, a assembleia-geral que estava marcada para quinta-feira foi antecipada pelo Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte (Sindibel) para a manhã desta quarta (22/3).
O coordenador administrativo do Sindibel, Israel Arimar, explica que ainda não é possível dizer qual o posicionamento dos servidores. “A greve já havia sido aprovada para ser deflagrada hoje, mas antecipamos a assembleia para levar essa nova proposta para ser avaliada. Pelas redes sociais, tem gente que acha o suficiente, tem gente que acha que não, mas só a assembleia vai dar definição”, disse.
Serviços afetados
Os principais serviços que podem ser afetados pelo movimento paredista são os prestados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Porém, os serviços não foram completamente interrompidos, principalmente em unidades como as de Pronto Atendimento (UPA), o Hospital Odilon Behrens e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
“O próprio sindicato procura manter o efetivo suficiente para não prejudicar o atendimento, que é de urgência e emergência. Agora no centro de saúde, a gente tem uma variação de 80 a 90% de adesão à paralisação", explicou Israel.
Em nota, a prefeitura ainda informou que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) atua para garantir toda assistência necessária no atendimento da população. Já a Secretaria Municipal de Educação (SME) esclareceu que, em caso de prejuízo para os alunos em relação ao calendário escolar, os dias serão repostos conforme previsto em Lei.
Nessa segunda-feira (20/3), 13 unidades escolares da Secretaria Municipal de Educação (SME), de um total de 323, também haviam paralisado totalmente as aulas. Segundo a PBH, os dias perdidos serão repostos. O balanço da adesão à paralisação ainda será divulgado.
Proposta tem impacto de R$ 207 milhões
Segundo a PBH, a nova proposta da prefeitura tem um impacto de R$ 207 milhões nos cofres públicos, representando um aumento de R$ 83 milhões em relação à proposta original. Segundo o prefeito Fuad, a prefeitura faz o que possível para dar uma condição boa aos empregados.
“Não podemos prometer uma coisa que não vamos cumprir. Então é uma coisa de cada vez. Quem promete o impossível é um grande mentiroso. Então eu não posso chegar aqui e dizer que vou dar 50% de aumento, chegar em junho e eu não pagar. Já vimos isso acontecer em outras esferas de governo”, disse o prefeito Fuad Noman (PSD).
A nova proposta precisa ser aprovada pela categoria para que o projeto de lei seja encaminhado à Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). O sindicato ainda se preocupa com futuras negociações em 2024 e pretende pedir alguma antecipação da prefeitura, já que, por ser ano de eleição, as propostas precisam ser aprovadas até o dia 5 de abril.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Thiago Prata