A filha da mulher que abandonou duas crianças em um apartamento no bairro Lagoinha, na Região Noroeste de Belo Horizonte, foi presa nessa segunda-feira feira (20/3), pela Polícia Civil. A mulher, de 29 anos, está detida de forma preventiva e foi encontrada na UAI da Praça Sete, no Centro da da caiptal, enquanto tentava tirar documentos.
Os meninos foram encontrados por uma vizinha, na terça-feira de Carnaval (21/2). Eles estavam com quadro de desnutrição e desidratação severa.
Na última semana, os irmãos foram encaminhados a uma unidade de acolhimento do Conselho Tutelar da capital, após receber alta do Hospital Odilon Beherens. Eles vão seguir no local até que uma decisão da Vara da Infância e da Juventude determine a guarda permanente.
A mãe das crianças está presa no presídio de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, desde o início de fevereiro, suspeita pela morte de um outro filho, de 4 anos, em São Joaquim de Bicas. A detenção aconteceu após o menino dar entrada em uma Unidade Básica de Saúde com sinais de maus-tratos.
Família mantida em cativeiro
Além de ser suspeita de abandonar as crianças, a proprietária do apartamento, que não é parente deles, também é suspeita de manter a família em cárcere privado, em São Joaquim de Bicas. Ela está foragida da justiça.
Kátia Cristina Alves, mãe dos meninos, relatou aos seus advogados que foi aliciada, mantida em cativeiro há pelo menos um ano e meio. Ela contou que chegou à capital mineira grávida e junto do marido e dos quatro filhos.
Em entrevista ao Estado de Minas, o então advogado dela, Greg de Andrade, informou que, ainda na Rodoviária de BH, a família teria sido abordada por uma mulher que lhes ofereceu trabalho em seu sítio, em São Joaquim de Bicas. Ao chegar no local, os documentos da família teriam sido guardados pela suposta aliciadora.
Depois de um tempo trabalhando no local, Kátia contou que a mulher teria dito que precisava ir até Belo Horizonte para arrumar seus documentos e, assim, continuar recebendo o Auxílio Brasil. Ainda conforme o advogado, mesmo recebendo o benefício, o dinheiro seria recolhido pela dona do sítio em que a família morava.
Ainda segundo o relato de Kátia, depois de dois meses de sua vinda para a capital, ao voltar para o lote em que vivia com a família, ela percebeu que seu marido não estava mais no local. Ela contou aos advogados que perguntou à dona do imóvel e seu filho sobre o paradeiro do homem.
Primeiro foi informada que ele havia fugido com uma mulher, mas depois de duvidar da resposta e pressionar a mulher, foi avisada que o marido havia morrido em decorrência de uma infecção pela Covid-19, e que já havia sido enterrado. Desde então, Kátia afirmou que foi mantida em cativeiro e afastada dos outros três filhos, incluindo o recém-nascido.
Em 2 de março, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros estiveram no sítio em que Kátia e a família moravam em São Joaquim de Bicas. No local eles encontraram um lote com construções atípicas e irregulares. Em alguns cômodos, não havia portas, mas sim entradas pelo telhado.